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Presidente da Capes e ministro da C&T participam do 30º Enprop
Foi realizada na noite desta quarta-feira, 19, a solenidade de abertura do 30º Encontro Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Enprop). O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, lembrou que desde o movimento de criação do fórum de pró-reitores, que contou com pessoas importantes na trajetória da pós-graduação brasileira, como Ana Lucia Gazzola, Reinaldo Guimarães e Abílio Baeta Neves, foi feita articulação direta com a Capes, que tinha apenas 33 anos. "Foi criado um vínculo muito interessante e peculiar que é um vínculo institucional. Todas as vezes que nos reunimos para discutir nossas perspectivas, desafios e deficiências, é importante lembrar que este é um processo de crescimento."
O presidente ressaltou que, na época da criação da Capes e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na década de 50, muitas das universidades ainda nem haviam sido criadas, como é o caso da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que, com 38 anos de existência, é uma das organizadoras do 30º Enprop.
"Hoje temos mais 2.400 instituições chamadas de ensino superior no Brasil e a Capes trabalha com menos de 10% delas. Se olharmos as instituições participantes do Portal de Periódicos, temos apenas 423, mas metade ainda não tem presença na pós-graduação e, para essas instituições, nós oferecemos acesso parcial ao Portal como forma de atraí-los para o rigoroso e importante sistema que é o SNPG [Sistema Nacional de Pós-Graduação]. Vocês representam aqui esse grupo de instituições. São pouco mais de 200, que levam esta enorme tarefa de formar recursos humanos extremamente necessários para o desenvolvimento do país", afirmou.
Conferência
Após a abertura oficial, Jorge Almeida Guimarães, afirmou, em sua conferência, que sem educação, ciência e tecnologia não há desenvolvimento social. "Sem 2% do PIB [Produto Interno Bruto] investido em ciência e tecnologia não haverá desenvolvimento. É fundamental que a sociedade brasileira, os nossos cientistas, estudantes e professores trabalhem nesta ótica. O Brasil hoje investe 1,08%. Se não avançarmos, não há saída. Atualmente, há vários estudos que medem o impacto social da ciência e é importante estarmos atentos a isso."
O presidente da Capes lembrou que uma das metas do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) é que o Brasil entre para o grupo dos 10 maiores produtores de conhecimento novo no mundo até 2024. "Isso não é fácil. Teremos que passar a Coréia, Austrália, Índia e Espanha. O outro desafio é aumentar a qualidade dessa produção. Para isso, temos muitos caminhos. Um deles, é termos uma maior colaboração internacional em atividade de pesquisa. Somos um país com menor colaboração se comparado a países europeus, que têm mais de 50%. O Brasil não passa de 25%. Países como Chile, Argentina, Colômbia, México têm mais colaboração internacional nos artigos que nós. São desafios que temos que enfrentar."
Para Jorge Guimarães, o impacto social da ciência virá principalmente das engenharias. Ao relacionar dados como a colocação mundial na produção de ciência, e especificamente na área de engenharias, o PIB, a produção industrial, a produção em manufaturas e patentes, Jorge Guimarães diz que é possível encontrar enorme correlação entre os países. Como exemplo diferenciado, citou que o Brasil hoje está em 7º lugar no PIB mundial, mas está no 18º em produção científica nas áreas de engenharias, sendo que países que mais produzem conhecimento nesta área também apresentam índices altos no PIB, em patentes etc. "Tudo isso é que vai representar o impacto social da ciência", concluiu.
Assimetrias
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, ressaltou a atuação da Capes nos últimos dez anos e disse que as áreas de educação, ciência, tecnologia e produção devem trabalhar articuladas para que haja desenvolvimento social. Afirmou, ainda, que as políticas sociais são importantes, mas têm limites. Por isso a necessidade de articular as ações de educação, C&T e produção.
Campolina apresentou dados totais de matriculas em instituições de ensino superior brasileiras. Em 2001, eram 3.030.754 estudantes matriculados; em 2012, este número passou para 6.152.405. O ministro também relacionou a evolução de matrículas nas regiões geográficas com o crescimento da pesquisa nos últimos anos. Como exemplo, o número de grupos de pesquisa de 2000 a 2010 passou de 15% para 18,30% na região Nordeste; de 3% para 5,20% na região Norte; de 5% para 7,10% na região Centro Oeste. A região Sul foi de 20% para 24,5%. A região Sudeste, historicamente mais desenvolvida, caiu. Passou de 57% para 46,8%. O ministro afirmou que a redução das assimetrias já começou a mostrar dados positivos reais, graças às políticas adotadas pelas agências de financiamento, como a Capes e o CNPq, mas que não podemos esperar resultados imediatos, pois o processo do impacto dessas ações na sociedade é de longo prazo.
Homenagem
O presidente da Capes, Jorge Guimarães, o ministro Clelio Campolina e outros professores receberam placas em homenagem aos seus trabalhos e empenho no desenvolvimento da pós-graduação brasileira.
Internacionalização
Nesta quinta-feira, 20, o diretor de Programas e Bolsas do País (DPB), Márcio de Castro Silva Filho, falou sobre a internacionalização das universidades brasileiras, desafios e perspectivas. O diretor relacionou alguns tópicos essenciais a este processo: redução das atividades informativas e aumento das formativas; adoção curricular internacional; oferta de cursos regulares em inglês e outros idiomas; efetiva colaboração internacional na produção científica; aumento da mobilidade docente e discente; atração de estudantes e pesquisas dos estrangeiros; e oferta de residência estudantil.
O programa Ciência sem Fronteiras, que já concedeu mais de 86 mil bolsas, foi citado pelo diretor como um dos pilares desse movimento atual de internacionalização do ensino superior. Também foi abordada a iniciativa de discutir as propostas de editoras internacionais para a edição de revistas científicas brasileiras . "Esse movimento é internacional, estamos buscando uma profissionalização desse segmento. Queremos dar um tratamento diferenciado de hospedagem nos publishers internacionais, mas, apesar de não termos proposta fechada, será por adesão e o objetivo é a divulgação internacional do conteúdo dessas revistas."
Atendimento
A Capes está com salas de atendimento no Enprop com servidores das Diretorias de Programas e Bolsas no País, da Diretoria de Avaliação e também está divulgando a
Capes WebTV
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Fabiana Santos