Dr. Augusto Marcelino Pedreira
Área
Medicina I
Tese
O papel da saliva do Lutzomyia intermedia no desenvolvimento da Leishmaniose cutânea causada pela infecção por Leishmaniose Braziliensis
Orientador
Camila Indiani de Oliveira
Programa
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFBA
Entrevista
Graduado em biomedicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), fez seu mestrado e doutorado no programa de pós-graduação em ciências da saúde na mesma instituição e a parte de bancada no Laboratório de Enfermidades Infecciosas Transmitidas por Vetores (LEITV), da FIOCRUZ, na Bahia. Cursou doutorado-sanduíche no National Institute of Health (NIH), nos Estados Unidos, local onde foram produzidas as proteínas da saliva do Lutzomyia intermedia, um mosquito flebótomo. Daí resultou a tese premiada “Papel da saliva do lutzomyia intermedia no desenvolvimento da leishmaniose cutânea causada pela infecção por leishmania braziliensis”
De onde surgiu o interesse em trabalhar com o tema da sua tese?
O papel do vetor das leishmanioses no desenvolvimento da doença é uma forte linha de pesquisa de LEITV e da minha orientadora Camila de Oliveira. Com isso, durante o mestrado, iniciamos um trabalho de coorte com moradores de áreas endêmicas de leishmaniose cutânea (LC), em colaboração com o serviço de imunologia da UFBA, para avaliar o impacto da exposição ao vetor no desenvolvimento da LC.
Do que se trata a tese?
A leishmaniose cutânea (LC) ainda é um problema de saúde mundial. A estimativa global é que aproximadamente 0,7 a 1,2 milhões de casos de LC ocorrem a cada ano, com um terço dos casos ocorrendo nas Américas. Leishmania braziliensis é a principal espécie causadora de LC no Brasil, e os flebotomíneos Lutzomyia intermedia são alguns dos principais insetos transmissores desse parasita. A transmissão de leishmania ocorre durante a picada do vetor. Durante este processo, os parasitas são inoculados juntamente com a saliva do vetor na pele do hospedeiro vertebrado.
Moradores de áreas endêmicas de LC são constantemente expostos à picada do lutzomyia intermedia. Na primeira parte da tese, mostramos que a exposição à saliva do vetor (lutzomyia intermedia) modula a resposta imune do hospedeiro facilitando a replicação do parasita leishmania braziliensis e aumentando o risco de desenvolver LC. Mostramos que a proteína IL-10, induzida pela saliva prejudicou a eliminação do parasita. Na segunda parte do trabalho, identificamos que a proteína LinB-13, presente na saliva do vetor, atua como marcador de exposição ao vetor e é um marcador de risco para desenvolver LC. Esses achados foram validados em coorte de 5 anos com moradores de Corte de Pedra, área endêmica de LC na Bahia.
Como foi o processo de formulação da tese?
Não houve grandes problemas na formulação da tese e o suporte dado pelo PPgCS e pela orientadora foram essenciais para a realização do trabalho.
Como a pesquisa continua?
Pretendemos produzir um teste rápido utilizando a LinB-13 para identificação e monitoramento de áreas de risco de LC. Além disso, os estudos continuam para melhor caracterizarmos os mecanismos envolvidos nesse risco aumentado de desenvolver LC nos indivíduos expostos.
Qual o impacto social da sua pesquisa?
Não existe vacina contra a leishmaniose e os tratamentos padrão são frequentemente ineficazes e tóxicos, fato que aumenta a necessidade do desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle da doença. Nesse trabalho, nós identificamos que a proteína LinB-13 da saliva do Lutzomyia intermedia atua como um marcador de exposição ao vetor e um marcador de risco para o desenvolvimento da LC. Com isso, nós pretendemos identificar indivíduos que estão com risco aumentado de desenvolvimento da LC. Essas áreas onde moram esses Indivíduos podem ser alvo de estratégias de prevenção. Assim, essa ferramenta epidemiológica será importante para a vigilância da transmissão da Leishmania e pode ter um impacto extremamente positivo no manejo da leishmaniose em regiões endêmicas.
O que representa receber o prêmio CAPES de tese?
Esse prêmio representa o reconhecimento de um trabalho de equipe e revela o papel importante da colaboração para se fazer pesquisa. Iniciativas como esta da CAPES servem como impulso para a continuação da carreira científica. Agradeço ao programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da UFBA, e a professora Camila Indiani de Oliveira pela orientação e a todos os envolvidos.
Vídeo
(Brasília – Lucas Brandão para CCS/CAPES)
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