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Sistemas fotovoltaicos precisarão ser aprimorados
O colombiano Cristian Zuluaga Aristizabal, engenheiro agrícola pela Universidad Nacional de Colombia , fez mestrado e doutorado em Meteorologia Aplicada, ambos na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. Especialista em estimativa e avaliação dos fluxos de radiação solar a partir de informações de satélite e modelos climáticos, Aristizabal, que trabalha no Instituto Nacional de Meteorologia da Colômbia, descobriu em suas pesquisas que as mudanças progressivas nos índices de temperatura e radiação exigirão que os equipamentos, hoje utilizados, tenham que ser rapidamente transformados e adaptados.
O que o levou a pesquisar o efeito da temperatura e da radiação solar sobre a produção de energia?
Inicialmente eu comecei a pesquisar a radiação solar. Nos meus primeiros passos de pesquisa no mestrado, a minha aproximação com a pesquisa foi uma proposta dada por meu orientador, Flávio Justino, de estudar componentes de radiação solar. Neste momento, tive oportunidade de me aproximar mais da meteorologia, porque eu sou engenheiro agrícola, analisando metodologias e variáveis meteorológicas.
Com a experiência e os conhecimentos que fui acumulando, apareceu o interesse não só de modelar a radiação solar, mas de encontrar uma aplicação prática para a sociedade para os dados encontrados. Na revisão de literatura encontramos um fato preocupante não só para o Brasil, mas para o mundo, que será a necessidade de se expandir a matriz energética. Achamos uma oportunidade, assim, para aplicar nossos avanços na modelagem de radiação solar.
Quais dados você analisou sobre a radiação solar?
Uma vez que eu já tinha dados históricos e tomava conhecimento dos modelos revelados pelo AR6 do IPCC (isto é, o Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), mostrando que a cada fração de grau no aquecimento global, os impactos das mudanças climáticas se tornam mais intensos, eu tive a oportunidade de fazer a projeção destes modelos até o final do século.
E o que você descobriu?
Graças aos dados que nós tínhamos em mãos e à capacidade computacional, encontramos que, de maneira geral, vamos ter uma diminuição de radiação solar para todas as regiões do país de valores próximos entre 3% a 4%. Esse cenário está acontecendo e deve ir se estendendo até o final deste século.
E o que podemos fazer para frear ou anular este processo?
O que a gente recomenda, diante desta projeção climática, é ampliar as pesquisas com materiais com maior resistência às temperaturas que estamos esperando no futuro. Precisaríamos, assim, de certo modo, passar a bola para outro campo de pesquisa, que é a engenharia de materiais. Saber como os materiais utilizados hoje irão se comportar é um grande desafio, pois sabemos que existirá um limite de eficiência dentro do cenário do aquecimento global.
Qual o cenário de aquecimento estimado?
Trabalhamos com vários cenários sobre o aquecimento, mas, basicamente, tenho um mais otimista e um mais extremo. Temos um cenário de 4,5% de aumento da radiação solar, no caso de menor impacto, e 8,5% no caso mais acentuado. Deve-se frisar que é aumento da radiação e representará uma variação de temperatura diferente em cada região do Brasil e do mundo. No cenário mais otimista, imaginamos uma realidade social mais responsável, em que a população toma decisões contra o aquecimento. O outro cenário tem viés mais extremo, onde não há tanta ação.
Diante deste quadro, o que cada um de nós deve fazer?
Desde a parte do clima e meio ambiente, as recomendações são claras. Temos que ter responsabilidade e adotar as boas práticas, benéficas para o meio ambiente. No caso específico do meu trabalho, a recomendação seria pesquisar novos materiais com maior eficiência diante do cenário de aquecimento.
Legenda das imagens:
Imagem 1:
Projeção feita para radiação solar até final do século
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2:
Imagem ilustrativa (Foto: Arquivo pessoal)
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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