Notícias
Tese busca aproveitamento de gás carbônico para a construção civil
A tese de doutorado do engenheiro Alex Neves Júnior encontrou a solução para a emissão de gás carbônico (CO2) liberado na produção de cimento na indústria da construção civil. O trabalho "Captura de CO2 em materiais cimentícios através da carbonatação acelerada” foi o vencedor do Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade na categoria de Redução de Gases do Efeito Estufa. O prêmio, resultado de uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Vale, já está em sua quarta edição .
O objetivo do trabalho foi estudar e desenvolver a capacidade de capturar o CO2 que seria emitido no processo de fabricação do cimento e reutilizá-lo na produção de materiais à base de cimento, como telhas e pavimentos. De 7% a 15% do gás carbônico que seria emitido pela fábrica de cimento pode ser absorvido pela indústria que produz esses materiais e dessa forma deixar de chegar à atmosfera.
No estudo, Alex filtrou o gás carbônico das cimenteiras antes da sua emissão para a atmosfera e o injetou na fabricação de materiais à base de cimento, substituindo o processo de cura convencional pela cura com CO2.
O trabalho foi apresentado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sob a orientação dos professores Romildo Dias Toledo Filho, Jo Dweck e Eduardo de Moraes Rego Fairbairn.
A iniciativa pode contribuir para a redução das emissões de CO2 da indústria cimenteira, uma das que mais polui o mundo. Ela representa de 5% a 7% do total das emissões globais de gases poluentes.
Em 2013, foram produzidas no Brasil 70 megatoneladas de cimento. Se esse estudo fosse colocado em prática seria possível absorver até 10,5 megatoneladas de gás carbônco antes de ser emitido ao meio ambiente. Isso equivale aproximadamente ao que 10 milhões de carros populares emitem em um ano rodando em média 422 km por mês, de acordo com o site idesam.org.br.
"Queríamos quantificar e verificar a potencialidade que materiais à base de cimento apresentam de capturar CO2 da atmosfera durante as fases iniciais de produção do material. Havia pouca pesquisa sobre o assunto. Nós fomos pioneiros, no Brasil, em iniciar um projeto de estudo nessa área", explica Alex Neves Júnior, atualmente professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Prêmio Vale-Capes
O
Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade
foi criado inicialmente a partir de parceria firmada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada em 2012. A primeira edição teve
cerimônia de entrega
em Belém, em 2013; a
premiação da segunda edição
foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 2014; e a da
terceira edição
aconteceu em Brasília, em 2015. A
quarta edição
aconteceu no último dia 30 de setembro, em Brasília.
O Prêmio tem o objetivo de identificar, divulgar e premiar trabalhos que apresentem ideias inovadoras com potencial para transformação em produto ou processo e também promover o reconhecimento da atividade científica e tecnológica em áreas temáticas que versem sobre o desenvolvimento sustentável e, em especial, sobre tecnologia socioambiental.
Os trabalhos premiados dividem-se nos grupos "Processos eficientes para redução do consumo de água e de energia"; "Aproveitamento, reaproveitamento e reciclagem de resíduos e/ou rejeitos"; "Redução de Gases do efeito estufa (GEE)"; e "Tecnologias socioambientais, com ênfase no combate à pobreza".
Os vencedores do Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade de Tese de Doutorado recebem R$ 15 mil e uma bolsa para realização de estágio pós-doutoral de até três anos em instituição nacional, podendo ser convertida em um ano fora do país em uma instituição de notória excelência na área de conhecimento do premiado. Já os ganhadores de Dissertação de Mestrado recebem R$ 10 mil e uma bolsa para realização de doutorado em instituição nacional de até quatro anos.
Os orientadores também são prestigiados, recebendo auxílio equivalente a uma participação em congresso nacional e internacional, relacionado à área temática da tese. No caso de mestrado, o orientador recebe R$ 3 mil e o de doutorado, US$ 3 mil.
(Com informações da Vale)