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Pesquisa na Antártica se renova com apoio da CAPES
Há 38 anos o Brasil participa do seleto grupo de pesquisadores que faz ciência no lugar mais frio da Terra.
Com 14 milhões de km², o continente Antártico é fonte primordial de pesquisas climáticas e ambientais para toda a Terra. Ali, em fevereiro de 1984, o Brasil instalou a Estação Antártica Comandante Ferraz, uma base militar e de apoio aos cientistas brasileiros que trabalham na região, no âmbito do Programa Antártico Brasileiro, o ProAntar . Em 2012 um incêndio destruiu o prédio.
Em março de 2020, a nova Estação Antártica foi inaugurada e a ciência brasileira comemorou. A CAPES, a partir de uma parceria feita em 2018 com outras instituições, vai investir um total de R$ 5,7 milhões para promover a pesquisa científica e a formação de recursos humanos. Os projetos financiados seguem nove eixos, incluindo as ciências humanas e sociais, a biologia humana e a medicina polar, e as mudanças climáticas.
Aos poucos as atividades vão sendo retomadas, agora com laboratórios maiores e mais modernos. “A previsão é de que, no ano que vem, voltaremos a ter – eu diria – uma atividade conforme foi planejada, total, de uso de todas as plataformas brasileiras na Antártica”, explica Jefferson Cardia, glaciologista e líder científico do ProAntar.
O apoio oferecido pela Estação Comandante Ferraz é muito importante, especialmente quando se trata de pesquisa com algumas espécies vegetais. Mônica Minozzo, doutoranda do Núcleo de Estudos da Vegetação da Antártica pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e bolsista da CAPES conta que algumas plantas, ao serem coletadas e armazenadas para seguir para o Brasil passam por forte estresse. “Com a nova Estação teremos muito mais espaço e, principalmente, laboratórios para conseguirmos fazer as pesquisas lá”, comemora.
Esta expectativa também é compartilhada por Arthur Brum, doutorando em Zoologia pelo Museu Nacional e integrante do Projeto Paleoantar. Com a retração das geleiras, uma grande quantidade de rochas, a base primária do seu trabalho, fica exposta. “A base estende e possibilita que atuemos também nas suas proximidades, na parte mais ocidental da Península Antártica, que ainda é muito desconhecida”, comenta.
Algumas curiosidades sobre a Antártica
Superlativa em quase todos os seus aspectos, a Antártica causa surpresa e espanto quando apresentada em números. Desta realidade não escapam nem os pesquisadores que ali trabalham e dão ao mundo novas e vitais informações sobre a sua relação direta com o clima da Terra.
Ali a natureza se mostra na sua forma mais pura e, também, mais implacável. Os ventos mais fortes do planeta varrem sua superfície e algumas vezes alcançam os 320 quilômetros por hora – registrados como furacões de categoria 5 (Escala de Saffir-Simpson).
Do mesmo modo, é o continente mais frio e mais seco, com temperaturas que atingem até -89,2ºC, a mais baixa já registrada no mundo. Se 98% do território antártico são cobertos por um manto de gelo que, em alguns pontos, alcança perto de cinco quilômetros de espessura. Lá se concentram 70% de toda a água doce da Terra e, embaixo desta espessa e quase intransponível camada, há lagos e rios que correm transportando a água mais pura do planeta.
Estima-se que o Oceano Austral é responsável pela absorção de cerca de 70% do excesso de calor e de, aproximadamente, 50% do carbono de todos os oceanos a cada ano.
A experiência dos pesquisadores
“Me sinto bastante privilegiada de estudar e ter tido a oportunidade de conhecer um lugar tão único quanto a Antártica. O Oceano Austral tem um papel-chave na regulação do clima do planeta, além de ser um ambiente muito sensível às atuais mudanças climáticas. A pesquisa, observação e monitoramento dessa região é fundamental para o melhor entendimento da biogeoquímica dos oceanos e o funcionamento do sistema climático do nosso planeta”.
Elis Rocha, oceanóloga, mestre em Oceanografia Física, Química e Geológica, doutoranda em Oceanologia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e bolsista da CAPES.
“As Ciências do Mar, no nosso país, têm um caminho muito próspero, não apenas pelo que conhecemos do Brasil, um país continental, mas agora, mais ainda por causa de toda essa biodiversidade que a gente pode encontrar em biomas totalmente diferentes. A gente lida com cientistas extremamente competentes, pessoas que são selecionadas pela CAPES”.
Bruno Masi, doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal Norte Fluminense, bolsista de Microbiologia da Universidade Federal Do Rio De Janeiro (UFRJ)
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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