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Reunião apresenta cenário urbano na Índia e promove discussão sobre desenvolvimento de metrópoles
No dia 20 de maio, estiveram reunidos no edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em Brasília, o diretor de Engenharias, Ciências Exatas e Humanas e Sociais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Guilherme Sales Soares de Azevedo Melo; a analista em ciência e tecnologia, Elisa S. Thiago, representando o diretor de Avaliação da Capes, Livio Amaral; e as representantes do Ministério das Cidades, Júnia Santa Rosa, diretora do Departamento de Desenvolvimento Institucional e Cooperação Técnica (DICT), e sua assessora, Júlia Lins Bittencourt.
O encontro foi promovido para a apresentação do diretor do Indian Institute for Human Settlements – IIHS , Aromar Revi, e dois especialistas em questões de planejamento urbano no Brasil que já vêm participando das discussões preliminares a respeito dos projetos do IIHS: Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ) e coordenador do Observatório das Metrópoles, laboratório que realiza pesquisa em rede com outras instituições para estudos comparativos sobre 12 metrópoles brasileiras; e Jeroen Klink, professor-adjunto da Universidade Federal do ABC (UFABC) e coordenador do curso de mestrado em Planejamento e Gestão do Território.
Apresentação
Aromar Revi fez uma análise da situação crítica a respeito do cenário urbano atual da Índia, a ser agravada por um crescimento demográfico de grande proporção nas cidades, calculado pelo acréscimo de 500 milhões de pessoas nas próximas duas décadas. Esta análise foi seguida por uma explanação sobre o plano de iniciativa privada, mas que conta com apoio governamental, de formar até 2031, em alto grau de qualidade e numa perspectiva interdisciplinar, cem mil profissionais para atuar como gestores e empreendedores dedicados ao planejamento, desenvolvimento e gerenciamento das metrópoles, cidades e vilarejos na Índia.
De acordo com este plano, o Indian Institute for Human Settlements, um órgão sem fins-lucrativos, conduz o projeto de implantar a primeira Universidade de Inovação Nacional (National Innovation University) de capital e de gerenciamento privados e totalmente voltada para os desafios apresentados pelo processo de urbanização na Índia. Na primeira etapa do projeto, por volta de cem professores recrutados ao redor do mundo e organizados em seis faculdades promoverão educação interdisciplinar para um corpo discente de aproximadamente 1.100 estudantes de graduação, mestrado e doutorado, residentes no campus principal, numa área de 20 hectares em Bangalore, capital do estado indiano de Karnataka.
Nas etapas subsequentes, as atividades de ensino e pesquisa serão desenvolvidas também em outros campi. Uma primeira edição do curso Master in Urban Practice (Mestrado em Práticas Urbanísticas), oferecido pela IIHS, está programada para ter início em 2012. Este curso atende a demanda por 16 especializações identificadas como fundamentais para o desenvolvimento e a transformação de conglomerados humanos localizados no sul da Ásia.
Parcerias
Para isto, o IIHS foi buscar os melhores talentos e parceiros disponíveis internacionalmente para desenvolver seus programas e sua grade curricular. Fazem parte deste rol universidades líderes no setor como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), University College, London (UCL), University of Cape Town's African Centre for Cities (ACC), assim como parceiros renomados na prática urbanística e de projetos como ARUP e IDEO. Com o intuito de garantir a transferência de conhecimento para a prática urbanística, serviços de consultoria serão trazidos para dentro da universidade. Mesmo que experiências bem sucedidas em planejamento urbano ao redor do mundo sejam aproveitadas, a idéia é que estas experiências sejam sempre discutidas e adaptadas com foco na realidade indiana.
Vem daí o interesse em trazer para o projeto a participação de alunos e professores internacionais, desde que se mostrem comprometidos com a ideia proposta pela universidade e que apresentem os pré-requisitos necessários, entre eles uma orientação teórica para a questão da pobreza e a capacidade de desenvolver trabalho em equipe. Isto porque a metodologia a ser priorizada será baseada em "estudo de caso", ou seja, equipes de alunos serão orientadas a lançar mão de uma gama de recursos teóricos e tecnológicos para resolver, criativamente, casos reais propostos enquanto desafios a serem resolvidos.
Nesta ótica de trabalho, uma agenda de pesquisa que priorize as temáticas urbanas relevantes aos países do hemisfério sul será elaborada conjuntamente em seminários e encontros de trabalho. O intercâmbio entre os países no eixo sul-sul inclui a proposta de uma grade curricular aberta a ser construída de maneira compartilhada, numa visão interdisciplinar e com base num modelo colaborativo de produção intelectual (plataforma "open source"). Trabalho compartilhado com a África do Sul já se encontra em andamento e a vinda de Aromar Revi ao Brasil teve como objetivo sensibilizar setores do governo, como a Capes e o Ministério das Cidades, para a urgência do tema e a necessidade de mobilizar esforços de forma conjunta.
Desafios das metrópoles
A apresentação de Aromar Revi e a discussão que se seguiu vem de encontro à preocupação da Capes e em especial do presidente da fundação, Jorge Almeida Guimarães, com a questão dos problemas urbanos que vem se avolumando no Brasil. Em junho de 2010, esta preocupação foi canalizada na forma do seminário
"A pós-graduação e o desafio das metrópoles"
, que contou com a participação de 120 integrantes da comunidade acadêmica. Na ocasião, as palestras e mesas-redondas versaram sobre os temas referentes à segurança; engenharia urbana (saneamento e problemas ambientais); mobilidade e transportes; gestão metropolitana; e ordenamento do território (habitação e urbanismo).