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AÇÕES AFIRMATIVAS
Roraima tem instituto exclusivo para formação de indígenas
A Universidade Federal de Roraima (UFRR) tem um núcleo específico para atender às demandas educacionais dos povos originários: o Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena. Em 20 anos, a unidade formou mais de 300 pessoas em três cursos: Licenciatura Intercultural Indígena, Gestão Territorial Indígena e Gestão em Saúde Coletiva Indígena. O apoio da CAPES se dá pelos Programas Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência ( Pibid ) e de Residência Pedagógica .
O Insikiran foi criado em 2001 por demanda da população indígena de Roraima. Os povos locais identificaram a necessidade de aliar os conhecimentos tradicionais aos acadêmico-científicos para manter a cultura de seus ancestrais e assegurar sua qualidade de vida, além de preservar a Amazônia. A junção dos conhecimentos na Comunidade Sucuba, em Alto Alegre (RR), foi observada entre os habitantes, pertencentes às etnias macuxí e wapichana. Lá, a conversa com Raquel Cristina Demétrio Magalhães, indígena wapichana, preceptora do Residência Pedagógica e professora de Ciências da Natureza e Matemática, formada pelo curso de Licenciatura Cultural Indígena, foi registrada nas redes sociais da influencer e primeira Miss Indígena Roraima, Mari Wapichana.
“Pela formação no Insikiran, resgatamos um tanto da nossa cultura”, pontuou Raquel. “No meu curso, estudamos muito sobre as ciências, a vida. Não só o conhecimento científico da academia, mas o que estamos acostumados a vivenciar na própria comunidade. As atividades tratavam disso: como a matemática está inserida na horta escolar? A etnomatemática? Tudo voltado à nossa realidade”, explica a professora, que recebeu bolsas de licenciatura do Pibid e do Residência Pedagógica. Durante a graduação, Raquel viveu em Boa Vista, capital do estado. Na volta, trabalhou na escola da comunidade e em colégios dos arredores, com alunos indígenas e não indígenas, que convivem desde cedo.
Os cursos ofertados no Insikiran observam as necessidades dos povos indígenas. A licenciatura forma professores das próprias etnias, a gestão territorial provê uma visão mais especializada sobre demarcação de terras e a gestão da saúde junta o conhecimento relacionados às plantas medicinais aos estudos formais acadêmicos. “Quando vamos para a universidade, buscamos desenvolvimento pessoal e profissional, mas também social para nossas comunidades”, afirmou Valexon Lins Oliveira Ambrósio, da etnia macuxi, bolsista pelo Pibid na Licenciatura Intercultural Indígena. “Os povos indígenas têm que construir a história dentro do conhecimento próprio, não dos outros. O Insikiran e a CAPES proporcionam isso: o primeiro com cursos voltados aos indígenas e a segunda com bolsas que garantem nossa permanência na universidade”, contou.
O que dizem as gestoras
Jovina Mafra dos Santos, coordenadora do Pibid em Licenciatura Intercultural Indígena, diz que o curso traz a “revitalização das línguas, dos costumes e das tradições indígenas locais”. Mariana Cunha, coordenadora do subprojeto Ciências da Natureza e Matemática do curso de Licenciatura Intercultural Indígena vai além: “Sem o Insikiran, perderíamos nossa identidade”.
Para a não indígena Ise de Goreth Silva, diretora pro tempore do Insikiran, o instituto é “antes de tudo, um espaço indígena na universidade”. “Estamos pautados no ensino diferenciado, intercultural e interdisciplinar e transcultural. O conhecimento tradicional é tão importante quanto o conhecimento acadêmico, os dois são complementares”, afirma.
Em um ambiente tão importante como a Amazônia, ter um olhar multifacetado na ciência é potencializar o conhecimento em uma região fundamental para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. O respeito às tradições de quem vive na região e o acesso ao ensino superior para assegurar maior qualidade de vida aos moradores são ações nesse sentido. E a CAPES se faz presente ao formar professores indígenas atuantes nas próprias comunidades.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1:
O instituto se dedica exclusivamente à formação de indígenas
(Foto: Naiara Demarco - CGCOM/CAPES)
Imagem 2:
Raquel Cristina Demétrio Magalhães é indígena da etnia wapichana e formada em Licenciatura Intercultural Indígena com bolsa CAPES; hoje, é bolsista preceptora do Residência Pedagógica
(Foto: Naiara Demarco - CGCOM/CAPES)
Imagem 3:
Criado em 2001 por reivindicação dos povos indígenas de Roraima, o Insikiran fica na UFRR
(
Foto: Naiara Demarco - CGCOM/CAPES)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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