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Pesquisador cria avaliação de inundações por bairro
Emerson Luís Pawoski da Silva é bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e fez o mestrado no Instituto Federal do Paraná (IFPR) na área de Ciência, Tecnologia e Sociedade. Agora, no doutorado em Geografia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), realiza sua pesquisa no Laboratório de Climatologia. O bolsista criou um índice de avaliação dos riscos de inundações em cada bairro da cidade de Morretes (PR), onde nasceu e mora. O objetivo é traçar soluções específicas para o enfrentamento de eventos extremos, como inundações, para cada localidade do município.
Como surgiu a ideia de pesquisar as inundações em Morretes?
Como sou muito ligado às questões do meio ambiente, no doutorado fui em busca de assuntos emergentes, por isso optei pelos estudos dos efeitos climáticos. E como sou morador de Morretes, que tem esse nome devido ao relevo da cidade, as inundações frequentes chamaram minha atenção. No mestrado, estudei a cenário da polinização das plantas frutíferas no município, e agora, no doutorado, o trabalho é focado nas inundações. Sempre essa relação dos seres humanos com a natureza.
Quais são dos dados que embasam o seu trabalho?
A Agência Nacional de Águas (ANA) coloca várias cidades como vulneráveis às inundações. Morretes está no grau máximo. A cidade sempre tem inundações, enchentes e alagamentos. É um problema que preocupa muito os moradores. Eu mesmo vivi uma grande inundação em 2011 e, no doutorado, quis pensar uma forma de pesquisar essa questão da própria localidade, onde vários morros se convergem para a área mais plana, e que é a mais habitada. O relevo é um fator de forte impacto. Para a pesquisa, eu uso dados da prefeitura, do IBGE e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), além de mapas de satélites e observação a partir das visitas de campo.
A partir daí, você decidiu criar índices de vulnerabilidade por bairros?
Isso. Existem vários índices para trabalhar a vulnerabilidade, mas eles são genéricos. Um aspecto que proponho na minha tese é um índice adaptável para cada bairro. É uma metodologia que eu criei e consigo perceber qual o problema de cada bairro para, a partir disso, traçar soluções baseadas na natureza, que são mais baratas e rápidas do que as convencionais. Essas soluções são pensadas conforme os contextos sociais, como governança, renda e cultura, e físicos, como vegetação e clima. Então, primeiro eu descubro, bairro a bairro, o problema, e trago solução pontual para cada localidade.
Que conclusão é possível extrair da sua pesquisa?
A conclusão principal é que a renda é um grande fator que influencia na questão das inundações. As pessoas forçadas a morar nessas regiões, sem infraestrutura adequada e que têm maiores riscos, são aquelas com menor renda. Então, a segregação social é um dos principais fatores, além da questão do relevo. É uma questão histórica.
Como o seu estudo pode contribuir na elaboração de políticas públicas?
Para a elaboração do novo Plano Diretor da cidade, produzi alguns artigos e os levei até as reuniões municipais para que pudessem utilizá-los no relatório. Tenho participado dos debates, porque não sou um tomador de decisões, mas trago informações bastante úteis para esse espaço de definição de políticas públicas.
Qual o papel da bolsa da CAPES na sua carreira acadêmica?
A bolsa tem me ajudado muito no pagamento de publicação de artigos naquelas revistas que exigem. Também utilizo o recurso para participar de eventos científicos. É um fator diferencial.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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