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Pesquisador desenvolve estudo de telefonia móvel para Amazônia
Levar telefonia celular para comunidades isoladas da Amazônia utilizando equipamentos de baixo custo foi o desafio proposto na dissertação de mestrado do engenheiro Jeferson Breno Negrão Leite, da Universidade Federal do Pará (UFPA). O trabalho "Projeto de telefonia celular GSM baseada em open source e open hardware para comunidades rurais isoladas e carentes na Região Amazônica: Estudo de caso em Itabocal, Irituia (PA)" foi o vencedor do Prêmio Vale-Capes de Ciência e Tecnologia na categoria Tecnologias Socioambientais, com ênfase no combate à pobreza. O prêmio, resultado de uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Vale, já está em sua quarta edição .
A dissertação foi realizada sob orientação do pesquisador Aldebaro Klautau Junior e defendida em 2014, por meio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFPA. "Percebemos que as pessoas não conseguiam fazer uma ligação para pedir socorro por causa do seu isolamento. Nós, da cidade, com a internet nos comunicamos muito fácil, e essas pessoas vivem isoladas, excluídas digitalmente. A partir dessa percepção, surgiu a ideia do projeto" resume Jeferson.
O maior empecilho para as operadoras de telefonia chegarem a essas comunidades é o custo. O equipamento é caro para atender poucas pessoas que vivem espalhadas em pequenos grupos. O projeto propõe que a comunidade tenha a sua própria operadora e que ela seja gerenciada por seus moradores. Os equipamentos fazem chamadas por meio da tecnologia VOIP e funcionam tanto em telefones GSM comuns como em smartphones. Há ainda a possibilidade de as operadoras usarem esses equipamentos mais baratos para estender a própria rede a lugares onde ela ainda não chega.
"Eu vejo como um retorno social da universidade para as comunidades: o conhecimento que adquirimos na universidade sendo aplicado na vida das pessoas que mais precisam. Vislumbramos daqui a algum tempo trabalhar com a tecnologia 4G e com o 5G para melhorar a qualidade de vida dessas comunidades e fazê-las acompanhar essa evolução tecnológica. É importante que as empresas incentivem esses projetos que têm um retorno social e oferecem algum tipo de benefício para as comunidades", acrescenta o engenheiro.
Prêmio Vale-Capes
O
Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade
foi criado inicialmente a partir de parceria firmada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada em 2012. A primeira edição teve
cerimônia de entrega
em Belém, em 2013; a
premiação da segunda edição
foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 2014; e a da
terceira edição
aconteceu em Brasília, em 2015. A
quarta edição
aconteceu no último dia 30 de setembro, em Brasília.
O Prêmio tem o objetivo de identificar, divulgar e premiar trabalhos que apresentem ideias inovadoras com potencial para transformação em produto ou processo e também promover o reconhecimento da atividade científica e tecnológica em áreas temáticas que versem sobre o desenvolvimento sustentável e, em especial, sobre tecnologia socioambiental.
Os trabalhos premiados dividem-se nos grupos "Processos eficientes para redução do consumo de água e de energia"; "Aproveitamento, reaproveitamento e reciclagem de resíduos e/ou rejeitos"; "Redução de Gases do efeito estufa (GEE)"; e "Tecnologias socioambientais, com ênfase no combate à pobreza".
Os vencedores do Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade de Tese de Doutorado recebem R$ 15 mil e uma bolsa para realização de estágio pós-doutoral de até três anos em instituição nacional, podendo ser convertida em um ano fora do país em uma instituição de notória excelência na área de conhecimento do premiado. Já os ganhadores de Dissertação de Mestrado recebem R$ 10 mil e uma bolsa para realização de doutorado em instituição nacional de até quatro anos.
Os orientadores também são prestigiados, recebendo auxílio equivalente a uma participação em congresso nacional e internacional, relacionado à área temática da tese. No caso de mestrado, o orientador recebe R$ 3 mil e o de doutorado, US$ 3 mil.
(Com informações da Vale)