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´PRÊMIO CAPES DE TESE
Pesquisa tem potencial para tratamento de doenças como o câncer
Vencedora do Prêmio CAPES de Tese 2024 na área de Engenharias II, a engenheira química Bruna Gregatti de Carvalho pesquisou sobre Biomateriais à base de Hidrogéis Microfluídicos Desenvolvidos para a Entrega de Genes Incorporados em Nanocarreadores Lipídicos. Pós-doutoranda pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), seus estudos têm potencial para tratamento de doenças, como o câncer, e para a regeneração de tecidos.
Sobre o que é a sua pesquisa?
O estudo contribuiu para o desenvolvimento de estratégias inovadoras na criação de biomateriais gene-ativados, atuando nas áreas de microfluídica, nanobiotecnologia, entrega de genes (pDNA e mRNA) e engenharia tecidual.
Um dos grandes desafios da terapia gênica é o desenvolvimento de estratégias capazes de melhorar os baixos níveis de transferência e expressão gênica. Mas o que é terapia gênica? A terapia gênica baseia-se na transferência de ácidos nucléicos (DNA e RNAs) para células e tecidos alvo. O nível de expressão gênica depende principalmente da eficiência da entrega desses materiais no interior das células, o que requer a utilização de sistemas de entrega e liberação, como as nanopartículas lipídicas e os biomateriais gene-ativados.
Neste contexto, a minha tese teve como objetivo principal o desenvolvimento de biomateriais à base de microgéis para a entrega de pDNA ou mRNA incorporados em nanocarreadores lipídicos. Os microgéis desenvolvidos são potenciais biomateriais a serem utilizados como sistema de liberação, com aplicação futura no tratamento de câncer e de outras doenças, bem como na regeneração de tecidos. Os resultados obtidos destacam a versatilidade e as propriedades ajustáveis dos microgéis no desenvolvimento de sistemas de entrega de materiais genéticos e fármacos.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
Acredito no impacto que os biomateriais desenvolvidos podem trazer no futuro para o tratamento e vacinação de pacientes com diversas doenças. Recentemente, plataformas para a entrega de materiais genéticos, como o mRNA, foram reconhecidas e se mostraram promissoras para serem utilizadas como estratégia de vacinação. Esse reconhecimento ocorreu durante a pandemia da covid-19, quando as empresas Moderna e Pfizer/BioNTech desenvolveram nanocarreadores lipídicos incorporados com mRNA para induzir imunidade sistêmica contra o SARS-CoV-2. Nessa perspectiva, a pesquisa desenvolvida traz abordagens para a entrega local de materiais genéticos, como o mRNA, de maneira a evitar efeitos colaterais sistêmicos indesejados.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
O desenvolvimento dos biomateriais à base de microgéis ativados com materiais genéticos pode, futuramente, ser explorado para atingir expressão gênica controlada e localizada em abordagens de engenharia de tecidos e vacinação, melhorando a qualidade de vida da população em geral. Em outras palavras, isso auxilia no desenvolvimento de tratamentos mais eficientes, sendo esse um dos maiores desafios na sociedade atual. Dessa maneira, é possível atacar a causa das doenças e, ao mesmo tempo, minimizar os efeitos colaterais causados pela administração dos fármacos comumente utilizados nos tratamentos.
Qual a importância para você de sua tese ter sido escolhida a melhor na área?
É muito gratificante ter os nossos esforços, após anos de pesquisa, reconhecidos a nível nacional. Apesar de minha formação ser toda em Engenharia Química, sempre trabalhei em áreas multidisciplinares e sempre com aplicações biológicas. Receber esse reconhecimento indica que tenho trilhado os caminhos corretos, sendo um incentivo para continuar a desenvolver pesquisas inovadoras e de fronteira, que melhorem a qualidade de vida da população.
Foi bolsista da CAPES? Se sim, de que forma a bolsa contribui para sua formação?
Posso enfatizar dois momentos importantes em que pude contar com a bolsa da CAPES. O primeiro foi durante a minha graduação sanduíche pelo antigo programa Ciência sem Fronteiras (CsF). Essa oportunidade foi fundamental para o meu desenvolvimento profissional como engenheira e como pesquisadora. Anos depois, no início do meu mestrado, que logo se transformou doutorado direto, também fui bolsista CAPES. Ter tido esse apoio inicial me permitiu mudar definitivamente para Campinas, o que me possibilitou dedicar-me integralmente à pesquisa e à pós-graduação em Engenharia Química.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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