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Projeto restaura natureza em área de bauxita
Engenheiro Florestal formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Wesley da Silva Fonseca tem mestrado em Ciência Florestal pela mesma instituição. Seu trabalho sobre restauração florestal em Miraí, na Zona da Mata Mineira, comprovou o sucesso da recuperação da área.
Por que você decidiu estudar restauração florestal?
Minha pesquisa faz parte de um grande projeto do Laboratório de Restauração Florestal (Larf), em parceria com a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), cujo objetivo é desenvolver pesquisas e orientações técnicas sobre restauração de florestas nativas, tanto em áreas mineradas como em áreas de compensação ambiental, em prol da sustentabilidade na mineração de bauxita. Resolvemos estudar esta questão pois a restauração florestal é um mecanismo importante para a sustentabilidade ambiental.
Qual a área estudada e por que ela foi escolhida?
O estudo foi realizado em uma área de dois hectares que, até o final do ano de 2016, era destinada ao setor administrativo da Companhia Brasileira de Alumínio. Com a mudança deste setor na empresa, todas as construções foram removidas deixando o subsolo exposto, compactado e de baixa fertilidade. Esta área de estudo foi incluída no programa de compensação ambiental da empresa.
Portanto, no início do projeto do Larf tratava-se de uma área em que a restauração partiu do zero, sem nenhum tipo de cobertura vegetal, com ausência de solo fértil, ou seja, o local era um laboratório natural para aplicação e avaliação de técnicas de restauração.
Quais os métodos e estratégias foram usados na sua pesquisa?
Como a área apresentava subsolo exposto e baixa fertilidade, a primeira estratégia foi a escarificação do subsolo compactado, através da subsolagem, seguida da semeadura de adubos verdes. Nesse sentido, na minha dissertação foram avaliadas a cobertura do solo e a produção de material vegetal após 18 meses da semeadura, e foram realizadas análises químicas do solo em diferentes épocas. Em complemento, foram plantadas mudas de espécies arbóreas nativas. Após quatro anos da implantação do projeto de restauração, foi feito o inventário de todos os indivíduos arbóreos com circunferência à altura do peito e então foram calculados os parâmetros fitossociológicos e índices de diversidade. No projeto do Larf também foram usadas técnicas alternativas de restauração. Foram testados quatro tratamentos: transposição do banco de sementes e serapilheira, semeadura direta de espécies arbóreas nativas, poleiros artificiais e, por fim, regeneração natural. Além disso, foi feito o monitoramento da fauna por meio de três armadilhas fotográficas.
De que modo sua pesquisa comprova a restauração daquela área?
As técnicas de restauração ecológica, as ações de preparo e conservação de solo e a preservação de fragmentos florestais realizadas foram eficientes e estão colaborando para o aumento da cobertura florestal na área e estão cumprindo o papel na conservação e recuperação da biodiversidade regional. A adubação verde é uma alternativa promissora para a recuperação do solo de áreas no ambiente de mineração de bauxita, pois os adubos verdes promoveram rápida cobertura do solo, auxiliaram no controle de gramíneas exóticas invasoras, promoveram aumento dos teores de nutrientes e matéria orgânica do solo. A vegetação da área apresentou boa diversidade no contexto de área em início de sucessão. Foram registrados 929 indivíduos, pertencentes a 33 espécies e 14 famílias botânicas. A presença da fauna de diferentes classes, hábitos alimentares, sociabilidade e padrão de atividade neste estudo indica que à medida que o processo sucessional avance espera-se que aumente a complexidade das interações ecológicas. Cabe destacar que, para uma área onde há quatro anos não havia uma planta sequer e o subsolo encontrava-se exposto e compactado, os resultados obtidos com a pesquisa sobre recuperação da flora, da fauna e do solo evidenciam o sucesso das técnicas de restauração florestal adotadas.
Como o seu trabalho pode contribuir para o Brasil?
O sucesso das técnicas de restauração na área, em apenas quatro anos, demostra que o planejamento, implantação e condução foram bem executados e, principalmente, que foram escolhidas metodologias de restauração mais adequadas para aquele cenário. A utilização de técnicas alternativas como adubação verde e nucleação são ferramentas potenciais para a restauração de áreas degradadas, com foco no aumento da biodiversidade. Além disso, este estudo mostrou que não podemos esquecer de trabalhar o solo através de técnicas de preparo como a subsolagem, uma vez que o solo é a base para o retorno da vegetação e, consequentemente, da fauna. Podemos concluir com essa pesquisa que, para áreas com situação semelhante, sejam mineradas ou de compensação, a aplicação destas técnicas deverá também propiciar resultados muito satisfatórios.
Qual papel da CAPES na sua trajetória acadêmica?
O apoio da CAPES, através da bolsa de mestrado, foi de suma importância ao longo de minha trajetória acadêmica. Esse incentivo permitiu que eu me dedicasse em tempo integral à pesquisa científica e me possibilitou desenvolver esse projeto de grande importância ambiental e socioeconômica para a região e para o País. Sou muito grato à CAPES por toda contribuição em minha formação profissional como mestre e pesquisador em restauração ecológica.
Legenda das imagens:
Banner: Wesley Fonseca, Bolsista da CAPES (Foto: Arquivo Pessoal)
Imagem 1:Wesley da Silva Fonseca desenvolveu projeto de mestrado em Ciência Florestal na UFV (Foto: Arquivo Pessoal)
Imagem 2: Situação inicial da área, em Miraí (MG), em 2017 (Foto: Arquivo Pessoal)
Imagem 3: Área após implantação do projeto de restauração florestal, em 2021 (Foto: Arquivo Pessoal)
Imagem 4: Wesley Fonseca realizou pesquisa pelo projeto do LARF/UFV com apoio da Companhia Brasileira de Alumínio (Foto: Arquivo Pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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