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PRÊMIO CAPES DE TESE
Técnica inédita vai melhorar chances de fertilização in vitro
Atualmente, técnicas de fertilização in vitro são caras e os casais levam um tempo considerável até conseguirem uma gravidez de sucesso. “Cada ciclo custa cerca de R$ 30 mil e, em média, um casal infértil precisa de quatro ciclos”, explica Lucia von Mengden, que desenvolveu uma pesquisa para identificar a chance de óvulos, coletados e congelados, se tornarem embriões de alta qualidade. Por esse trabalho, a pesquisadora conquistou o Prêmio CAPES de Tese na área de Ciências Biológicas, em Bioquímica.
A tese premiada, intitulada Modelos preditivos e validação de marcadores da qualidade Oocitária utilizando células do Cumulus Oophorus humano: o case OsteraTest®, teve como orientador o professor Fábio Klamt. O tema começou a ser trabalhado na graduação, onde cursou Ciências Biológicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e se estendeu para o mestrado e doutorado, ambos em Bioquímica e realizados na mesma Universidade.
Por meio de biologia molecular e inteligência artificial, a pesquisadora desenvolveu, com a equipe da Universidade, o OsteraTest, que analisa as células ovarianas chamadas Cumulus Oophorus. De acordo com Lucia, elas formam uma cápsula protetora ao redor dos gametas e “são um material muito rico em informação a respeito do óvulo”. Ela explica que nas técnicas de fertilização in vitro, essas células são descartadas após a coleta dos óvulos, o que faz com que se possa colher o material de forma não invasiva e sem trazer prejuízo aos óvulos.
A utilização do procedimento por clínicas de reprodução assistida pode antecipar o resultado da fertilização e auxiliar médico e paciente na tomada de decisão, “ajudando a melhorar as chances de uma gravidez de sucesso logo no primeiro ciclo”, afirma. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que cerca de 15% dos casais podem ser inférteis. No Brasil, são aproximadamente 8 milhões de indivíduos nessa condição, segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
A cientista esclarece que no Brasil há uma busca por técnicas que melhorarem as taxas de sucesso da fertilização in vitro, “e não existe nada capaz de prever o desenvolvimento dos óvulos como o OsteraTest”, destaca. Ela prevê a possibilidade de “aplicação da tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS)” com vários benefícios coletivos, e espera que o reconhecimento do prêmio traga a possibilidade de investimento e financiamento para novas pesquisas.
Sobre a vencedora
Lucia Von Mengden é natural de Porto Alegre/RS. Na graduação participou de grupos de pesquisa e realizou estágio em laboratórios, “o que me trouxe uma visão mais realista da aplicação das descobertas tecnológicas da pesquisa no dia a dia e no mercado”. No mestrado, realizou uma pesquisa aplicada à realidade das clínicas de reprodução assistida e no doutorado, como bolsista CAPES, aprofundou o estudo.
Para ela, a bolsa reforçou o seu lugar como pesquisadora e cientista, “elas tornam viáveis que estudos como este sejam realizados no País”. Pelo Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE) Lucia fez parte do doutorado em Bruxelas, na Bélgica, onde trabalhou em laboratórios de pesquisa que são referências na área de reprodução assistida, “isso trouxe muita riqueza para a minha formação profissional e pessoal”, conclui.
Prêmio CAPES de Tese
Considerado o Oscar da ciência brasileira, o Prêmio CAPES de Tese recebeu este ano a inscrição de 1.469 trabalhos, o maior número em 18 edições já realizadas. São reconhecidos os melhores trabalhos de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros. Dentre os 49 premiados, três irão receber o Grande Prêmio CAPES de Tese, um de Humanidades, outro de Ciências da Vida e um de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. A solenidade de entrega ocorre em dezembro.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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