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Presidente da Capes participa de debate sobre o combate ao Aedes aegypti
O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Carlos Nobre, e o vice-presidente, Arlindo Philippi Jr, estiveram neste sábado, 13, no município de Presidente Prudente (SP) representando o Governo Federal na mobilização em todo o território nacional para o combate ao Aedes aegypti .
Uma mesa-redonda para tratar sobre o Aedes aegypti, vetor de doenças como a dengue, chikungunya e zika vírus, foi realizada no campus da Unesp (Universidade Estadual Paulista). O evento foi organizado pela própria universidade em conjunto com o Capes e integrou o Dia Nacional de Mobilização Contra o Aedes.
O presidente do Capes, Carlos Nobre, falou sobre a mobilização que os governos Federal, estaduais e Municipais estão promovendo em todo país, principalmente em 115 cidades brasileiras onde a epidemia de dengue já supera os 100 casos para 100 mil habitantes, “que é o caso da região de Prudente”.
“Organizamos uma discussão mais científica sobre o que fazer, o que conhecemos, o porquê desta epidemia nesta época e o que a ciência pode avançar em várias frentes, tanto no sentido de um dia termos uma vacina quanto na ligação eventual do vírus zika com várias doenças neurológicas e a microcefalia. Aproveitaremos o Dia Nacional e nos juntaremos a uma série de atividades que a Prefeitura conduz no sentido de conscientizar a população a eliminar os criadouros do mosquito, pois essa é a medida emergencial mais importante do momento”, afirmou.
Nobre disse ainda que, normalmente, em todos os anos os casos de dengue aumentam até abril na região Sudeste e o aumento no número de casos reportados é esperado. “Se cada pessoa em sua residência gastar 15 minutos eliminando os criadouros, os casos de dengue vão estagnar muito rapidamente”, salientou.
Carlos Nobre falou que essas proliferações também podem ter relação com o clima. “O fator climático pode ter contribuído para o aumento da epidemia. Tivemos verões muito quentes nos últimos anos”. Para o representante do Governo Federal, a ciência brasileira precisa aprender com este momento para que seja criado um sistema de pesquisa que articule as diversas áreas com as necessidades da área de saúde pública. “Esse evento de hoje nos faz refletir como podemos contribuir.” Nobre anunciou que, em breve, os ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Capes, vão lançar edital voltado a pesquisas que envolvam estudos ligados ao aedes aegypti e soluções a médio e longo prazo para as doenças relacionadas, assim como novos repelentes, formação de recursos humanos qualificados, entre outros. O edital será abrangente e de caráter interdisciplinar.
Participaram da mesa-redonda o diretor Regional de Saúde de Presidente Prudente, Jorge Chihara; diretor da Faculdade de Ciências da Unesp, Campus de Presidente Prudente, Marcelo Messias; e a vice-reitora da Unesp, Marilza Vieira Cunha Rudge.
Marcelo Messias agradeceu a rápida adesão da comunidade acadêmica local ao evento que foi organizado nos últimos dois dias. A vice-reitora da Unesp, Marilza Rudge, disse estar grata pela participação de todos no evento, mas, ao mesmo tempo, lamenta a necessidade de realizá-lo e disse que a Unesp está mobilizando suas 34 unidades distribuídas em 24 cidades em combate à epidemia.
Arlindo Phillippi Jr ressaltou que vivemos uma situação de emergência e que em situações assim é necessário trabalhar com três componentes chave “o que deve ser feito antes, durante (que é o que estamos fazendo agora) e o depois. E, culturalmente, o que costumamos fazer é deixar de lado quando o problema é amenizado, passou e pronto. Devemos nos programar para continuar a fazer mesmo depois desta fase ter passado. Temos que nos comprometer com o depois.” O vice-presidente da Capes citou o edital que será lançado como uma ação que fará parte do “depois” do momento atual e ressaltou a importância da articulação das três esferas governamentais com foco na educação ambiental e sanitária.
MUTIRÃO
Ainda alusivo a data, a VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal) realizou, até às 17h deste sábado, o mutirão de combate ao Aedes na área 2 de Prudente. Logo nas primeiras horas de realização, o prefeito Milton Carlos de Mello ‘Tupã’ e o vice-presidente do Capes, Arlindo Phillippi Jr acompanharam o trabalho. O município de Presidente Prudente registrou em 2015, 3.300 casos de dengue e em janeiro deste ano já foram registrados 2.004 casos e nove mortes pela doença.
MOBILIZAÇÃO NACIONAL
A mobilização nacional realizada neste sábado teve como objetivo orientar a população sobre o combate aos criadouros do mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do vírus Zika.
Com caráter educativo, esta ação buscou intensificar a conscientização da população para a importância de erradicar os criadouros do mosquito Aedes. Dentre os municípios selecionados para a ação, estão as 115 cidades prioritárias, que tiveram incidência de dengue acima de 100 casos para cada 100 mil habitantes, nos meses de novembro e dezembro de 2015.
Durante todo o dia, foram distribuídos material informativo, com explicação das medidas de prevenção, além de orientar os moradores sobre a importância do envolvimento de todos nessas ações.
Enquanto ainda não se tem disponível no mundo uma vacina para o vírus Zika, o combate aos focos do mosquito é a única forma de prevenção da doença, protegendo gestantes e crianças. Esse vírus tem sido associado ao aumento de casos de microcefalia em bebês quando as mães são infectadas durante a gestação.
PLANO NACIONAL
A iniciativa faz parte dos esforços do Governo Federal previstos no Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia, lançado pela presidente Dilma Rousseff em dezembro do ano passado. Ao todo, 19 ministérios e outros órgãos federais estão mobilizados para atuar conjuntamente neste enfrentamento, que contará também com a participação dos governos estaduais e municipais.
As visitas de rotina às residências para eliminação e controle do vetor ganharam o reforço das Forças Armadas, com mais de 2.400 militares capacitados até o momento, e de mais de 266 mil agentes comunitários de saúde, além dos 46,5 mil agentes de endemias que já atuavam regularmente nessas atividades. A orientação é para que esse grupo atue, inclusive, na organização de mutirões de combate ao mosquito em suas regiões.
Somam-se a esse esforço a mobilização voltada aos servidores públicos no dia 29 de janeiro, no chamado “Dia da Faxina”, cujo objetivo foi inspecionar e eliminar possíveis focos do mosquito nos prédios dos órgãos federais. A ação aconteceu em ministérios, autarquias, agências e demais órgãos vinculados, envolvendo cerca de 1,6 milhão de trabalhadores.
Sob a coordenação do Ministério da Defesa, as Forças Armadas fizeram um mutirão, entre os dias 29 de janeiro e 4 de fevereiro, para realizar a limpeza nas cerca de 1.200 unidades militares existentes no país.
Para reforçar as ações de mobilização dos servidores federais, foi publicado no Diário Oficial da União, no dia 2 de fevereiro, um decreto que determina adoção de medidas rotineiras de prevenção e combate ao vetor em todos os prédios públicos. Entre as medidas estão a realização de campanhas educativas, vistoria e retirada de criadouros do mosquito, além da limpeza das áreas internas e externas e o entorno das instalações públicas.
COMO ELIMINAR CRIADOUROS
Para erradicar o
Aedes aegypti
e todos os seus possíveis criadouros, o Ministério da Saúde recomenda à população a adoção de uma rotina com medidas simples para eliminar recipientes que possam acumular água parada. Quinze minutos de vistoria é o suficiente para manter o ambiente limpo. Pratinhos com vasos de planta, lixeiras, baldes, ralos, calhas, garrafas, pneus e até brinquedos podem ser os vilões e servir de criadouros para as larvas do mosquito. Outras medidas de proteção individual também podem complementar a prevenção das doenças, como o uso de repelentes e inseticidas para o ambiente.
O Brasil tem um programa permanente de prevenção e controle do Aedes aegypti , com ações compartilhadas entre União, estados e municípios, durante todo o ano. Além do desenvolvimento de ações de apoio a estados e municípios, responsáveis pela coordenação e execução destas ações, o Ministério da Saúde realiza a aquisição de insumos estratégicos, como inseticidas e kits de diagnósticos, para auxiliar os gestores locais no combate ao mosquito.
Os recursos federais destinados ao enfrentamento ao Aedes aegypti cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015), passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão neste ano. Para 2016, a previsão é de um incremento de R$ 580 milhões, uma vez que o valor chegará a R$ 1,87 bilhão. Além disso, foi aprovado no orçamento um adicional de R$ 500 milhões para esta operação.
MICROCEFALIA
O Ministério da Saúde e os estados investigam 3.670 casos suspeitos de microcefalia em todo o país. Isso representa 76,7% dos casos notificados. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, 404 casos já tiveram confirmação de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central, sendo que 17 com relação ao vírus Zika. Outros 709 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.783 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 30 de janeiro.
No total, foram notificados 76 óbitos por microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central após o parto (natimorto) ou durante a gestação (abortamento espontâneo). Destes, 15 foram investigados e confirmados para microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central, sendo que cinco tiveram identificação do vírus Zika no tecido fetal. Outros 56 continuam em investigação e cinco já foram descartados.
Cabe esclarecer que o Ministério da Saúde está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, informados pelos estados e a possível relação com o vírus Zika e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa diversos agentes infecciosos além do Zika, como Sífilis, Toxoplasmose, Outros Agentes Infecciosos, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Viral.