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Vulnerabilidade do espaço urbano é abordada por especialistas
Parte das atividades do seminário A pós-graduação e o desafio das metrópoles , realizado nos dias 9 e 10, uma das mesas-redondas abordou assuntos relacionados a tecnologias já disponíveis para tratar das vulnerabilidades das cidades e o que mais é preciso para enfrentá-las. Para falar sobre o tema Engenharia Urbana nos Espaços Metropolitanos: Vulnerabilidades, Tecnologias e Gestão , participaram da mesa Arlindo Philippi Jr. e Alex Abiko, da Universidade de São Paulo (USP), e João Lima Sant’Anna, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).
Introduzindo o assunto, Alex definiu a engenharia urbana como aquela que inclui de uma maneira sistêmica todos os serviços da engenharia civil e ambiental, relacionados com os complexos problemas enfrentados nas áreas urbanas. Em seguida, falou da importância de se ter visão sistêmica, diferente da visão integrada. “Desta forma, é possível entender a metrópole como um grande sistema. É preciso que tenha profissionais específicos para cuidar de diferentes setores – água, transporte, tecnologia da informação -, mas que trabalhe em todo o ciclo de vida da atividade urbana: planejamento, projeto, execução ou obra, operação dos serviços, manutenção e gestão.” Para ele, dentro das especialidades, os profissionais terão uma visão mais geral e saberão como um todo qual realidade para a qual estão trabalhando/contribuindo.
Sobre os desafios da engenharia urbana, citou o caso do estado de São Paulo, em que 60% da população do se concentra em apenas três regiões metropolitanas: São Paulo, Baixada Santista e Campinas. “O grande problema é que essas três regiões ocupam apenas 6% do estado, ou seja, apenas 6% do espaço é ocupado por 60% da população”. Diante do exposto, foram levantadas questões como o impacto desta realidade no território e como planejar esta região metropolitana.
Clima e interdisciplinaridade
João Sant’Anna, da Unesp, abordou a vulnerabilidade dos espaços às mudanças climáticas. Apesar de ser uma questão conhecida, ainda não é uma questão resolvida. Segundo João, a maior preocupação agora tem a ver com a questão da adaptação. “Tem-se dado ênfase maior nas mudanças climáticas em escala global. O que falta é uma visão mais segmentada. Com imagens de satélites e dados em escala global não vamos conseguir resolver problemas da escala micro ou local apresentados nas grandes metrópoles. Temos que saber quais os principais fenômenos meteorológicos que agem sobre cada cidade e nos antecipar à ocorrência deles”, diz.
Uma das sugestões apresentadas é a realização de trabalhos interdisciplinares. “Já temos alguma metodologia para estudar os fenômenos, mas precisamos unir as ferramentas e conhecimentos de geógrafos, arquitetos e urbanistas e meteorologistas - integrar as áreas - para avançar no sentido de construir uma climatologia urbana efetivamente necessária e produtiva para o avanço do conhecimento sobre todo o território”, relatou Sant’Anna.
Profissionais
Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz César Ribeiro reforçou a relevância da discussão do tema geral do seminário. “Na 4ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia ficou evidente a necessidade de considerar o tema metropolitano dentro da política de incentivo à ciência, tecnologia e inovação”. Ribeiro também abordou a necessidade da formação de profissionais na questão metropolitana. “Esse tema tem que ganhar a devida importância em função dos desafios que ele representa para o Brasil e seu desenvolvimento, assim como para a melhoria de condições de vida”, completou.
Na mesma mesa, Roberto Monte-Mór, da Universidade Federal de Minas Gerais, apresentou a proposta do plano metropolitano de Belo Horizonte, que aponta “questões que vivemos e discutimos cotidianamente”. Ressaltando as colocações dos participantes da mesa, falou da importância de ouvir a necessidade da demanda, de analisar como ela é colocada para que a universidade possa dar respostas objetivas.
“O tema tem que ser colocado na roda. É preciso que a sociedade o compreenda como questão e esteja propensa a lidar com ela. É necessária uma conexão entre um profissional e a necessidade da sociedade”. Para exemplificar, citou o modelo da saúde, que criou uma carreira de médico sanitarista. “Foi um grande salto. Hoje as questões de vacinação e de saúde pública, por exemplo, estão em um nível de qualidade muito acima de outros setores do Brasil”, relatou.
Veja o que já foi publicado sobre o assunto:
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