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PRÊMIO CAPES DE TESE
Tratamento do bagaço da cana aumenta produtividade de bioetanol
A estratégia de tratar o bagaço da cana-de-açúcar com um novo solvente conseguiu aumentar a produtividade do bioetanol, valorizando os resíduos da agroindústria sem aumentar a área de cultivo. A descoberta é resultado da pesquisa do geneticista Kim Kley Valladares Diestra, vencedor do Prêmio CAPES de Tese na área de Biotecnologia. O trabalho se baseou no conceito de biorrefinarias integradas, uma alternativa para produzir biomoléculas de valor agregado tornando o processo economicamente competitivo, sustentável e ambientalmente correto.
O pesquisador aplicou um produto chamado imidazol como um solvente biodegradável no pré-tratamento do bagaço da cana. Os resultados apresentaram grande potencial para esse produto, levando a um aproveitamento máximo do resíduo agrícola e à redução dos impactos ambientais. “Atualmente, continuo trabalhando na otimização do processo e na produção de outras biomoléculas de alto valor industrial”, relata.
Kim explica que a ciência tem estudado diferentes catalizadores para o pré-tratamento da biomassa denominada lignocelulósica, formada por resíduos que contêm lignina e celulose em sua composição química, e que podem ser geradores de bioenergia, como é o caso do bagaço da cana. “Nessa procura, focamos em catalizadores verdes que tenham um impacto nulo ou insignificativo com o meio ambiente”, ressalta. Com o imidazol, segundo ele, foi possível conseguir o aproveitamento completo dos açúcares presentes e utilizá-los na produção de diferentes biomoléculas de interesse industrial.
O trabalho pretende contribuir com a transição energética para uma matriz verde, aplicando processos mais sustentáveis para a produção de diferentes biomoléculas e matérias de alto interesse industrial. “E valorizar os subprodutos agroindustriais no Brasil, para gerar produtos de maior valor agregado”, prevê Diestra, cuja tese foi intitulada Integrated Sugarcane Bagasse Biorefinery for the production of xylanases, xylooligoaccharides and second-generation bioethanol appliying imidazole as new green solvent.
Sobre o autor
Nascido na cidade de Pomabamba, no Peru, Kim concluiu a graduação em 2015, no curso de Genética e Biotecnologia pela Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, capital de seu país natal. Terminou o primeiro mestrado em 2017, em Biotechnologies pour le Développement Durable, na Aix-Marseille Université, na França, e o segundo em 2018, no curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Nessa mesma instituição, titulou-se doutor em 2022. Atualmente, cumpre pós-doutorado, também na UFPR.
Bolsista da CAPES no mestrado e no doutorado, Kim destaca que o benefício contribuiu para que ele se dedicasse de forma integral à pesquisa e à produção de artigos. “As bolsas CAPES cumprem uma função importantíssima no desenvolvimento científico do Brasil”, reforça. Ele dedica o Prêmio a sua família, seus orientadores, professores e colegas de turma que o apoiaram no desenvolvimento da tese. “Este reconhecimento sintetiza o grande esforço desenvolvido durante quatro anos do meu doutorado. Espero que seja um estímulo para os novos doutorados do programa da UFPR”.
Prêmio CAPES de Tese
Considerado o Oscar da ciência brasileira, o Prêmio CAPES de Tese recebeu este ano a inscrição de 1.469 trabalhos, o maior número em 18 edições já realizadas. São reconhecidos os melhores trabalhos de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros. Dentre os 49 premiados, três irão receber o Grande Prêmio CAPES de Tese, um de Humanidades, outro de Ciências da Vida e um de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. A solenidade de entrega ocorre em dezembro.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1: Kim Kley Valladares Diestra, vencedor na área de Biotecnologia, foi bolsista da CAPES no mestrado e doutorado na UFPR. (Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2: O trabalho do pesquisador pretende contribuir na transição energética para uma matriz verde. (Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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