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CIÊNCIA E SAÚDE
Pesquisa liderada pela UFU inibe ação da chikungunya
O vírus causador da chikungunya perdeu a capacidade de infectar, em 91%, ao ter contato com substância desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Em alguns momentos do teste, a redução da atividade chegou a 100%. A experiência ainda apontou que isso ocorre sem toxicidade para as células. O estudo foi publicado na revista científica internacional e de acesso aberto Frontiers .
A proposta era identificar o potencial terapêutico do RcP, um tipo de composto organometálico, resultado da ligação entre uma molécula orgânica (no caso do estudo, alfa-felandreno) e um metal (sal de rutênio). Os testes foram in vitro , ou seja, em laboratório, sem animais ou humanos. Nessa fase, o índice terapêutico ficou acima de 40, quantidade considerada elevada.
“Queremos melhorar a qualidade de vida da população afetada pela chikungunya. Ensaios in vivo integram o planejamento de atividades futuras para validar a ação antiviral do complexo RcP”, conta Ana Carolina Jardim, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFU e coordenadora do projeto. “Nossa equipe também vem investigando a potencial ação in vitro desse complexo contra outros arbovírus, como os causadores da febre Mayaro, da zika e da febre amarela”, continua.
Além da UFU, a equipe do projeto engloba pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade Ceres (Faceres), Universidade de Tartu (Estônia) e Universidade de Leeds (Inglaterra).
Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Daniel Martins é pesquisador da Unesp. Aluno de Ana Carolina, ele realiza a maior parte das atividades em laboratório na UFU. No projeto, atuou na busca e teste de compostos, para ver a atividade viral. Com o artigo publicado, ele já diz qual o próximo passo a ser dado. “Estamos investindo para que esse composto venha a ser um fármaco para combater a chikungunya”, afirma.
A chikungunya é causada por um arbovírus, ou seja, é transmitida por mosquitos. Chega aos humanos pela picada da fêmea de Aedes aegypti , mesmo agente da dengue e da zika. A doença tem baixa letalidade — em 2020, o Brasil teve mais de 70 mil casos e 17 mortes —, mas se torna crônica em 43% dos infectados, podendo durar anos. Os principais sintomas são febre, dores intensas nas juntas, pele e olhos avermelhados, dores pelo corpo e de cabeça, náuseas e vômitos.
Legenda das imagens:
Imagem 1:
A parte central do trabalho se deu no campus Umuarama da Universidade Federal de Uberlândia
(Foto: Guilherme Pera - CCS/CAPES)
Imagem 2:
Ana Carolina Jardim, coordenadora do projeto, diz que o intuito é melhorar a vida de quem sofre com chikungunya
(Foto: Guilherme Pera - CCS/CAPES)
Imagem 3:
Segundo o bolsista Daniel Martins, a equipe agora concentra esforços para que o estudo resulte em um tratamento(Foto: Guilherme Pera - CCS/CAPES)
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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