Notícias
Tarde do segundo dia de encontro debate a interdisciplinaridade no mundo do trabalho
Dando continuidade ao segundo dia do 3º Encontro Acadêmico Internacional – Interdisciplinaridade nas Universidades Brasileiras – Resultados e Desafios , os participantes do evento receberam nesta quarta-feira, 14, na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), dois painéis com temas "Inserção de Egressos de Cursos Interdisciplinares no Mundo do Trabalho" e "Absorção do Profissional com Formação Interdisciplinar no Mundo do Trabalho".
Conduzindo os trabalhos do primeiro painel da tarde, Luiz Bevilacqua, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enfatizou a presença de representantes atuantes em diversas áreas, oriundos de diferentes localidades, com visões distintas, todos egressos de cursos interdisciplinares. "Assim, as apresentações podem cobrir todo o espectro do nosso tema. Com certeza, as vivências de cada um mostram a eficácia dessa formação." Também afirmou que a discussão da interdisciplinaridade não é uma causa, mas uma consequência. "Não criamos essa discussão. Temos que debater, porque o mundo demandou isso."
Painel 5
A primeira a compartilhar sua experiência foi Cybele de Oliveira, atual diretora presidente do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa e mestre em Gestão e Desenvolvimento Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), que apresentou um programa inovador e dinâmico que permitiu a redução em 70% da evasão escolar e em 80% a taxa de repetência de alunos da região de Caeté-Açu, interior da Bahia.
Gabriela Marques Di Giulio contou sobre sua trajetória interdisciplinar e completou dizendo que temas complexos são impossíveis de serem tratados sem um olhar interdisciplinar. "A forma como desenvolvi os estudos chamam atenção da comunidade e dos gestores. Atualmente participo de oficinas e palestras para interlocutores em várias áreas." Gabriela é graduada em Comunicação Social - Jornalismo, tem especialização em Jornalismo Científico, mestrado em Política Científica e Tecnológica, doutorado em Ambiente e Sociedade e é atua no Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Apresentando o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (Proder) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Suely Salgueiro Chacon reforçou a importância do caráter interdisciplinar do curso. "Temos alunos com formação original de várias áreas, desde administração até saneamento ambiental, passando por engenharias, letras, química, direito, psicologia, entre outros. O Proder está se tornando referencia para as discussões sobre o desenvolvimento da região tanto no âmbito publico como no privado. Dos 75 ingressos, desde 2011, temos 29 mestres formados, todos empregados, a maioria professores."
Dificuldades
Suely também tratou sobre o preconceito dentro das áreas disciplinares. "Assim como os egressos de cursos interdisciplinares aprendem a respeitar mais as demais áreas, também sofrem preconceito quando voltam para o âmbito das áreas disciplinares de origem." A professora e pesquisadora também relatou outras dificuldades da área como a não aceitação dos trabalhos em periódicos em função do caráter interdisciplinar das pesquisas; o problema com inscrições em concursos com exigência de mestrados específicos; e o campo de trabalho limitado pela não compreensão da formação interdisciplinar. "Ainda assim, vejo que a interdisciplinaridade é o caminho. Não dá para ver as coisas apenas por uma ciência. Precisamos de varias visões pra compreender essa sociedade cada vez mais complexa e regiões que estão passando por tantas transformações quanto a nossa", completou.
Para finalizar o painel, Luiz Carlos Mior, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), falou sobre sua experiência e as tensões ainda existentes entre o dialogo da área disciplinar e interdisciplinar. "Os ambientes de trabalho são marcados pela noção disciplinar", disse.
Painel 6
No segundo painel da tarde, os pesquisadores Tatiane Deane Sá, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Roberto Dall'Agnoll, do Instituto Vale, trataram sobre a absorção do profissional com formação interdisciplinar no mundo do trabalho.
Em sua apresentação, Tatiane abordou mecanismos adotados pela Embrapa para estimular e valorizar a formação interdisciplinar. "A dinâmica que estamos vivendo exige mobilização. A realidade nacional é complexa e temos desafios crescentes decorrentes dessas mudanças socioambientais, que exigem iniciativas de pesquisa em arranjos que incluam as ciências agrarias e as ciências sociais."
Além de falar sobre sua vivência como pesquisador, Roberto Dall'Agnoll falou sobre o curso de mestrado profissional em Uso Sustentável de Recursos Naturais em Regiões Tropicais do Instituto Vale.
Ao final do segundo dia de evento, a mediadora do painel, Tânia Fischer, da UFBA, agradeceu a rica contribuição dos palestrantes. "Esperamos com essas discussões uma resposta mais efetiva e comprometida do Estado, comunidade científica e sociedade para tratar e valorizar a formação interdisciplinar continuada de profissionais."
Apresentação
Após os painéis, foi aconteceu a apresentação do Assum Trio, formado pelos músicos Diones Correntino (piano), Johnson Machado (clarinete) e Fabiano Chagas (violão). Inspirados por vários universos, que contemplam a música popular brasileira, a música latinoamericana, o jazz e a música clássica, os músicos propõem releituras e interpretações com conteúdos de improvisação e nuances refinadas. Os três músicos são professores da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás.
O evento segue nesta quinta-feira, 15, em Brasília. Acesse aqui a programação.
(Natália Morato)