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Urbanização afeta o meio ambiente nas praias
Cientista ambiental formada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fernanda Ramos Fernandes de Oliveira faz doutorado em Evolução e Diversidade, na Universidade Federal do ABC (Ufabc) e no Laboratório de Ecologia e Gestão Costeira (Legec) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Sua pesquisa estuda a biodiversidade da macrofauna de praias arenosas. Bolsista da CAPES desde o mestrado, Fernanda analisa o impacto da urbanização na biodiversidade dessas regiões litorâneas, dentro do que se denomina, no universo científico, de Ecologia das Praias.
O que despertou em você interesse pelas ciências ambientais?
Eu sempre me interessei pelo meio ambiente, mas o que me atraiu para Ciências Ambientais foi querer entender como se dá a relação entre o ser humano e o meio ambiente, como nossas ações o afetam, tanto negativamente quanto positivamente, e o que podemos fazer para minimizar ou remediar nossos impactos.
As pesquisas indicam uma preocupação com a consciência ecológica?
Sim. Entender como a urbanização afeta a biodiversidade de praias vem dessa consciência ecológica e, com a minha pesquisa, eu busco obter dados que mostrem os impactos negativos de alguns distúrbios causados pela urbanização, justamente para mostrar a importância de se conservar as praias arenosas.
Como você chegou à Ecologia das Praias?
Meu foco na área de Ecologia de Praias se deu no mestrado, quando eu, de fato, comecei um projeto dentro dessa temática. Mas meu interesse vem desde a graduação, período no qual comecei a juntar o que eu aprendia em sala e em campo com o que eu via no dia a dia. Foi aí que eu passei a enxergar que os impactos que temos nas praias podem ter consequências muito negativas para a biodiversidade e que é essencial que busquemos proteger esse ecossistema.
Qual é a sua pesquisa no doutorado?
Minha pesquisa no doutorado é dividida em três projetos que se encaixam em um grande tema: o impacto da urbanização na macrofauna de praias arenosas. O primeiro projeto busca entender se existe uma diferença na biodiversidade de praias com diferentes níveis de urbanização (muito urbanizadas, pouco urbanizadas e não-urbanizadas), avaliando a riqueza de espécies, abundância e diversidade da macrofauna em cada uma dessas praias. O segundo projeto busca entender o impacto do pisoteio na macrofauna e o terceiro tem como objetivo saber se a iluminação artificial de praias afeta a macrofauna.
Como esses fatores afetam o litoral?
A urbanização causa diversos impactos no litoral. Diversos estudos, tanto nacionais quanto internacionais, mostram isso. Muitas vezes, a vegetação de praias é retirada para construção de orlas, muros, quiosques e estruturas de acesso à areia. Maquinários de limpeza de praias compactam o solo junto com os resíduos deixados pela população. Além de afetarem os animais de praias, resíduos são levados para o mar, alcançando os animais marinhos. Ademais, a iluminação artificial pode atingir diversos animais, inclusive tartarugas marinhas. São diversos impactos que podem ser minimizados com bons projetos de gestão costeira e auxílio da própria sociedade. No final, projetos de educação ambiental podem ajudar a população a entender a importância de protegermos as praias.
Você já tem resultados preliminares da sua pesquisa?
Eu já possuo alguns resultados preliminares da primeira parte do meu projeto, mas faltam algumas análises para conseguirmos afirmar com certeza quais são as diferenças na macrofauna das praias diante dos diferentes níveis de urbanização. Meu projeto de mestrado, por exemplo, focado nos impactos de ressacas marítimas em uma população do caranguejo
Ocypode quadrata
em praias, já foi publicado.
Os danos valem para todo planeta? Dá para mensurar o tamanho deste problema?
Os dados coletados em uma região podem ser utilizados como base para realização de novos projetos em outros locais, mas como as praias são ambientes muito dinâmicos e os impactos presentes nelas variam de local para local, não temos como dizer que o que é encontrado aqui pode ser aplicado para outra praia. No entanto, existem muitos estudos que mostram que a urbanização causa impactos negativos na biodiversidade de praias e em algumas espécies específicas. Este problema tem sido estudado em todo o mundo, assim como possíveis soluções e projetos de gestão costeira e educação ambiental, buscando esclarecer a população sobre esses problemas e estimular a elaboração de novas formas de se fazer a gestão das praias da melhor maneira possível.
Qual a importância da CAPES para sua trajetória?
A CAPES tem grande importância na minha trajetória como cientista, pois fui bolsista CAPES no mestrado e sou bolsista CAPES agora no doutorado. Sem essas bolsas eu não teria conseguido seguir na carreira científica. Meu grande sonho é poder continuar fazendo pesquisa.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1:
Pesquisa começa a colher resultados preliminares da primeira parte do projeto
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2:
Fernanda Ramos Fernandes de Oliveira faz doutorado em Evolução e Diversidade, na Universidade Federal do ABC - Ufabc
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 3:
Estudo desenvolvido pela Bolsista da CAPES está inserido no universo da "Ecologia das Praias"
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(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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