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Subprodutos da acerola reduzem gorduras no sangue
Pesquisa realizada por Kamila Sabino Batista, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) investigou os efeitos do consumo de subprodutos da acerola como sementes, cascas e polpa, no tratamento da dislipidemia. A doença crônica causa aumento de lipídios, gorduras, como triglicerídeos, colesterol, LDL e VLDL. Os resultados mostraram que o consumo levou não apenas à redução desses elementos no sangue, mas também à perda de peso.
Quais foram os objetivos da sua pesquisa?
Um dos objetivos foi determinar os compostos bioativos do subproduto de acerola, como fibras dietéticas, carotenoides, vitamina C e compostos fenólicos, bem como seu potencial antioxidante
in vitro
.
Quais foram os achados?
O conteúdo de compostos bioativos do subproduto de acerola é similar ao encontrado na fruta inteira, contendo grande quantidade de compostos fenólicos, vitamina C e fibras dietéticas. A ação combinada desses compostos bioativos reduziu os efeitos negativos ocasionados pela dieta rica em gordura pois aumentou a capacidade antioxidante do organismo. O consumo aumentou as contagens de bactérias benéficas e reduziu a contagem de bactérias potencialmente patogênicas no cólon, induziu maior eliminação de gorduras, carboidratos (ou açúcares) e ácidos biliares nas fezes – o que pode ter contribuído com a redução de lipídios no sangue e fígado –, reduziu a inflamação no cólon e fígado, elevou a produção de ácidos cítrico e acético, que podem equilibrar as vias metabólicas de produção de energia celular.
De que maneira a sua pesquisa poderia ser aplicada?
O subproduto de acerola é uma matéria prima de baixo custo, tendo em vista que geralmente é descartado pelas indústrias de processamento de polpa de frutas. Contudo, quando não utilizado, é tratado como resíduo orgânico, devido ao seu descarte. A indústria de alimentos pode transformar o subproduto de acerola em farinha para consumo direto por humanos; utilizá-lo como ingrediente de outros alimentos, como barras de cereal, biscoitos, pães e bolos, entre outros produtos. Ou ainda, a indústria farmacêutica pode isolar e concentrar seus compostos bioativos em cápsulas para consumo humano visando utilizá-lo como adjuvante de dislipidemias e outras doenças crônicas.
Qual a importância da sua pesquisa para a sociedade?
Geralmente o subproduto de acerola - cascas, sementes e polpa residual - é descartado no meio ambiente, seja pelas indústrias do processamento de frutas ou em nossas casas. Em alguns casos é utilizado para consumo animal. No entanto, devido à sua rica composição nutricional e compostos bioativos, o subproduto de acerola pode ser utilizado para consumo humano de variadas formas, como descrito anteriormente. Assim, o incentivo do consumo humano do subproduto de acerola, seja como ingrediente de alimentos ou encapsulado, contribui com a sustentabilidade ambiental, com a sustentabilidade da produção de alimentos e o crescimento econômico da agroindústria.
O que ela traz de diferente da literatura?
Existem poucas pesquisas sobre a acerola e seus produtos derivados, principalmente comparando a utilização do subproduto de acerola e do fenofibrato para tratamento de doenças crônicas em animais e humanos. Deste modo, esta pesquisa traz resultados que embasarão outros trabalhos que buscam fortalecer o conhecimento sobre as frutas cultivadas no Brasil e suas propriedades funcionais, similar à medicina tradicional chinesa.
Fale sobre o destaque que o trabalho recebeu.
Nós publicamos um
artigo na
British Journal of Nutrition
que trata dos resultados obtidos no mestrado que tem atualmente 27 citações, além de um artigo que está aceito para publicação na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências. Alguns resultados microbiológicos obtidos no doutorado foram divulgados em congresso na forma de resumo “Efeito do consumo de subproduto de acerola sobre microbiota intestinal de ratos dislipidêmicos”. Somos coautoras, junto com outros pesquisadores do PPGCN – UFPB, de um pedido de patente de invenção: “Preparo de farinhas a partir de subprodutos do processamento de frutas tropicais”, depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
Qual a inovação da pesquisa?
A pesquisa apresenta uma alternativa sustentável para uso do subproduto de acerola que é descartado indevidamente no meio ambiente, e incentiva o desenvolvimento de novos trabalhos que abordem o consumo deste subproduto em variados modelos animais de experimentação e em pesquisas com humanos. Mostra ainda resultados promissores quanto à redução de lipídios e glicose sanguíneos, inflamação e de danos oxidativos em lipídios e DNA, quando comparado ao tratamento medicamentoso com fenofibrato, usado comumente em dislipidemias.
Qual a importância da CAPES no seu trabalho?
A CAPES teve papel fundamental na viabilização financeira da pesquisa, pois o projeto de doutorado foi financiado pelos pesquisadores e a bolsa concedida a mim pela CAPES foi utilizada também como recurso financeiro para a compra dos materiais necessário às análises. Ademais, recursos do Programa de Apoio à Pós-Graduação (Proap) da CAPES permitiram o deslocamento de alunos a outras instituições para a realização de análises. Ressalto também a importância do Portal de Periódicos da CAPES que permite aos alunos acesso a variados e importantes trabalhos científicos que baseiam a construção dos projetos e artigos.
Legenda das imagens:
Banner: Imagem ilustrativa (Foto: iStock/GETSARAPORN)
Imagem 1:
Influência do consumo do subproduto de acerola e do medicamento fenofibrato
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2:
Kamila Sabino Batista, mestre em Nutrição - UFPB
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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