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Pesquisa investiga fatores de permanência de mulheres na Educação de Jovens e Adultos
Abenizia Auxiliadora Barros é graduada em Ciências Sociais e mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Bolsista da CAPES, ela desenvolveu um estudo que explica quais são os fatores de permanência de mulheres na Educação de Jovens e Adultos (EJA) durante a pandemia de covid-19, em Várzea Grande e Barra do Bugres, no estado de Mato Grosso.
Sobre o que é a sua pesquisa?
Trabalhei na modalidade de estudo EJA, especificamente com as mulheres estudantes desse formato. Fiz um paralelo com as alunas em Várzea Grande e Barra do Bugres, em Mato Grosso. A finalidade do estudo foi compreender os motivos que levaram muitas mulheres a ingressarem nessa modalidade de ensino, além de descobrir quais fatores influenciavam a permanência delas na pandemia. Lembrando que, em sua maioria são mulheres com faixa etária mais avançada e que vivem em situação de vulnerabilidade nas periferias das cidades.
No decorrer da pesquisa percebi a necessidade de falar e contextualizar sobre a política da EJA no Estado de Mato Grosso, uma vez que não há como trabalhar com um público que se beneficia dessa política sem entender como ela funciona e qual sua importância.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
Há uma grande parcela da sociedade que necessita, por inúmeros motivos, concluir pelo menos o ensino médio. Por meio dos estudos e pesquisas, identifiquei ser importante pensar em uma política pública que assegurasse a permanência desse tipo de educação, levando em consideração principalmente as mulheres da periferia.
Quais foram os principais resultados obtidos em sua pesquisa sobre os fatores que influenciam a permanência de mulheres na EJA?
Entendendo que mulheres estudantes da EJA são um grupo com algumas especificidades, conclui que a partir de suas narrativas, essas mulheres sofreram com a adaptação enquanto donas de casa, devido aos novos arranjos e cuidados exigidos no contexto de pandemia. Por serem a maioria trabalhadoras, enfrentaram dificuldades de adaptação aos moldes que lhes foram impostos, pois, segundo seus depoimentos, houve um aumento expressivo de desgaste físico e emocional, provocado pela sobrecarga dos trabalhos executados tanto em suas residências, como em seus respectivos empregos.
O significado que emerge nas observações é a construção do espaço da escola como um espaço de interação e trocas. Um lugar de solidariedade, evidenciando que a educação é também um ato coletivo, solidário e nunca se dá isoladamente. Assim foi possível constatar as necessidades e os desejos expressos pelas respostas das entrevistas, a saber, conseguir melhores condições de trabalho, terminar os estudos, fazer um curso superior ou simplesmente ter a escola como um espaço que proporcione a interação com os pares. O intuito da pesquisa foi abrir caminhos e lançar possibilidades
Fale da sua trajetória acadêmica.
Minha trajetória na Universidade Federal de Mato Grosso começou com a graduação em Ciências Sociais (licenciatura). O trajeto percorrido até chegar à universidade não foi como o de tantos outros que cursam o ensino médio normalmente. No meu caso, fiquei fora das salas de aulas por mais de 20 anos. Cursei até a 8ª série do ensino fundamental. Voltei a estudar apenas em 2010, quando cursei o 1º ano do ensino médio, sendo que, para além da conclusão, me inscrevi no SISU e consegui ingressar na UFMT em 2012. Por questões familiares e por dificuldades em me adaptar à cultura acadêmica, fiquei um tempo afastada. Ao retomar em 2015, houve um longo período de greve, mas não foi motivo para desistir. Em 2019 consegui terminar a graduação.
Na graduação, fui bolsista PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), atuei como pesquisadora na Antropologia, com participação atuante na produção de Laudo Antropológico de quilombos de Mato Grosso e só consegui concluir a graduação graças ao fato de ser assistida por bolsas, bem como o auxílio permanência.
De que forma a CAPES contribuiu para a sua formação?
A bolsa da CAPES foi de suma importância para que eu pudesse concluir o mestrado, uma vez que não havia nenhuma possibilidade de conclusão, se não fosse o valor da bolsa, pois sendo mulher, preta e da periferia, com 56 anos de idade não teria muitas possibilidades. Ainda mais para quem fez faculdade e iniciou o mestrado na condição de empregada doméstica. Serei eternamente grata a UFMT e a CAPES por tornarem possível uma nova realidade a partir da educação.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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