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DIA DOS POVOS TRADICIONAIS
Pesquisador indígena estuda e divulga conhecimentos Wauja
“Eu quero ser pesquisador indígena”. Autaki Waurá, morador na aldeia Ulupuwene, no Território Indígena do Batovi/Xingu, no Mato Grosso, tem na pesquisa o lugar para ampliar seu conhecimento e divulgar os saberes e tradições dos Wauja. Dedicado a estudar aspectos e costumes do seu povo ao longo de trajetória acadêmica, o pesquisador acabou de passar por uma experiência de internacionalização, na França, que enriqueceu sua tese e levou ensinamentos do seu povo a outros países.
Motivado a estudar costumes do seu povo desde a graduação em Ciência da Linguagem, na Universidade Federal de Goiás, o professor desenvolveu, no mestrado em Antropologia Social na mesma instituição, uma pesquisa sobre a educação Wauja e a reclusão pubertária, em que jovens participam de um rito de passagem para o período de adolescência. Agora, no doutorado em Antropologia Social na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estuda a cerâmica Wauja, importante utensílio na cultura do povo.
Bolsista CAPES no mestrado e no doutorado, Autaki afirma que a bolsa possibilitou “estudar, realizar a pesquisa de campo para coletar os dados” para os projetos e se sustentar financeiramente durante a pós-graduação. O pesquisador acredita que com o estudo, vai conseguir divulgar os saberes Wauja, “registrar os conhecimentos no papel e, além disso, outros povos indígenas e não indígenas conhecerão as nossas culturas e a realidade do povo indígena”.
Recentemente, essa aspiração transformou-se em realidade durante o intercâmbio que participou na França, pelo programa Guatá, da Embaixada da França no Brasil. Durante seis meses, em Paris, realizou diversas atividades que ampliaram seu conhecimento “principalmente sobre a cerâmica”. Em um dos destaques, a visita ao Museu du Quai Branly, ele conta que encontrou “os materiais do meu povo Wauja, as cerâmicas, os cocares plumários, bancos de madeiras e máscara de ritual expostos”.
Além da participação nas aulas e vistas a museus, Autaki deu palestras em instituições como a Universidade Paris Nanterre. Para ele, o período na França foi de aprendizado em diversos aspectos: “na alimentação, na cultura, na língua, no clima, nos estudos na universidade, nos transportes públicos e outros”. De volta ao Brasil, o indígena comemora a oportunidade de conhecer e observar a cultura francesa de perto “que é diferente da minha aldeia, da minha realidade e da minha cultura”.
Dia dos Povos Indígenas
O 19 de abril, data em que é comemorado o Dia dos Povos Indígenas, celebra a diversidade cultural dos diferentes povos originários do Brasil, e contribui para a preservação de suas culturas e histórias. O momento também incentiva os debates no governo e na sociedade sobre a garantia dos seus direitos.
A data era chamada de Dia do Índio, até que em 2022 foi substituída por Dia dos Povos indígenas pela Lei 14.402/22. A nova nomenclatura, sugerida pela deputada federal indígena Joenia Wapichana, abrange a diversidade das culturas dos povos originários.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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