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PRÊMIO CAPES DE TESE
Relação entre protozoários pode criar parasitas mais resistentes
Um dos trabalhos selecionados no Prêmio CAPES de Tese 2020 mostra que a recombinação entre protozoários – seres vivos compostos por uma única célula com um núcleo – pode gerar parasitas com maior resistência a remédios. Paulo Gonzalez Hofstatter, doutor em Zoologia pela Universidade de São Paulo (USP) é o autor da tese premiada na área de Biodiversidade e um dos 49 vencedores do concurso promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
A pesquisa analisou dados moleculares de amebas e outros protozoários para avaliar a possibilidade de atividade sexual em organismos tidos, no geral, como assexuados. “Os resultados preliminares indicam que seres unicelulares com núcleo já realizavam recombinações e tinham capacidade de realizar processos sexuais”, contextualiza Paulo. Estes microrganismos unicelulares, em sua grande maioria, apresentam vida livre. Algumas espécies, porém, associam-se a outros organismos, como ocorre com os parasitas.
Segundo dados do estudo a possibilidade de recombinação pode gerar formas mais agressivas de parasitas. Hofstatter aponta que isso também é um alerta para que a pesquisa de novos medicamentos não pare. “Entender como essa resistência funciona a nível celular pode dar pistas para remédios mais eficazes”, adianta.
“Com esses resultados temos uma visão diferente sobre como os microrganismos evoluíram no planeta. Talvez seja necessária uma mudança na literatura da área. Isto pode impactar até mesmo o ensino de biologia”, alerta. O pesquisador diz que ainda existem muitos processos básicos biológicos desconhecidos, e que um melhor entendimento desses movimentos genéticos pode abrir caminhos importantes para aplicações de ordem prática em saúde pública e animal.
Segundo Paulo, o Prêmio Capes de Tese foi fundamental para impulsionar o seu projeto de doutorado, além de ser um importante incentivador para a pesquisa e para a comunidade cientifica brasileira.
“Tenho expectativas de aprofundar essas pesquisas e levá-las para o campo do sequenciamento de genomas. Os genomas são fontes de dados de qualidade muito superior, mas também necessitam de um investimento muito maior”, comenta.
Prêmio CAPES de Tese 2020
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) divulgou no dia 1º de outubro o resultado do
Prêmio CAPES de Tese 2020
, oferecido às melhores teses de doutorado defendidas em 2019. No total, 49 trabalhos foram premiados e outros 94 receberam menções honrosas.
Criado em 2005, o Prêmio CAPES de Tese é fruto da parceria entre a CAPES, a Fundação Carlos Chagas, a Comissão Fulbright, o Instituto Serrapilheira e, mais recentemente, a Dimensions Sciences (DS), uma organização não governamental norte-americana que irá condecorar doutoras no Prêmio CAPES de Tese. Esta é a primeira vez que a Coordenação apoia uma premiação voltada especificamente às mulheres.
Os critérios de seleção consideram a originalidade do trabalho, sua relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação. Dentre os agraciados sairão os vencedores do Grande Prêmio, oferecido ao destaque de cada uma das três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida, Humanidades e Exatas. A cerimônia de premiação acontecerá em dezembro.
Legenda das imagens:
Imagem 1:
Ameba Cyclopyxis lobostoma, com carapaça (tecameba), sequenciada na pesquisa
(Foto: Alfredo L. Porfírio Sousa/LEP)
Imagem 2:
Paulo Gonzalez Hofstatter, doutor em Zoologia pela Universidade de São Paulo - USP é o autor da tese premiada na área de Biodiversidade
(Foto: Arquivo pessoal)
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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