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Sensor de papel identifica adulteração no leite
Com uma simples gota num pequeno pedaço de papel, pesquisadores conseguem identificar produtos usados para adulterar o leite. A ideia nasceu e ganhou forma a partir de estudos dos alunos da pós-graduação em Química da Universidade Federal de Goiás (UFG). A equipe, formada por bolsistas da CAPES, desenvolveu um sensor capaz de, ao mesmo tempo, reagir à presença de água oxigenada e ureia e verificar o grau de acidez no leite de vaca.
“ Com apenas 10 microlitros de leite, é possível detectar três adulterantes, de forma simultânea, utilizando um sensor conectado por canais microfluídicos, que reage à alteração de sua cor”, explica Bárbara Guinati, aluna do mestrado e bolsista da CAPES. Ela conta que, para chegar ao resultado, foi necessário observar diversas substâncias e escolher a que melhor se adequava ao papel, um produto mais barato para uso do consumidor.
A facilidade de manuseio, a rapidez dos resultados, que reduz o processo de detecção de trinta para cinco minutos, e o baixo custo do sensor eletroquímico, por ser feito de papel, permite a sua utilização tanto por quem produz os laticínios quanto pelo próprio consumidor do leite. O resultado positivo do estudo levou os pesquisadores a criarem um novo modelo, que aumenta de três para sete o número de substâncias analisadas. Foram acrescentadas detecção do amido, formol, água sanitária e ácido ascórbico.
Para Lucas Rodrigues, aluno do doutorado que atua na pesquisa, o sensor oferece um ganho relevante para a sociedade, principalmente em Goiás, que é responsável por 10% da produção de leite do País. “A pessoa que utiliza este tipo de dispositivo vai conseguir entender o que está fazendo, vai conseguir manusear este tipo de instrumentação e vai ver qual o impacto do controle de qualidade do leite para saúde e a alimentação”.
Laboratório observa a trilionésima parte de um litro
O desenvolvimento do dispositivo que detecta presença de adulterantes do leite é uma das várias pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Microfluídica e Eletroforese do Instituto de Química da UFG. No local, onde atuam dois bolsistas da CAPES, um no mestrado e outro no doutorado, é possível analisar partículas na dimensão de até um picolitro, que é a trilionésima parte de um litro.
Fundado em 2009, o laboratório desenvolve variadas ferramentas de análises portáteis para uso nas áreas de alimentação, meio ambiente, forense e diagnóstico clínico (dengue e COVID-19). “Buscamos sempre inovar com criatividade e simplicidade tentando obter melhores resultados com materiais de baixo custo e explorando mecanismos alternativos para uso da sociedade”, argumenta Wendell Coltro, professor do instituto e coordenador do laboratório.
Kariolanda de Rezende, aluna do doutorado e que foi bolsista CAPES no mestrado, criou um sensor de vidro capaz de detectar adulterações no whisky, de forma rápida, no próprio ponto onde ocorreu a denúncia, em um equipamento portátil, o que reduz o custo da investigação. “Por ser bebida alcoólica, as pessoas podem achar que não seja tão importante, mas temos que pensar nos transtornos à saúde do consumidor e nos comerciantes que estão sendo enganados”, ressalta.
Além das bolsas, a CAPES destinou recursos ao projeto em um edital específico para a área forense em 2014. A equipe também integra a parceria da CAPES com o Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (Cofecub), na Universidade de Paris.
O laboratório funciona em rede com a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e os seus pesquisadores, segundo Coltro, se posicionam entre os 15 autores mais produtivos internacionalmente nesta linha de pesquisa. Os alunos egressos e atuais do projeto de pesquisa fundaram uma startup para colocar o produto no mercado.
Legenda das imagens:
Imagem 1:
Sensor capaz de reagir à presença três adulterantes
(Foto: Divulgação)
Imagem 2:
Bárbara Guinati, aluna do mestrado e bolsista da CAPES
(Foto: Divulgação)
Imagem 3:
Lucas Rodrigues, aluno do doutorado do Instituto de Química da UFG (Foto: Divulgação)
Imagem 4:
Wendell Coltro, coordenador do Laboratório de Microfluídica e Eletroforese do Instituto de Química da UFG (Foto: Divulgação)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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