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PRÊMIO CAPES DE TESE
Pesquisadora analisa hábito nutricional na gravidez
No período da gestação, a alimentação é o único fator de risco considerado como evitável. Monitorar o estado nutricional da mulher ajuda a identificar e prevenir danos durante a gravidez e no nascimento do bebê. Esses hábitos alimentares despertaram a curiosidade científica da nutricionista Maria Julia Miele, vencedora do Prêmio CAPES de Tese na área de Medicina 3.
Maria Julia decidiu estudar o tema após o nascimento de sua filha, em 2001. “Eu a perdi, e isso despertou a necessidade de ajudar outras mães, principalmente as mais vulneráveis. Entendi a nutrição como uma janela de oportunidade para a vida”, recorda. “Os hábitos da mãe serão, muito provavelmente, repetidos pelos seus filhos ao longo da vida”, argumenta.
Em sua pesquisa, ela analisou relatórios sobre estado nutricional de 1.500 mulheres de cinco centros de saúde em três regiões do País: Nordeste, Sudeste e Sul. Estudou dados nutricionais e dietéticos, informações referentes à epidemiologia nutricional e à ingestão alimentar. “Tive que trabalhar com mais precisão e eficiência avaliando os valores de energia, macronutrientes e micronutrientes, bem como medidas antropométricas”, afirma.
A partir do resultado da tese, intitulada Associação entre estado nutricional materno e os desfechos gestacionais adversos em coorte de nulíparas de baixo risco, Miele publicou sete artigos em revistas como Nutrients, International Journal of Gynecology & Obstetrics, BMJ Open, Scientific Reports Nature e Frontiers in Nutrition. “Considerando a dimensão de nosso País, minha pesquisa rastreou o problema, ofereceu soluções para cada vulnerabilidade identificada e apresentou uma ferramenta pautada em todos os resultados encontrados, transformando as fraquezas em forças”, esclarece Maria Julia.
Sobre a autora
A pesquisadora é formada em Nutrição pela Universidade São Camilo, em Ipiranga (SP) . Seu trabalho de conclusão da graduação, em 2012, foi premiado pela instituição. Em 2014, Maria Julia ingressou no mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e passou a estudar gestantes nulíparas, que são aquelas que nunca tiveram filhos. Na sequência, iniciou o doutorado, concluído em 2022, no programa de pós-graduação em Tocoginecologia da mesma instituição. “Minha tese foi adotada como novo modelo de referência para os programas de pós-graduação da Unicamp”, comenta. Atualmente, Miele é consultora internacional de nutrição na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma, em um projeto que envolve também a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mãe de um menino, Maria Julia foi bolsista da CAPES no mestrado e no doutorado. “O apoio que recebi permitiu que eu me dedicasse integralmente à pesquisa, possibilitando uma linha de pensamento que não se perdeu e nem precisou ser interrompida”, conta. Para ela, vencer o Prêmio CAPES de Tese é um reconhecimento a sua trajetória acadêmica. “Abriu novos horizontes para que essa história continue frutificando e mostrando novos caminhos em favor da vida”, comemora.
Prêmio CAPES de Tese
Considerado o Oscar da ciência brasileira, o Prêmio CAPES de Tese recebeu este ano a inscrição de 1.469 trabalhos, o maior número em 18 edições já realizadas. São reconhecidos os melhores trabalhos de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros. Dentre os 49 premiados, três irão receber o Grande Prêmio CAPES de Tese, um de Humanidades, outro de Ciências da Vida e um de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. A solenidade de entrega ocorre em dezembro.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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