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Pesquisadora estuda motivações de mulheres que dirigem para aplicativos
Andrea Sampaio de Oliveira é graduada em Direito pela Universidade Católica do Pernambuco e mestra em Administração pela Universidade Federal de Rondônia (Unir), com bolsa CAPES. Seu estudo tratou do trabalho das mulheres como motoristas de aplicativo.
Do que trata sua pesquisa?
Minha pesquisa é sobre o trabalho das mulheres motoristas de aplicativo em Porto Velho, Rondônia. O título é Mulheres na “Direção”: Processo Decisório e Satisfação de Mulheres no Trabalho de Motorista de Aplicativo na Cidade de Porto Velho-RO. Esse estudo procura entender o que leva as motoristas de aplicativo a escolher essa profissão, as políticas públicas existentes para mulheres e a satisfação dessas profissionais no trabalho. Li algumas teorias, muitos estudos e encontrei as principais razões que as levam a escolher esta profissão: motivos financeiros relacionados a dívidas, novas experiências após a aposentadoria, bicos momentâneos enquanto aguardam um novo emprego e o empoderamento pela liberdade e autonomia desse formato de trabalho. Com as informações coletadas pude analisar o perfil das motoristas: elas tinham de 33 a 40 anos, com uma média de idade de 36 anos. A maioria das participantes eram casadas ou viviam em união estável e com filhos.
Como o recorte de regionalidade teve influência na sua pesquisa?
Eu vim morar em Porto Velho (RO), em razão da transferência de ofício do trabalho do meu marido. Foi a primeira vez que mudei de residência para outra cidade e estado. Chegando em Rondônia, tive bastante dificuldade para me locomover pois os aplicativos tradicionais mais conhecidos não funcionavam bem e a corrida não era aceita. Até que as pessoas daqui me orientaram a pegar os aplicativos regionais, o que era um costume local que eu até então desconhecia por ser de fora. Foi quando baixei e tentei utilizar um aplicativo regional e me surpreendi com a agilidade e com o valor mais acessível. Mas, o que mais me chamou a atenção foi a opção para viajar com mulheres, o que me deu uma sensação boa, um sentimento maior de segurança, por ser mulher e por estar sempre com crianças pequenas. Percebi que outras pessoas também compartilhavam do mesmo sentimento. Então, passei a fazer questão de escolher a opção de chamada só para as motoristas, mesmo que fosse com um reajuste adicional de tarifa. Percebi que em Recife, Pernambuco, ou em outras cidades pelo Brasil por onde eu viajava, não havia essa opção que eu achei tão legal e popular em Porto Velho. Assim, despertou o meu interesse em estudar essas mulheres motoristas. Quando fui pesquisar para discutir com a minha orientadora a possibilidade de definir a pesquisa, achei ainda mais interessante por ser importante para região de forma econômica e, socialmente, para a regionalização das empresas.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
Esse tema vem sendo notícia de destaque na mídia, nos jornais, discutido pelo poder público e está em pauta no Congresso pela sua urgência e relevância. Pesquisar sobre o trabalho de motoristas de aplicativo é importante, pois é uma profissão que vem crescendo no Brasil, inclusive para as mulheres. É uma opção de sustento em um país com muito desemprego. Acontece que por ser um trabalho informal, dito precarizado e flexível, necessita de regularização para que se reconheçam direitos mínimos e trabalho digno para esses novos profissionais. Por esses motivos, esta pesquisa traz reflexões sobre as transformações no mundo do trabalho, a “uberização”, o trabalho feminino, os desafios das mulheres, a divisão sexual do trabalho, a balança entre trabalho e família, o novo sentido do trabalho, a busca pela liberdade, independência financeira e dignidade das mulheres. Reforça a importância para que iniciativas públicas e privadas promovam a igualdade de gênero, o trabalho decente, o crescimento econômico, a qualidade de vida e a satisfação no trabalho das motoristas para o desenvolvimento social da Amazônia, devido a regionalização.
Qual a importância da CAPES para sua formação?
O incentivo da CAPES na minha pesquisa fez toda a diferença. Possibilitou uma dedicação que não seria possível sem apoio, a motivação de ter um investimento nas minhas ideias, inquietações e no meu projeto de poder realizar uma pesquisa com vontade e paixão, abraçar uma causa da invisibilidade do trabalho dessas mulheres motoristas de aplicativo em Porto Velho. Estudar exige muito tempo, dedicação, trabalho e a segurança de um aporte financeiro em um projeto interfere muito na qualidade da pesquisa, inclusive no psicológico, porque ter tempo e dinheiro para focar em um projeto traz tranquilidade na caminhada. Sou grata a CAPES por poder aproveitar todo o processo ao máximo e com qualidade. E ter a vontade de seguir na vida acadêmica pela experiência boa que tive como pesquisadora, pelo meu crescimento pessoal e profissional e por continuar acreditando que: “Gente simples fazendo coisas pequenas em lugares pouco importantes conseguem mudanças extraordinárias”.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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