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Pesquisador conserva nascentes em Minas Gerais
Anderson Lima é bacharel em Engenharia Florestal, licenciado em Ciências Agrícolas e mestre em Ciência Florestal, títulos obtidos pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atualmente é doutorando em Ciência Florestal na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Seus estudos são voltados à conservação das nascentes de uma área de preservação ambiental com mais 70 mil hectares que abrange sete municípios de Minas Gerais.
Qual é o seu objeto de estudo?
Meu objeto de estudo é a Área de Proteção Ambiental Estadual Água das Vertentes (Apaeav). É uma unidade de conservação de uso sustentável que está inserida na Serra do Espinhaço e que apresenta reconhecida relevância no contexto histórico devido às peculiaridades dos aspectos ecológicos, econômicos e sociais. A Apaeav tem uma área de 76.310 hectares e abrange sete municípios de Minas Gerais: Couto de Magalhães de Minas, Diamantina, Felício dos Santos, Rio Vermelho, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro. Como o próprio nome da unidade sugere, em sua área há afluentes da bacia do rio Doce e também da bacia do rio Jequitinhonha.
A principal nascente do rio Jequitinhonha, aliás, encontra-se dentro da unidade de conservação. Essas e outras drenagens que se encontram nela devem ser estudadas, a fim de auxiliar em um manejo adequado quanto ao uso desses recursos. O estudo na unidade se centra na preservação dos recursos hídricos.
Quais os objetivos da pesquisa?
O trabalho tem dois grandes objetivos. O primeiro é caracterizar o uso e ocupação da unidade de conservação, avaliando as mudanças temporais utilizando imagens de satélites dos anos de 1985, 1998 (quando a Apaev foi criada por lei) e 2020. Esses marcos temporais foram escolhidos para tentar compreender a dinâmica de mudanças nesses 35 anos, avaliando se a criação da unidade de conservação influenciou na preservação das nascentes que se encontram nela. Assim, essa primeira parte do trabalho visa observar as possíveis fragilidades ambientais.
O segundo objetivo é caracterizar a qualidade da água das nascentes e realizar a matriz de impacto ambiental das mesmas. Sendo assim, avaliei in loco amostras de algumas nascentes em pontos variados para uma melhor representatividade e para observar se as condições as quais elas estão submetidas são adequadas para a garantia da qualidade da água. Realizei a matriz de impactos ambientais, por meio da qual é possível interpretar se a nascente sofre ou não processo de degradação.
Ao mesmo tempo, são realizadas coletas de água das nascentes para analisar os parâmetros como pH, salinidade, turbidez, condutividade e oxigênio solúvel. Esses parâmetros são importantes para compreender a qualidade da água. Com os resultados, é possível correlacionar se as condições ambientais em que a nascente se encontra interferem na qualidade da água. Para realizar essa análise, utilizei uma Sonda Multiparâmetro. O equipamento foi adquirido com recursos do Proap (Programa de Apoio à Pós-Graduação), da CAPES.
O que você destaca de mais relevante no trabalho?
Destaco as visitas in loco para avaliar a qualidade de água e a matriz de impactos ambientais. Apesar da análise temporal com as imagens de satélite proporcionar uma boa observação da dinâmica de mudanças que ocorrem na área, estudar a relação entre as condições ambientais às quais as nascentes estão submetidas com a qualidade da água é um ponto interessante para a tomada de decisão quando se refere à preservação de recursos hídricos.
Algumas nascentes visitadas se encontram em áreas urbanas, onde constatamos que a qualidade da água foi comprometida, diferentemente de outras nascentes que se encontravam em áreas mais preservadas, com presença de matas ciliares, seguindo todos os critérios de APP (Área de Preservação Permanente) prevista por lei. Dessa forma, é mais simples traçar quais estratégias de preservação poderão ser tomadas.
Como essa pesquisa pode contribuir com a sociedade?
O trabalho deve apoiar a gestão da unidade de conservação. É um documento que tem a proposta de facilitar a tomada de decisão de quais formas pode-se preservar os recursos hídricos dentro da unidade de conservação. Desta forma, vale destacar também a importância de uma área que tenha um Plano de Manejo concreto e aplicável digno de uma unidade de conservação que se encontra na cadeia da Serra do Espinhaço, que é reconhecida pela Unesco como área de alta relevância para a preservação da biodiversidade. O fato da Apaeav se encontrar na Serra do Espinhaço foi um dos motivos que levaram meu orientador, professor Israel Marinho, a trabalhar com essa área.
Qual a importância das bolsas da CAPES para sua formação?
No mestrado, a bolsa ajudou tanto para a permanência na universidade (passagem de ônibus e alimentação), quanto para o financiamento da pesquisa (idas a campo e coleta de dados). Agora, no doutorado, como me encontro em outro estado, a bolsa é muito importante para me manter na cidade, com gastos como aluguel e alimentação. Assim como no mestrado, também uso para financiar a pesquisa, para realizar as coletas e também compra de material e equipamento necessários para o desenvolvimento da tese. Tem ainda participação em eventos acadêmicos e divulgação científica.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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