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EDUCAÇÃO E SAÚDE
UFMG tem centro para produção de vacinas
A pandemia de COVID-19 reforçou a importância da vacinação em todo o mundo. Referência na distribuição e aplicação em massa, o Brasil ainda carece de tecnologia própria para produzir seus imunizantes. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tenta preencher essa lacuna com o Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas). Criado em 2016, em parceria com o Instituto René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Minas), e o Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), a iniciativa tem a CAPES como uma das principais financiadoras de projetos no local.
Foi o desafio imposto pelo novo coronavírus, aliás, que impulsionou o direcionamento de recursos para o Centro. Até 2020, havia maior concentração de esforços no desenvolvimento de diagnósticos. Não havia no CTVacinas um laboratório de biossegurança nível 3, necessário para a manipulação de agentes patológicos como o causador da COVID-19, um vírus potencialmente mortal. Com a pandemia, foram repassados recursos dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Educação (MEC) e unidades a eles vinculadas, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ligados ao MCTI, e a CAPES.
“Quando aplicamos para o edital do CTVacinas, nossa proposta foi preencher o vazio que havia na parte de desenvolvimento de vacinas, porque muitas vezes não é de interesse das grandes farmacêuticas”, explica Ricardo Gazzinelli, coordenador do local. “Além disso, grande parte dos pesquisadores que foram agregados ao CTVacinas tinha experiência na área de Imunologia e Vacinologia das Doenças Tropicais. Por isso que temos vacinas em estágio avançado para doenças negligenciadas como malária e leishmaniose visceral humana, fruto de estudos de mais de dez anos”, continua. Agora, com recursos, será possível levá-las para ensaios clínicos.
A pandemia evidenciou a necessidade de se reduzir a dependência do sistema de saúde brasileiro das indústrias farmacêuticas multinacionais. Já no início da disseminação do novo coronavírus no País, o CTVacinas buscou fontes de financiamento para a produção de uma vacina contra a COVID-19. O Centro começou a integrar a Rede Vírus, do MCTI. Em poucos meses, desenvolveu diagnósticos e testes para a doença. E, com recursos do próprio MCTI e do Programa de Combate a Epidemias da CAPES , iniciou a produção de um imunizante com tecnologia 100% nacional, o SpiN-TEC MCTI UFMG.
Foi pela ação da CAPES que Júlia Castro conseguiu uma bolsa de doutorado em Imunologia Básica e Aplicada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP) . A cientista pesquisa vacinas desde a graduação, em Biomedicina, pela UFMG, e também no mestrado, em Bioquímica e Imunologia, na instituição mineira. Em todas as etapas recebeu auxílios da Fundação e desde o começo é orientada por Gazzinelli. Com a pandemia, voltou seus esforços para a luta contra a COVID-19. Foi para Ribeirão Preto porque o CTVacinas não tinha a estrutura necessária para a produção do imunizante.
Em um período marcado pelo distanciamento social e alta mortalidade pelo novo coronavírus, Júlia Castro viajava constantemente entre Belo Horizonte e Ribeirão Preto. “Participei desde o início da concepção, do desenho da vacina”, relata a cientista. “Como o CTVacinas não tinha um laboratório de biossegurança nível 3, toda a parte de manipulação do SARS-CoV-2 foi em Ribeirão Preto. Fiquei nessa ponte aérea por um bom tempo”, conta. O imunizante, agora, está em etapa de ensaios clínicos, com testes em grupos de pessoas.
Para ter continuidade no recebimento de recursos, o CTVacinas por aperfeiçoamento. A unidade está sendo reconfigurada e passará a se chamar Centro Nacional de Vacinas (CNVacinas). A construção da sede teve início em dezembro de 2022, com um apoio de R$80 milhões do MCTI e do governo de Minas Gerais. O prédio vai ocupar uma área de 8,7 mil metros quadrados e dois blocos, com laboratório de biossegurança nível 3, ambulatórios, plantas de produção de lotes-piloto de vacinas e estrutura para realização de testes pré-clínicos, entre outras instalações.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1:
Vacina SpiN-Tech MCTI UFMG, anti COVID-19, é um produto do Centro de Tecnologia de Vacinas
(Foto:
CTVacinas
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2:
Luísa Castro é bolsista pelo Programa de Combate a Epidemias e atua na produção de vacina anti-COVID-19
(Foto: CTVacinas
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3:
A cientista participou tanto da fase de formulação quanto de testes do imunizante
(Foto: CTVacinas
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A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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