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Programa da Capes traz prêmios Nobel ao Brasil
Uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) vem conseguindo bons resultados na busca de colocar o Brasil no mapa mundial da produção científica de alta qualificação. Idealizada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, a Escola de Altos Estudos (EAE) foi criada para promover a vinda de professores e pesquisadores estrangeiros de elevado conceito internacional, para realização de cursos monográficos. O objetivo é fortalecer, ampliar e qualificar os programas de pós-graduação stricto sensu - mestrado, doutorado e pós-doutorado - das instituições brasileiras.
As experiências mais recentes vêm dando demonstrações da evolução e do grande potencial do programa. Um exemplo é o curso "A Ciência e a Tecnologia de Semicondutores: Passado, Presente e Perspectivas Futuras", realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, que reuniu nada menos que cinco vencedores do Prêmio Nobel, além de outros pesquisadores internacionalmente premiados.
De acordo com a coordenadora do curso, professora Belita Koiller, o curso foi uma ótima oportunidade para que estudantes brasileiros assistissem a palestras às quais dificilmente teriam acesso. Ela destacou também a oportunidade de uma maior interação entre estudantes e professores, aproximando todos e proporcionando uma experiência inédita.
Koiller revelou que, apesar da dificuldade de divulgação, o curso teve uma grande procura. Ao todo, foram inscritos 98 alunos de doutorado e 78 de mestrado. "Tivemos participantes de todas as regiões do Brasil. Para isso, o sistema de transmissão por videoconferência foi fundamental", disse a professora, informando que 66 participantes utilizaram esse formato. "A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, montou uma estrutura própria para seus alunos participarem", comentou.
Na avaliação de Belita Koiller, cada estudante pôde ter um grande aproveitamento no curso, devido ao nível dos palestrantes e a amplitude dos temas abordados. "As palestras foram da introdução ao conceito até as fronteiras do conhecimento atual", disse. Todos os participantes receberão as palestras gravadas em DVD.
A coordenadora defendeu a participação de alunos de programas de pós-doutorado, que não está prevista no edital da Capes para os projetos da Escola. Belita Koiller destaca, ainda, a necessidade de ampliar a divulgação dos próximos cursos da Escola.Outro caso de sucesso da EAE foi o curso "Tópicos Avançados em Neurologia", promovido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP). Sob a responsabilidade do professor João Pereira Leite, membro titular do Conselho Técnico-Científico do Ensino Superior e coordenador da Área de Medicina II da Capes, o curso contou com 13 pesquisadores estrangeiros de alto padrão.
O resultado foi tão positivo que levou à criação de uma nova disciplina de pós-graduação, "Neurociência Contemporânea, Epilepsias e as Artes", que contou com quase 30 alunos inscritos. O curso também rendeu a vários alunos oportunidade de elaborar trabalhos colaborativos e convites para conduzir pesquisas no exterior, junto aos professores convidados.
Para o professor Wilson Marques Jr, responsável pela disciplina Tópicos Avançados em Neuropatias Hereditárias, o curso proporcionou avanço no conhecimento científico e oportunizou a troca de idéias e projetos colaborativos com pesquisadores de alto nível. O professor definiu a EAE como "uma oportunidade única, ao permitir um contato prolongado de um grande número de alunos com especialistas e pesquisadores de elevada capacitação. Abre as portas do exterior aos pesquisadores brasileiros"
Professor da disciplina "Tópicos Avançados em Epileptologia e Neuroimagem Funcional", Csaba Juhasz, da Wayne State University School of Medicine, afirmou, em carta enviada à coordenação do curso, estar impressionado com o profundo conhecimento demonstrado durante as discussões. "Estou convicto de que os cursos podem verdadeiramente estimular novas pesquisas e aperfeiçoar a prática clínica no seu país", destacou.
A ESCOLA
A Escola de Altos Estudos é desenvolvida com recursos da Capes, que repassa até R$ 150 mil para cada curso aprovado. O valor é utilizado em passagens aéreas, hospedagem e apoio operacional. Todos os cursos são documentados e passam a integrar o acervo da Capes. Desde a criação da Escola, 54 propostas foram aprovadas. Destas, 43 foram implementadas. Já foram investidos no programa mais de R$ 3,5 milhões.
Os cursos ministrados pelos especialistas estrangeiros têm curta duração e somam créditos para o programa de pós-graduação dos participantes. A Capes incentiva a formação de consórcios entre as universidades para ampliar o acesso aos cursos. "A idéia é que o maior número possível de alunos de pós-graduação, de professores e pesquisadores tenham acesso às escolas que acontecem", esclarece a coordenadora de Projetos Especiais da Capes, Idelazil Talhavini.
O curso deve contar créditos também para quem participa via internet ou teleconferência. Para Idelazil, os objetivos da Escola vêm sendo atingidos. "Todos os relatos que temos em relação aos cursos são positivos. É uma pena que tenhamos poucas propostas, pois os professores que queremos trazer têm uma agenda muito disputada", comenta a coordenadora.
Ainda assim, o número de cursos vem crescendo a cada ano. Em 2006, ano de criação da Escola de Altos Estudos, aconteceu apenas um curso. Em 2007, foram 15. Este ano, já são 34 cursos aprovados, dos quais 27 realizados.
COMO APRESENTAR PROPOSTAS
Para apresentar propostas, as universidades precisam oferecer cursos e programas de pós-graduação stricto sensu, preferencialmente com nota igual ou superior a cinco, nos processos de avaliação da Capes. As sociedades de pesquisa científica devem ser credenciadas junto à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). As inscrições podem ser feitas ao longo de todo o ano, pelo sítio da Capes.
A proposta é encaminhada a um consultor ad hoc, que faz a análise de mérito científico, sobre os reais benefícios do curso quanto à formação de recursos humanos de alto nível. A recomendação do consultor deve ser homologada pelo diretor de Relações Internacionais da Capes, Sandoval Carneiro Júnior.
O edital e outras informações estão disponíveis no portal da Capes www.capes.gov.br.(Assessoria de Comunicação da Capes)
ALGUNS DOS PROFESSORES QUE JÁ PARTICIPARAM DA ESCOLA
Zhores I. Alferov |
Prêmio Nobel em Física (2000); Prêmio Kyoto de Tecnologia Avançada (2001); Ioffa Prize da Academia Russa de Ciências (2000). |
Leo Esaki |
Prêmio Nobel em Física (1973); Japan Academy Award; Prêmio da American Physical Society (1985). |
Alan Heeger |
Prêmio Nobel em Química (2000). |
Klaus von Klitzing |
Prêmio Nobel em Física (1985). |
Robert Laughlin |
Prêmio Nobel em Física (1998). |
David Gross |
Prêmio Nobel em Física (2004); Grande Medaille D'Or da Academia de Ciências da França e do European Physicall Society Prize in Elementary Particle Physics. |