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Pesquisadora quer parar o envelhecimento da pele
Natália Santos do Nascimento faz mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioquímica-Farmacêutica da Universidade de São Paulo (USP), e quer encontrar um método para deter o processo de envelhecimento cutâneo. Ela compreende que o envelhecimento é um processo natural dos organismos, causado por diversos fatores, mas também acredita que é possível combatê-lo por meio de uma enzima, a catalase.
Conte-nos um pouco da sua trajetória acadêmica.
Desde os 13 anos sou apaixonada pela nanobiotecnologia. Descobri este universo enquanto lia uma revista científica em casa. A partir daí, decidi fazer a faculdade de Biotecnologia. Saí de Olinda, Pernambuco, para estudar em João Pessoa, na Universidade Federal da Paraíba. Assim que me graduei, já estava em contato com a minha atual orientadora, a professora Carlota Rangel-Yagui, e me mudei para São Paulo, para iniciar o meu mestrado na área de Tecnologia Químico-Farmacêutica, na USP.
Como você pretende deter o processo de envelhecimento da pele?
Nosso corpo tem defesas naturais contra o estresse oxidativo como, por exemplo, as moléculas de vitamina C que obtemos na nossa dieta, mas também temos um conjunto de enzimas, que são proteínas que tem o objetivo de regular as reações químicas que ocorrem no nosso organismo. Porém, as enzimas estão acostumadas com um ambiente específico, como o interior das nossas células, que é totalmente diferente da parte mais externa da nossa pele. Como a atividade de uma enzima depende da integridade de sua estrutura, pretendo protegê-la do ambiente externo, isto é, da exposição direta ao sol, utilizando as técnicas de nanoencapsulação e peguilação. Com a nanoencapsulação quero “guardar” e proteger a enzima do ambiente externo do nosso corpo, assim como no processo de peguilação, cujo principal objetivo é analisar se a junção da enzima com os polímeros é capaz de manter e aumentar a atividade da proteína para combater o envelhecimento cutâneo.
Qual é o foco dessa pesquisa na prática?
A minha pesquisa tem como objetivo principal purificar a enzima catalase de uma formulação em grau alimentício, ou seja, em um nível de pureza para utilização na indústria de alimentos, e preparar formas diferentes de proteção da estrutura da enzima catalase, e analisar se houve ou não uma melhora na atividade antioxidante dela na nossa pele. Avaliar essa atividade em nossa pele tem como finalidade observar se essas técnicas podem melhorar a atividade da enzima e, por fim, retardar o envelhecimento cutâneo.
Qual método você utiliza?
A enzima catalase combate os altos níveis de peróxido de hidrogênio em nosso organismo, inclusive na pele. Em meu projeto, utilizei as técnicas de encapsulação em nanoestruturas, chamadas de polimerossomas e também a ligação da enzima catalase com o polímero poli-etilenoglicol (PEG). As nanoestruturas são partículas em uma escala nanométrica, menores que células, porém maiores que moléculas. Pode-se imaginar que são como pequenas bolsas que carregam a enzima, protegendo-a da radiação solar, das altas temperaturas, e da atividade de outras enzimas que podem degradá-la. O outro método, a ligação da enzima com o polímero PEG acaba promovendo também a proteção dos arredores da enzima do ambiente externo, mas em vez de funcionar como uma bolsa, uma parte da enzima foi amarrada a uma corda, e essa corda, por ser longa, acaba ajudando na solubilidade da enzima, e também protegendo sua estrutura do que estiver ao redor.
Quais os resultados encontrados até o momento?
Por enquanto, os resultados obtidos vêm se mostrando positivos, em relação à purificação da enzima, o encapsulamento nas nanopartículas e a ligação com o polímero. Os próximos passos serão os testes na pele de voluntários e a avaliação do potencial antioxidante das formulações, assim como a comparação com a utilização da enzima livre, ou seja, sem estar encapsulada ou ligada ao polímero.
Qual a vantagem deste novo método sobre os demais?
As enzimas, por serem moléculas biológicas precisam de determinadas condições para apresentarem a sua atividade, como por exemplo, diferentes valores de pH, temperatura, além de exposição à radiação UV e à ação de outras partículas que possam destruir a sua estrutura, como as proteases. Sendo assim, os métodos empregados em meu projeto têm o potencial de promover a proteção da estrutura e a consequente função da enzima na pele humana, por evitar o contato direto com estes fatores externos e potencialmente danosos.
Qual a contribuição da CAPES para sua pesquisa científica?
A CAPES vem sendo fundamental para o andamento da minha pesquisa e de meu mestrado. A bolsa que recebo me dá a oportunidade de me focar 100% no desenvolvimento do meu projeto. Graças ao apoio da Fundação eu consigo realizar os experimentos e, consequentemente, gerar um conhecimento que pode resultar num produto e dar frutos para a sociedade.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1:
Biotecnóloga Natália Santos do Nascimento
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2:
Pesquisadora faz Pós-Graduação em Bioquímica-Farmacêutica, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da Universidade de São Paulo - USP
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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