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Vigilante diverte a Capes com charges da Avaliação Trienal
Durante todo o mês de outubro, 1.200 consultores vindos de todas as regiões do país se reúnem na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para avaliar os 5.700 cursos de mestrado e doutorado que funcionam hoje no país. Entre as atividades que mobilizam todos os setores da agência, um fato inusitado tem chamado a atenção dos avaliadores: o talento artístico do vigilante Sergio Beserra da Silva, que retrata por meio de charges o cotidiano da Avaliação Trienal.
Trajetória
Sérgio, 46 anos, conta que se interessa pela arte desde muito jovem. "Eu desenho desde criança, quando descobri que tinha um dom pra atividade. Qualquer coisa que pegasse na mão, carvão, giz, lápis, ficava rabiscando nas paredes da minha casa. Assim fui tomando gosto pela coisa e desenvolvendo uma técnica", lembra.
O estilo é a charge, que carrega como marca a síntese bem humorada de acontecimentos cotidianos. "Sempre gosto de fazer alguma coisa dentro do bom humor, abordar o cotidiano, o dia-a-dia, alguma história que acontece com os amigos, ou mesmo a política, com tudo isso pode se aproveitar para fazer uma charge", explica.
O vigilante trabalha na Capes há cinco anos e realiza trabalhos na área de vigilância desde 1997. O talento artístico, por sua vez, vem de uma experiência auto-didata. "Nunca fiz curso algum, mas tenho vontade para aperfeiçoar o meu trabalho", conta. Entre as influências, Sérgio cita nomes conhecidos das charges e quadrinhos brasileiros. "Me inspiro no Maurício de Souza e em chargistas de jornais, como Cassio e Paulo Caruso. Sempre admirei o trabalho deles e fui pegando influências, como em alguns traços".
Como a Avaliação Trienal é uma atividade que movimenta toda a Capes, o processo passou a ser retratado pelo vigilante-chargista. "Eu já havia feito algumas charges na Avaliação de 2010. Nesse ano, fiz uns desenhos e mostrei ao professor Livio Amaral (diretor de Avaliação), que gostou e passou a pedir mais trabalhos durante as semanas da trienal. Até brinquei com ele com relação ao sino que ele utiliza pra chamar os consultores", lembra.
Até o fim da Avaliação os servidores e funcionários da Capes e os consultores deverão se "ver" em outras divertidas charges de Sérgio. "Como o professor Livio chega cedo ele já vai me dando umas dicas e comentando o que está acontecendo e qual pode ser o tema da semana. Hoje mesmo tem uma para sair, mas é surpresa", brinca o vigilante.
Confira o depoimento do diretor Livio Amaral sobre como surgiu a ideia de utilizar as charges criadas por Sérgio durante a Avaliação Trienal:
"A Capes, como sabemos, nos últimos anos expandiu-se enormemente quanto as suas atribuições e objetivos. Nesta expansão, há quatro anos, mudou para o atual prédio reagrupando em um mesmo espaço físico todas as diretorias e setores, que antes estavam parte no anexo do prédio do MEC e parte em outros locais. Também nestes momentos mais recentes tivemos o ingresso de um grande número de novos servidores. Estes dois aspectos, o reagrupamento em mesmo ambiente e as decorrentes interações dos antigos e novos servidores tem propiciado uma realidade específica, na qual todos nós mais e mais nos identificamos como sendo a Capes. E, neste ambiente, temos a cada momento, agradáveis surpresas, como por exemplo, o nosso cartunista Serjão, como o chamam alguns dos seus amigos. Já há algum tempo me mostravam: sabe Prof. Livio ele que 'faz uns desenhos'. Agora quando preparávamos a trienal eu pedi: Sérgio, vai ter muita movimentação, olha o que acontece e me 'faz um desenho'. Ele, até um pouco tímido, me entregou uma primeira charge (eu batendo o sino, como sempre faço nas reuniões). Comentei que tinha gostado muito e que cada um que via a charge dizia que era ótima, e se ele não podia fazer outras. E, assim, ele passou a ir à minha sala para nos presentear com mais e mais charges."
(Pedro Matos)