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Pesquisador analisa políticas educacionais para pessoas surdas
Anesio Marreiros Queiroz é licenciado em Química pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e em Letras/Inglês pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Por integrar a comunidade surda de Teresina, sua cidade natal, e ser especialista em Libras, linguagem que também ensina, o professor levou para o seu doutorado, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), questões relacionadas aos direitos das pessoas surdas.
Como a sua pesquisa aborda as políticas educacionais direcionadas aos alunos surdos?
No mestrado, tratei sobre o ensino de português para surdos no Atendimento Educacional Especializado. Já no doutorado, pesquiso os discursos autobiográficos de surdos oralizados. O objetivo da pesquisa é compreender os sentidos de “surdos” e “surdez” postos em circulação nas autobiografias de surdos oralizados. Por isso, nesse primeiro momento, fiz um estudo bibliográfico sobre os principais instrumentos legais que discorrem sobre as políticas educacionais voltadas às pessoas surdas.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para as políticas para surdos?
A partir desse empreendimento teórico, acredito ter podido contribuir com as pesquisas e discussões acerca da educação dos surdos, em particular, e das pessoas com deficiência, de maneira geral. Além disso, com o desenvolvimento dessa pesquisa foi possível explicitar que embora políticas públicas educacionais voltadas às pessoas surdas tenham se iniciado em meados do século XIX, foi somente no final do século XX e, mais precisamente, no início do século XXI que tais políticas passam a considerar a língua de sinais, língua natural dos surdos, enquanto objeto central no desenvolvimento dessas políticas.
O seu trabalho se transformou em um artigo publicado em revista da Unicamp. Do que ele trata?
O desenvolvimento e publicação do artigo “Do Instituto dos Surdos-mudos, em 1857, à lei 14.191/2021: Um estudo sobre as políticas educacionais para surdos no Brasil”, na revista ETD da Unicamp, em parceria com o professor Clevisvaldo Lima (UFPI), possibilita aos estudiosos da área de educação de surdos e língua de sinais, entre eles os estudantes de graduação do curso de Letras/Libras, um maior aprofundamento sobre os principais instrumentos legais propostos pelo Estado para a educação e inclusão dos sujeitos surdos. Ao longo deste artigo, discuti os principais instrumentos legais, nacionais e internacionais, que discorrem sobre as políticas educacionais voltadas às pessoas com deficiência, em geral, especificamente àquelas com surdez. Tomei como ponto de partida a criação do Instituto dos Surdos-Mudos, em 1857, quando o País ainda estava sob o regime imperial, e como ponto de chegada, o sancionamento da Lei 14.191/2021, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para instituir a modalidade de educação bilíngue para surdos. A partir desta pesquisa, foi possível explicitar o modo como os documentos legais que versam sobre as pessoas surdas e sobre a educação delas, evidenciando uma preocupação cada vez maior com uma modalidade bilíngue de ensino.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
A CAPES tem um papel primordial para meu desenvolvimento enquanto pesquisador e cientista. Ser bolsista CAPES, além de me permitir estabelecer residência em Maceió, sede da Ufal em que estudo, possibilita que eu me dedique inteiramente à minha pesquisa. Desse modo, consigo me envolver de maneira mais aprofundada no universo acadêmico participando de grupos de estudos.