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Substâncias naturais podem ser remédios contra COVID-19
Grupo identifica compostos que podem passar por testes para gerar remédios de combate à doença do novo coronavírus. Bolsistas da CAPES participam do estudo, que aguarda publicação.
Cientistas coordenados pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) encontraram substâncias naturais que podem servir para fabricação de medicamentos contra a COVID-19. Obtido por meio de recursos informáticos, o resultado indica pistas para orientar futuros testes em laboratório. O estudo foi realizado por uma equipe multidisciplinar e insterinstitucional, que conta com bolsistas da CAPES e de universidades brasileiras e estrangeiras.
Na pesquisa, uma base de dados com 50 mil substâncias, a maioria originada de vegetais, passou por uma avaliação sistemática chamada screening . A intenção foi detectar quais fórmulas teriam capacidade de ação contra a principal enzima (substância com função específica) do vírus SARS-CoV-2, causador da pandemia. Outra ação do estudo foi comparar o resultado com a ação quatro drogas antivirais que estão em testes contra a COVID-19.
Considerada uma das principais moléculas do novo coronavírus, a enzima 6LU7 realiza a replicação do SARS-CoV-2. O estudo tentou identificar substâncias naturais capazes de interromper a ação da 6LU7 e, assim, impedir que o vírus se multiplique. Testes computacionais sugeriram que 40 substâncias apresentam potencial de atacar a enzima 6LU7 de maneira mais eficaz que os fármacos. Dessas, 12 apresentam os melhores desempenhos, podendo ser levadas para a fase seguinte, os testes em laboratório. O passo posterior para se desenvolver um medicamento será o teste em seres vivos. Portanto, a pesquisa bioinformática representa uma etapa preliminar rumo à criação de um remédio – e não apenas no caso da COVID-19.
Geralmente o computador é o ponto de partida do desenvolvimento de novas drogas, informa o biólogo Bruno Andrade, coordenador do estudo na Uesb. “É hoje uma das formas mais baratas e eficientes de se propor o uso de grandes quantidades de moléculas para triagem (milhares ou milhões), com baixo custo e de forma rápida. O que fazemos no computador seria praticamente impossível de se fazer em bancada com essa quantidade de compostos”, avalia o professor do curso de Medicina.
Segundo o pesquisador, o trabalho com a pandemia terá continuidade. “Vamos ampliar o número de moléculas para 700 milhões de compostos em um supercomputador. Com a parceria que fizemos, pretendemos testar as moléculas em bancada (no laboratório)”, projeta Andrade. A repercussão positiva do trabalho estimulou o professor a criar uma nova linha de pesquisa.
Equipe multidisciplinar
Pesquisadores de diversas especialidades e instituições compõem a equipe que produziu o artigo, incluindo quatro bolsistas da CAPES nos níveis de mestrado, doutorado e pós-doutorado. No grupo, trabalharam especialistas em bioinformática, genética, química e virologia de três países: Brasil, Itália e Índia.
Além da Uesb, participaram da pesquisa a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Fundação Oswaldo Cruz. Também integram a equipe cientistas da Virginia Commonwealth University (EUA) e do Institute of Integrative Omics and Applied Biotechnology (Índia).
CAPES contra a COVID-19
Desde o início da pandemia, a CAPES auxilia no combate à nova doença. Por meio do
Programa de Combate a Epidemias
, a fundação concede 2.600 novas bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, para até 87 projetos. No total,
o investimento será de R$ 200 milhões
. A
chamada
de propostas está aberta.
Confira no
Programa de Combate a Epidemias
os detalhes do três editais:
- CAPES - Epidemias - Edital nº 09/2020
- CAPES – Fármacos e Imunologia - Edital nº 11/2020
- CAPES – Telemedicina e Análise de Dados Médicos - Edital nº 12/2020
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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