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Pesquisadora analisa a relação do oceano com as chuvas
Gabriela Goudard é bacharel e licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Na mesma instituição, fez o mestrado e está em fase de conclusão doutorado em Climatologia. Bolsista da CAPES, ela pesquisa a interação do oceano com a atmosfera e a relação com as chuvas na região Sul do Brasil. O interesse da cientista pelos estudos climáticos nasceu ainda na graduação. Ela pretende, com as informações geradas pelo seu trabalho, contribuir para gestão de riscos e a mitigação de impactos do clima, tais como as inundações e as estiagens.
Os estudos sobre o clima percorrem toda a sua carreira acadêmica. Como surgiu essa afinidade com o tema?
Ainda na graduação, no Laboratório de Climatologia do Departamento de Geografia da UFPR, comecei a estudar as precipitações extremas e os seus impactos em Curitiba. Gostei do ambiente de pesquisa e de atuar como pesquisadora, e quis dar continuidade a esse trabalho no mestrado e no doutorado, estudando temas ligados à variabilidade climática, aos eventos extremos e aos riscos.
Então vamos falar do mestrado. Como a questão climática foi estudada nesta etapa?
A minha pesquisa no mestrado é muito ligada ao que eu já vinha pesquisando na graduação. Trabalhei com eventos extremos de chuvas e seus impactos em Curitiba e região metropolitana. Resolvi ampliar essa discussão, não só para a variabilidade da chuva, mas também discuti a dimensão dos riscos que ela acarreta, o que podemos ver hoje presente na mídia com bastante frequência. Então, analisei os impactos de eventos extremos de precipitação e riscos em Curitiba e região metropolitana. Levei em consideração tanto a chuva habitual quanto as precipitações extremas, bem como os impactos associados que elas podem causar. Para tanto, considerei as dimensões dos riscos que podemos chamar de suscetibilidade, que são as condições do meio físico que favorecem o acúmulo de água, por exemplo, e podem gerar inundações, e vulnerabilidade, ou seja, o quanto as populações são expostas a esses problemas. A partir dos dados censitários do IBGE, analisei as características da população que fazem com que elas se tornem mais ou menos vulneráveis.
Sim! No mestrado tive a oportunidade de fazer um período da minha pesquisa na Universidade de Moncton, no Canadá, também trabalhando com a temática das inundações, dos eventos extremos de precipitação e seus impactos. Foi um período que me permitiu aperfeiçoar os métodos e técnicas utilizados internacionalmente, para trabalhar com esse assunto dos eventos extremos pluviais.
E agora, no doutorado, a sua pesquisa ganhou mais amplitude?
Isso mesmo. No doutorado mudei a escala dentro da Climatologia e passei a estudar o macroclima, entendendo quais são os principais padrões de interação que acontecem entre o oceano e a atmosfera, e como eles afetam as precipitações na região Sul do Brasil. Passei a trabalhar em uma escala regional (Sul do Brasil), analisando fenômenos como o El Niño e a La Niña e como eles afetam as chuvas. Na tese, analiso as oscilações climáticas que acontecem a cada ano e outras que ocorrem em frequências mais longas, de 20, 50, 80 anos, buscando compreender como os padrões oceano-atmosféricos interferem nas precipitações.
E como é feita essa identificação?
Dividi a região Sul em nove áreas que têm padrões semelhantes de chuva. Em cada uma delas, analisei quais são os padrões do oceano que nelas interferem, destacando o El Niño, que este ano tem provocado fortes repercussões nas precipitações no sul do Brasil, bem acima da média, e norte do País, bem abaixo da média. Assim, é possível entender essas variações e quais os impactos a elas associados.
De que forma as suas pesquisas podem contribuir com a sociedade?
A principal contribuição para a sociedade é a gestão de riscos, entendendo, por meio do conhecimento e do monitoramento climático, quais são as áreas mais ou menos impactadas por chuvas extremas. Assim, o poder público, com base nessas informações, pode atuar, como, por exemplo, na realocação de populações, criação de medidas estruturais de construção de barragens e outras ações que minimizem as inundações, que são bastante frequentes no sul do Brasil.
Qual a importância da bolsa da CAPES para o desenvolvimento das suas pesquisas?
A bolsa da CAPES, que tive no mestrado e tenho agora no doutorado, é fundamental para que eu possa me dedicar exclusivamente à pesquisa. Se não tivesse essa oportunidade, e tendo que trabalhar ao mesmo tempo em outras áreas, o período dedicado à pesquisa diminuiria bastante. Então, a bolsa me dá um suporte financeiro para que, de fato, eu possa me dedicar à pesquisa científica, que demanda uma quantidade de tempo e de trabalho bastante significativa.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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