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Pesquisadora estuda como inibir o crescimento de células tumorais de câncer de mama
Letícia Villafranca é graduda em Farmácia Industrial pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Pela mesma instituição, fez mestrado em Química Orgânica pelo Programa de Pós-Graduação (PPG) em Química Orgânica, com bolsa da CAPES e, em seguida, doutorado em Química pelo PPG em Química, com bolsa CNPq e, posteriormente, bolsa Nota 10 Faperj. A pesquisadora cumpriu doutorado-sanduíche na Universidade de Aveiro, UA, dentro do projeto de Cooperação Científica Brasil - Portugal (CAPES/FCT). A partir de então, atua como pós-doutoranda em projetos nas áreas de química bioinorgânica e orgânica, sempre como bolsista (CAPES, Faperj e CNPq).
O que seu grupo de pesquisa descobriu sobre o tratamento do câncer de mama?
Nosso grupo de pesquisa, formado por Maria Cecília Bastos, Fernanda Boechat e eu, trabalhou em uma série de substâncias do tipo fosfonato de aciclonucleosídeo de 4-oxoquinolina-3-carboxamidas, que foram sintetizadas como agentes antitumorais, e avaliadas quanto à sua toxicidade em simulações por computador.
Essas substâncias foram planejadas por meio de modificações químicas em quinolonas – estruturas presentes em antibióticos usados para o tratamento de diversas infecções bacterianas, por exemplo, e de grande versatilidade sintética – de modo a se alcançar diversas modificações estruturais, para o preparo de uma biblioteca de derivados sintéticos potencialmente bioativos.
O estudo revelou que as moléculas desenvolvidas demonstraram capacidade de inibir o crescimento de células tumorais de câncer de mama, utilizando o mecanismo conhecido como "indução de estresse oxidativo". Esse estresse desencadeia a morte das células cancerígenas, resultando na erradicação do tumor. Na fase subsequente, adotou-se o método denominado "ativação da morte celular por autofagia", assemelhando-se a um processo de "reciclagem celular". É importante destacar que as substâncias estudadas não apresentaram toxicidade para as células saudáveis, uma seletividade crucial para mitigar os desconfortos frequentemente associados ao tratamento oncológico, e que podem impactar a adesão dos pacientes.
Por que essa pesquisa é importante para a sociedade?
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre as mulheres brasileiras, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste. Estima-se que, anualmente, entre 2023 e 2025, irão ocorrer 73.610 novos casos, correspondendo a uma incidência de 41,89 casos para cada 100.000 mulheres. Apesar dos avanços notáveis na área médica, os tratamentos convencionais, como quimioterapia e cirurgia, ainda enfrentam desafios, devido à sua agressividade às células saudáveis, motivando a busca por alternativas mais seletivas.
A utilização de agentes antitumorais no tratamento do câncer se configura como uma estratégia terapêutica crucial na prática da quimioterapia. Entretanto, essa abordagem farmacológica acarreta uma série de efeitos adversos, os quais impactam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, as células cancerígenas podem desenvolver resistência rapidamente a diferentes medicamentos, levando à recidiva da doença e promovendo a progressão do tumor.
Diante desse cenário, diversas pesquisas estão sendo conduzidas em escala global, com o intuito de identificar novos fármacos e terapias capazes de oferecer tratamentos menos agressivos. Essa abordagem visa não apenas aprimorar o prognóstico, mas também otimizar a qualidade de vida dos indivíduos acometidos pela doença.
Qual a importância da bolsa CAPES para a sua trajetória?
Fui bolsista em várias instituições durante toda a trajetória acadêmica. As bolsas sempre me foram de extrema relevância, possibilitando que eu seguisse na área da pesquisa, contribuindo para minha formação como profissional e como pessoa. Destaco a oportunidade de realizar o doutorado-sanduíche em Projeto de Cooperação Científica Brasil - Portugal (CAPES/FCT). A experiência de morar em outro país, de estudar em outro país, de fazer pesquisa em outro país, foi tão importante na minha formação como pesquisadora e como pessoa, que me faltam palavras. Acho que todos deveriam ter essa experiência, mas entendo que, infelizmente, a maior parte dos pós-graduandos do nosso país não tem essa oportunidade, e sou muito grata por ter tido.
Quais os próximos planos para seu projeto?
Desde os anos 90, nosso grupo de pesquisa vem estudando a química das quinolonas e explorando sua versatilidade sintética, de modo a alcançar diversas modificações estruturais, para o preparo de uma biblioteca de substâncias potencialmente bioativas, explorando principalmente sua atividade antiviral e antitumoral.
Por entendermos que esse é um caminho promissor para a produção de novos medicamentos, é interesse de nosso grupo prosseguir com as pesquisas, no sentido de se obter novas moléculas bioativas e aprofundar os estudos de atividades biológicas.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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