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COMBATE A EPIDEMIAS
Ventiladores simplificados são aposta para ajudar pacientes com COVID-19
Se posto em fabricação rapidamente, o equipamento poderá custar menos de mil reais. Um ventilador pulmonar no mercado é cotado, no mínimo, por R$50 mil.
Um ventilador mecânico exclusivo para uso em pacientes com COVID-19, de baixo custo e que pode ser produzido em pouco tempo, com recursos disponíveis no mercado nacional. Essa é uma das propostas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que recebeu financiamento do Programa de Combate a Epidemias da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O projeto foi desenvolvido no Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da universidade (Coppe/UFRJ).
Coordenado por Jurandir Nadal, professor titular da universidade e chefe do Laboratório de Engenharia Pulmonar da instituição o projeto, destinado à área de telemedicina, conta com mais de 70 pesquisadores envolvidos em sua execução. Além deles, a parceria industrial com a Petrobras e a Whirpool S/A. foram importantes para o avanço da proposta. “Elas disponibilizaram seus engenheiros para ajudar na escolha dos materiais e fazer contatos com empresas”, contou Nadal.
Os testes foram bem-sucedidos: dois exemplares do equipamento instalados nas UTIs do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) ventilaram adequadamente cinco pessoas em estado grave, três delas com COVID-19. A partir dessa experiência, foi incluído no projeto um módulo de monitoramento a distância tanto do ventilador quanto do paciente. Com essa captação, os sinais seguem para um computador central preparado para fazer a análise da condição clínica apresentada. Assim, se o doente não está sendo ventilado, mas sua oxigenação do sangue diminuiu, isso indica que precisará de um ventilador.
Outro aspecto bastante vantajoso está relacionado ao custo do produto. Um ventilador pulmonar, dependendo de sua sofisticação técnica, acessórios e procedência, custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. Por ser um equipamento mais simples, hoje voltado especificamente ao atendimento dos doentes de COVID-19, estima-se que possa custar menos de mil reais. Gabriel Casulari, bolsista da CAPES no projeto e pós-doutorando em Engenharia Biomédica, explica que “ele não tem uma comparação direta com os outros ventiladores. O que também diminui seu custo é ser produzido com conhecimento nacional”.
O bolsista adianta que a perspectiva, a partir desse projeto, é ter um ventilador mais completo, que possa ser usado por períodos de tempo maiores, para outros tipos de doença. A ideia de um produto mais simples, com preço competitivo e desenvolvimento dentro de uma rede pública, feito a partir de um conhecimento que é financiado de formas diversas, é o que a equipe pretende. “Queremos que atenda a uma população grande de pessoas, para ter um legado além do que a gente já tem agora, sem o objetivo único de ser um produto que gere lucro, mas que satisfaça às necessidades da sociedade”, afirma Casulari.
Sobre os custos para se alcançar essa meta ele não tem dúvidas: “Estamos usando o conhecimento que a universidade já tinha e parcerias voluntárias de empresas para conseguir fazer isso. Assim, todo o custo de desenvolvimento é absorvido pelo investimento contínuo que existe na universidade”.
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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