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Pesquisadora analisa impacto de retratações para cientistas
Mariana Dias Ribeiro é graduada em Ciências Biológicas – Modalidade Médica, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também na instituição fluminense, obteve o título de mestre em Química Biológica, etapa cumprida com bolsa da CAPES. O doutorado é no mesmo programa de pós-graduação, com estudo sobre o impacto das retratações na carreira de cientistas em países de maior produtividade científica em áreas biomédicas. Ela já recebeu dois prêmios pelo projeto, com apoio da Fundação durante seis meses.
Fale sobre seu trabalho.
Eu estudo o impacto das retratações na carreira de cientistas em países de maior produtividade científica em carreiras biomédicas. Parti do ponto de vista das agências de fomento, como elas encaram os processos de correção da literatura no momento em que avaliam um pesquisador para conceder financiamento, por exemplo. Esse foi um projeto-piloto que fiz no mestrado, com os
resultados já publicados
. Constatei que é um território incerto: não vemos as retratações desempenhando um papel nos processos de revisão, apesar de as agências reconhecerem a importância delas. Expandi a atuação no doutorado, com uma extensa coleta de dados nos Estados Unidos, período que passei com bolsa de doutorado-sanduíche da CAPES. Os resultados serão publicados em breve.
Agora, analiso por outra perspectiva, da visão dos próprios cientistas sobre o impacto das retratações. Ainda não tenho dados para essa etapa.
O que significa a retratação de um artigo científico?
A retratação de um artigo significa a invalidação do mesmo. Diversos motivos podem levar um artigo a ser retratado, como erros honestos ou algum tipo de má conduta. A retratação é considerada a forma mais severa de correção da literatura já que, através dela, o artigo recebe um ‘selo’ de invalidação.
Apesar de ainda não ter sido concluído, seu projeto de doutorado recebeu dois prêmios...
Sim. O primeiro foi na 6ª Conferência Mundial de Integridade em Pesquisa. Recebi o reconhecimento por ter um dos trabalhos mais promissores, ainda na fase inicial do projeto, em junho de 2019. O evento foi em Hong Kong e estive lá presencialmente. Mais recentemente, em outubro de 2021, fui premiada no
6º Encontro Brasileiro de Integridade em Pesquisa e Ética na Ciência e em Publicações
, pela melhor apresentação de um trabalho. Esse segundo foi um evento
on-line
.
Qual a importância de seu trabalho para a sociedade?
A ética é fundamental em qualquer área de atuação do cientista, que é um gerador e comunicador de conhecimento. Eu trabalho com ética e integridade em pesquisa, que se relaciona com o sistema da ciência como um todo: a maneira que comunicamos nossos achados científicos, a comunicação entre cientistas, entre cientistas e financiadores, entre cientistas e não cientistas.
É preciso reportar os achados de forma fidedigna, sem extrapolações. Não dizer, por exemplo, que encontrou a cura do câncer ao identificar um primeiro efeito de uma droga para quimioterapia. Ao não comunicar direito, cria-se uma confusão que mina a confiança pública na ciência. A retratação de artigos tem que ser feita de maneira ética, transparente.
Estudos como o meu são importantes para normalizar os processos de correção da literatura científica. As pessoas têm que entender como isso funciona. Não só os cientistas e as agências de fomento, mas o público não científico tem que entender que somos seres humanos, erramos e podemos cometer desvios que levem à necessidade de correções.
E a importância das agências de fomento em sua carreira?
Só o amor pela pesquisa não viabiliza os trabalhos dos cientistas. É necessário haver aporte financeiro. Fui bolsista pela CAPES no meu mestrado e sou pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) no doutorado.
A CAPES me deu ainda a oportunidade, pelo Programa Institucional de Internacionalização ( PrInt ), de passar seis meses do meu doutorado, de setembro de 2019 a março de 2020, na Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos. Lá, fui orientada pelo professor Michael Kalichman, diretor do Programa de Ética em Pesquisa da instituição, referência internacional em ética em pesquisa. Foi um período de extensa coleta de dados.
Legenda das imagens:
Banner: Equipe em laboratório
(Foto: iStock/Dilok)
Imagem dentro da matéria:
Mariana Dias Ribeiro recebeu prêmio internacional pelo projeto de doutorado em 2019
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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