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Seminário promove encontro entre Capes e instituto inglês para debater formação de professores
Desde 2007, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de fomentar e avaliar a pós-graduação brasileira, é responsável pela formação de professores da educação básica. Nesta quinta e sexta-feira, 24 e 25, a formação de docentes contou com o reforço de diálogo internacional. Estão presentes no edifício-sede da Capes uma comissão do Institute of Education (IOE), da Universidade de Londres, para participar do Seminário sobre Parcerias Internacionais para o Aperfeiçoamento dos Professores da Educação Básica.
O objetivo do seminário é ampliar o diálogo e a parceria internacional da Capes com o IOE. No diálogo entre as partes estão sendo discutidos mecanismos e instrumentos de apoio, assim como novas áreas de cooperação com vistas a contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica presencial e a distância, com ênfase na qualidade da formação inicial e continuada de professores.
Durante o encontro, o presidente da Capes, Jorge Guimarães, destacou o desafio que é a formação de professores no Brasil. “A educação básica foi historicamente abandonada, mesmo em municípios com renda per capita equivalente a cidades inglesas”, afirmou. Para Guimarães, a nova missão da Capes envolve a realização de tarefas simultâneas. “Devemos consertar o avião em pleno voo: expandir a matrícula e formar professores. Demoramos décadas aprimorando a pós-graduação, mas não podemos demorar tanto com a educação básica”, concluiu.
Panorama
A primeira parte do encontro contou com uma exposição sobre o panorama da educação básica no Brasil realizada pela secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar. A professora expôs à comissão da IOE, formada pelos professores David Scott, Jon Pickering e Robert Cowen, ferramentas de avaliação e instrumentos de coleta de informações da educação básica como o Ideb, a Prova Brasil e o Educacenso.
Pilar destacou a visão de educação sistêmica que tem marcado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) . “Sempre tivemos o foco ou no ensino básico ou na educação superior. Agora finalmente estamos trabalhando com uma concepção de educação que vai da creche à pós-graduação. Não teremos uma boa educação infantil, sem uma boa educação superior”, afirmou a secretária.
A secretária explicou aos professores ingleses o compromisso do Ministério da Educação brasileiro em fortalecer a escola pública. “Houve um grande processo de privatização do ensino durante as décadas de 70 e 80 que desqualificou a escola pública. Estamos buscando reverter esse quadro”, concluiu.
Formação
O diretor de Educação Básica Presencial da Capes, João Carlos Teatini, fez uma exposição aos representantes do
Institute of Education
sobre o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, que pretende oferecer 332 mil vagas para licenciaturas até 2011. Com atenção especial para áreas com maiores deficiências de licenciados, como pedagogia e matemática, que terão, respectivamente, 70 e 40 mil vagas.
Teatini destacou para os educadores ingleses a grande deficiência na formação dos docentes que já estão dentro da sala de aula. “São entre 300 e 400 mil professores atuando hoje sem nenhuma graduação no Brasil. Conseguimos montar uma ampla articulação com as instituições públicas de ensino superior para suprir essa enorme demanda”, afirmou.
Diferenças
O professor do
Department of Educational Foundations and Policy Studies
, Robert Cowen, assinalou algumas diferenças e teceu elogios às políticas do Plano Nacional de Formação de Professores do governo brasileiro. “Imagine cem escolas das quais 20 são muito ruins. No modelo brasileiro, essas últimas receberiam incentivo para melhorarem. O modelo inglês tentaria se livrar das escolas ineficientes. É o modelo da competição”, afirmou.
De acordo Cowen, sua sensação é de que as políticas educacionais no Brasil são dirigidas por ações com vistas à realização de justiça social e de uma necessidade de recuperação histórica, que seria bem diferente do Reino Unido. “Nossas reformas educacionais estão muito mais ligadas a questões econômicas e de competição no mercado global. São agendas muito diferentes e representativas em suas diferenças”, explicou.
O seminário continua até amanhã, 25, quando o acordo Capes-IOE será redesenhado a partir dos pontos de interesse identificados durantes os diálogos e apresentações do encontro.
Saiba mais sobre o Institute of Education .
Conheça o Memorando de Entendimento firmado entre o Brasil e o Reino Unido.
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