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Pesquisador mostra que fungo aquático ameaça anfíbios terrestres
Diego Moura Campos, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp) constatou que o fungo aquático, Batrachochytrium dendrobatidis , responsável pela extinção de diversas espécies de anfíbios que possuem parte ou todo o ciclo de vida na água, também ameaça as variações terrestres. Além disso, o estudo traz o primeiro registro da quitridiomicose, no Brasil, em tempo real, doença infecciosa fatal que afeta estes animais. O trabalho constatou mortandade, sem precedentes, de sapos na Mata Atlântica.
Quais foram os objetivos da sua pesquisa?
Obter dados sazonais do fungo e entender, ao longo das estações, como ele estava se comportando, tanto dados de quantos indivíduos estavam infectados e o quão infectados eles estavam.
Quais foram os achados?
Vimos que a seca, de alguma forma, fez com que aumentasse a carga dos fungos nos sapos. Uma hipótese se dá porque os animais se agrupam mais em ambientes úmidos durante esse período de seca e com isso acabam transmitindo mais de um para o outro. Outra hipótese seria a de que a seca debilita mais os animais, deixando-os estressados, desidratados e com a imunidade baixa. Isso os tornaria mais vulneráveis aos fungos. Outro achado foi que os sapos que ficavam próximos da água, dos riachos, também estavam infectados com uma carga viral alta. Além disso, foi o primeiro registro da
quitridiomicose, doença infecciosa fatal que afeta os anfíbios, no Brasil, em tempo real.
De que maneira a sua pesquisa poderia ser aplicada?
Nós precisamos entender como o ambiente está influenciando a dinâmica da doença que é mortal para os sapos. Os dados encontrados serão utilizados para estratégias de conservação, para proteger tanto os animais terrestres, quanto os aquáticos da ação desses fungos.
Qual a importância da sua pesquisa?
É uma pesquisa muito importante para o Brasil e para o mundo, uma vez que as espécies de anfíbios terrestres compõem uma grande parte da biomassa dos ecossistemas. Eles possuem funções ecológicas importantes, como o controle de insetos transmissores de doenças como dengue, febre amarela e zika.
O que ela traz de diferente da literatura?
Foi o primeiro registro de quitridiomicose, doença infecciosa fatal que afeta os anfíbios, no Brasil, em tempo real. E reitero o que está sendo discutido sobre mudanças climáticas. O estudo mostra que a aceleração das mudanças climáticas globais nas próximas décadas deve aumentar a ocorrência desse tipo de doença, cujos causadores podem evoluir em linhagens mais virulentas, inclusive por conta do surgimento de híbridos.
Qual destaque que o trabalho recebeu?
O artigo sobre a alta incidência de doença fúngica em sapos terrestres tropicais associado à baixa pluviosidade foi publicado em importante periódico sobre conservação biológica:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0006320721002986
Qual a importância da CAPES no seu trabalho?
A CAPES foi fundamental em todo o processo. Eu acho muito importante reforçar que a bolsa te proporciona a chance de fazer uma pesquisa completa, em tempo integral. Sem a bolsa não seria possível ficar o tempo que foi preciso na Mata Atlântica para coletar os dados desses animais. Ficar dia e noite acompanhando os sapos. Se eu não tivesse essa bolsa para me manter com dedicação exclusiva não teria conseguido desenvolver essa pesquisa.
Legenda das imagens:
Banner: e imagem 1:
Espécie do gênero de anfíbios
Brachycephalus
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2:
Diego Moura Campos, mestre em Ecologia pelo Programa de Pós-graduação da Universidade de Campinas Unicamp
(Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 3:
O trabalho constatou mortandade de sapos terrestres, na Mata Atlântica
(
Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 4:
Sapos pingos-de-ouro, encontrados na Mata Atlântica
(Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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