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Representantes de cursos de PG debatem segurança nas grandes cidades
Em 2010, mais de 50% da população brasileira vive em regiões metropolitanas. Esses e outros dados foram apresentados ontem, 9, durante o seminário A pós-graduação e o desafio das metrópoles . O professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Benamy Turkienicz, com base em estudo que será publicado junto a outros pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), demonstrou o crescimento populacional em regiões metropolitanas nas últimas décadas. Em 1960, 21,4% da população brasileira vivia em regiões metropolitanas; já em 1980, o número subiu para 28,9%. Em 2010, estima-se que 50% da população vive nessas cidades, o que representa mais de 80 milhões de brasileiros.
Com o crescimento acentuado das grandes cidades, um dos problemas a serem enfrentados é a segurança. Para Alex Niche Teixeira, do Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania da UFRGS, a maior dificuldade é fazer com que todo o conhecimento produzido nas universidades se transforme em estratégias de prevenção.
José Luiz de Amorim Ratton Júnior, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre outras colocações, disse que é necessário construir e institucionalizar no país um campo de políticas públicas de segurança. Para ele, há uma errada visão brasileira de segurança, pois ela é vista, em grande parte, somente como o trabalho policial. No entanto, Ratton Jr. defende uma reforma das organizações policiais, pois o modelo atual ainda é o mesmo da década de 70.
O professor da UFPE disse que entre os desafios da pós-graduação está a necessidade de articular a diversidade da produção acadêmica “ainda fragmentada” e suas diversas nomeações em um único campo técnico, metodológico. Ratton Jr. defende ainda a formação de massa crítica acadêmica, mas também de gestores não policiais de políticas públicas de segurança e de operadores do sistema de justiça. No que diz respeito à pós-graduação stricto sensu, ele sugere investimento na formação acadêmica e profissional.
O professor titular da Universidade de São Paulo (USP), Arlindo Philippi Junior, também sugeriu a indução de cursos de mestrado profissional voltados ao atendimento das demandas de formação de pessoal dessas cidades como uma das ações estratégicas tanto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para encerrar a mesa de debates, Alba Maria Zaluar, titular de Antropologia do Instituto de Medicina Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que a vinculação da questão da segurança com a urbanização tem sido a preocupação européia no momento. “Os europeus estão dando importância para questões de organização urbanística, como a localização de ponto de ônibus e o traçado das ruas. Para isso, o cidadão precisa ser ouvido.” Zaluar também ressaltou a necessidade de incentivar o associativismo e a sociabilidade com o objetivo de criar ambientes de espaço público, que minimizam situações de intolerância, o que gera grande parte da violência nas cidades.
Veja o que já foi publicado sobre o seminário:
Capes, CNPq e cursos pós-graduação se articulam em busca de soluções aos desafios das metrópoles