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Pesquisadora estuda a relação entre mosquitos parasitas e hospedeiros
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Rondônia (Unir), Flávia Geovana Fontenele Rios é mestre em Biologia Experimental pela mesma instituição e doutoranda pela Fiocruz Rondônia na qual estuda a relação entre parasitas e hospedeiros, no contexto de mosquitos domésticos na Amazônia. Seu trabalho foi publicado na revista Microbes and Infection.
Do que trata a sua pesquisa?
Os mosquitos são considerados os artrópodes de maior importância em relação à transmissão de doenças, pois podem participar do ciclo de transmissão de patógenos causadores de doenças parasitárias e infecções virais para os humanos e animais, sendo responsáveis por cerca de 17% de todas as doenças infecciosas, trazendo grandes problemas para o serviço de saúde pública. Nesse contexto, a minha pesquisa de doutorado versa em evidenciar a presença e a abundância de possíveis vetores (culicídeos) de doenças em torno dos igarapés da área urbana Porto Velho, Rondônia (Amazônia brasileira) e realizar a detectação de arbovírus emergentes e reemergentes (vírus da dengue, zika, chikungunya, mayaro e oropouche) e protozoários (plasmodium sp. e tripanossomatídeos) causadores de doenças negligenciadas, como a malária, doença de Chagas e leishmaniose, nesses vetores. Em meu estudo proponho realizar a vigilância molecular desses patógenos através de duas ferramentas distintas: Xenomonitoramento molecular monitoramento molecular e o cartão FTA.
O Xenomonitoramento molecular monitoramento molecular é uma ferramenta que permite rastrear patógenos circulantes em uma dada região por meio do sangue contido no conteúdo abdominal de insetos (em meu estudo utilizo os mosquitos como modelo) e pode ser utilizada para monitorar a circulação de patógenos que também não são transmitidos por esses vetores. Já o cartão FTA, é outra ferramenta usada na vigilância de arbovírus, através da obtenção da saliva dos mosquitos depositadas no substrato, permitindo, posteriormente, a detecção de patógenos. Minha pesquisa também propõe identificar a fonte alimentar desses vetores, ou seja, de qual vertebrado esses mosquitos se alimentam, a fim de obter informações sobre o comportamento de alimentação sanguínea das fêmeas, que é essencial para estabelecer o papel de vertebrados como possíveis hospedeiros-reservatórios, de agentes patogênicos capazes de causar doenças em humanos.
O que você destacaria de mais relevante na sua pesquisa?
A pesquisa, além do potencial de fornecer informações sobre a fauna das espécies de mosquitos nessa região e dispor de informações sobre a circulação de patógenos e de alimentação sanguínea das fêmeas, busca viabilizar dados sobre protocolos de amostragem de vetores e demonstrar o uso de duas ferramentas moleculares como estratégias alternativas na vigilância de patógenos em termos de aplicabilidade para a vigilância executada por órgãos de saúde.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
A minha pesquisa de doutorado faz parte de um macroprojeto de saúde única, intitulado ‘Saúde Única dos Igarapés de Porto Velho – SUIgPVH’, financiado pela CAPES. Em geral, esse projeto tem como objetivo catalogar as espécies da fauna e flora e propor políticas públicas para a vigilância em saúde humana, animal e ambiental (Saúde Única) nos locais de estudo.
Dessa forma, além de contribuir com propostas de saúde pública para esses locais, durante a vigência da pesquisa tem sido realizada atividades de educação ambiental e saúde para a comunidade, temas que estão diretamente ligados a uma melhor qualidade de vida humana. Para isso foi produzida uma cartilha sobre os insetos de interesse médico, que será disponibilizada de forma digital (https://www.rondonia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2024/04/CARTILHA-DIGITAL.pdf) e em exemplares físicos para os moradores próximos aos igarapés e para escolas públicas localizadas nos bairros onde o projeto tem sido desenvolvido. Essa proposta tem o intuito de difundir o conhecimento sobre os vetores presentes nessas áreas e promover a sensibilização dos moradores quanto às medidas de controle mecânico, que envolve a redução ou eliminação dos criadouros de mosquitos, que é a principal forma para combater o mosquito da dengue, zika e chikungunya e outros vetores.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
A bolsa da CAPES foi essencial para que eu pudesse conduzir meus estudos durante toda a minha formação e tem sido imprescindível para que eu possa seguir fazendo ciência no País.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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