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Pesquisadores obtêm carvão a partir da lama de esgoto
Vinicius Gomes da Costa Madriaga é químico e doutorando em Química Verde e Catálise pelo programa de pós-graduação em Química da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro. Com apoio do Programa de Excelência Acadêmica ( Proex/CAPES ), ele participa do grupo de pesquisadores que estudam o desenvolvimento de fontes alternativas que possam diminuir a atual demanda da sociedade por petróleo. Entre as possibilidades encontradas está o carvão obtido da lama de esgoto.
1) Conte-nos sobre a sua formação acadêmica.
Durante a minha graduação em Química, na Universidade Federal Fluminense (UFF), percebi como a pauta da sustentabilidade era algo relevante em muitos aspectos, incluindo o científico. Foi quando eu decidi que seguiria uma carreira científica voltada para essa área. Nesse mesmo momento, o Grupo de Catálise e Valorização da Biomassa, sob a coordenação do Prof. Thiago M. Lima (GQI-UFF), no qual trabalho hoje, estava surgindo na Universidade com a proposta de Química Verde e a construção de uma ciência voltada para um contexto sustentável. Algo que eu particularmente não conhecia e me interessei muito. Quando comecei a pós-graduação decidi, então, seguir por este caminho e me sinto cada vez mais realizado nessa área de pesquisa e nas potencialidades que ela oferece.
2) Como é o seu projeto?
Este projeto é desenvolvido dentro do programa de pós-graduação em Química da UFF e também no Laboratório de Reatores, Cinética e Catálise (ReCat), que se encontra na Escola de Engenharia da UFF.
Ele tem como objetivo estudar uma série de reações químicas que transformam a biomassa crua em uma mistura própria para combustível de aviação. Mais especificamente, nós produzimos e testamos diferentes materiais que podem ser utilizados para aumentar a eficiência e diminuir o tempo dessas reações, materiais que chamamos de catalisadores. No atual projeto, buscamos utilizar biomassas que não possuem valor comercial ou alimentício e que representam um impacto ambiental, por exemplo, a planta gigoga (ou aguapé) que todo ano se acumula em lagoas e praias e gera um transtorno enorme para a limpeza urbana, além de não possuir aplicações comerciais muito atrativas. Além disso, uma nova vertente do projeto é produzir catalisadores que sejam baratos e de fonte renovável. Durante o meu mestrado obtivemos excelentes resultados estudando lodo de esgoto, e pensamos em futuramente incluir outros materiais semelhantes.
3) Quais os principais desafios desse projeto?
Existe uma série de desafios que podem ser pontuados. A meu ver, o maior deles é explorar as potencialidades de materiais que inicialmente seriam considerados como lixo ou resíduo. Na prática, nós descobrimos a potencialidade desses materiais durante o processo, enquanto estudamos eles. Além disso, a infraestrutura é outro ponto que vale a pena mencionar, uma vez que estudamos biomassas que são produzidas aqui no Rio de Janeiro. A estrutura e a composição química delas são pouco exploradas e precisam ser bem estudadas. Isso demanda uma infraestrutura robusta e diferentes colaborações Brasil a fora.
4) Como colocar em prática o uso dessas fontes alternativas de energia?
Cada tipo de combustível tem suas particularidades, mas é muito importante ressaltar que, na maioria dos casos, a estrutura química do combustível fóssil é muito similar, quando não idêntica, ao combustível produzido por fonte renovável. Isso implicaria em poucas ou nenhuma mudança nos meios de transporte em si, mas sim na indústria de produção dos combustíveis. No Brasil, temos bons exemplos com a utilização de biodiesel e bioetanol, que são combustíveis de fonte renovável e que, aos poucos, estão sendo inseridos no mercado. Todo esse cenário é muito positivo e incentiva as pesquisas nessa área, nos ajudando a buscar soluções que facilitem essa implementação. Eu realmente espero que em breve, a ciência seja capaz de oferecer diferentes soluções que ajudem a complementar a alta demanda atual por petróleo, e ajudar a reduzir os danos ao planeta.
5) Qual a importância da CAPES em sua trajetória acadêmica?
A CAPES é de extrema importância em diversos sentidos: foi por meio dela que pude fazer parte de projetos grandiosos como este. Além disso, vários profissionais que me ensinaram tudo aquilo que sei e com os quais compartilhei experiências profissionais, também foram bolsistas da CAPES, assim como eu. Graças a eles pude ter uma formação mais completa. A CAPES é um dos pilares que sustenta a ciência brasileira, e nos permite oferecer ao Brasil e ao mundo inovações científicas e tecnológicas em diferentes áreas. Eu não poderia seguir a carreira científica sem a contribuição e o investimento da CAPES.
Legenda das imagens:
Imagem 1:Equipe de pesquisa em “Obtenção de catalisadores heterogêneos para valorização da biomassa lignocelulósica”, da Universidade Federal Fluminense (UFF) (Foto: Divulgação)
Imagem 2:Vinicius Gomes da Costa Madriaga (Foto: Divulgação)
Imagem 3: Vinicius Gomes da Costa Madriaga analisa amostra da pesquisa (Foto: Divulgação)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). (Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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