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Pesquisa busca revolucionar combate a leishmaniose
Graduada em Ciências Biológicas na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Beatriz Rodrigues é mestre em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Bolsista da CAPES, ela estuda o desenvolvimento de imunossensor diagnóstico para leishmaniose em seu doutorado na UFMT, em Ciências Fisiológicas.
Qual é o objeto da sua pesquisa?
Minha pesquisa se concentra no desenvolvimento de biossensores eletroquímicos inovadores para o diagnóstico precoce da leishmaniose visceral humana (LVH), uma doença tropical negligenciada, que afeta milhares de pessoas em todo o mundo. O objetivo principal é criar um método de diagnóstico menos invasivo, preciso e eficiente, capaz de detectar a LVH em seus estágios iniciais e sem reação cruzada com a doença de Chagas, um desafio crucial para o diagnóstico diferencial, inclusive em pacientes assintomáticos, potenciais doadores de sangue em áreas endêmicas, o que expõe outros pacientes a risco.
A leishmaniose visceral é uma doença parasitária transmitida por mosquitos, que causa graves danos aos órgãos internos, com alta taxa de mortalidade, se não for diagnosticada e tratada precocemente. No Brasil, a LVH representa um sério problema de saúde pública, com milhares de casos registrados anualmente, impactando significativamente o sistema de saúde e a vida socioeconômica dos pacientes e seus familiares. Em dados publicados pela OMS e OPAS, o Brasil está entre os 4 países do mundo que respondem atualmente por 70% dos casos dessa doença.
Os biossensores eletroquímicos se apresentam como uma solução promissora para o diagnóstico da LVH. Esses dispositivos minúsculos combinam biomateriais com eletrodos para detectar biomoléculas específicas, como proteínas ou anticorpos, presentes no sangue ou em outros fluidos corporais. No caso da LVH, os biossensores eletroquímicos podem ser utilizados para detectar biomarcadores da doença presentes no soro de pacientes contaminados, permitindo um diagnóstico preciso e precoce.
Em que estágio está esse trabalho?
A pesquisa atual representa um passo inicial, mas crucial no desenvolvimento de biossensores eletroquímicos para a LVH. Já obtivemos resultados promissores na detecção de biomarcadores específicos da doença em amostras de soro, demonstrando o potencial da tecnologia para o diagnóstico precoce e preciso. No entanto, ainda há desafios a serem superados, como a validação clínica em larga escala e a garantia da acessibilidade para populações de baixa renda. Para mais detalhes sobre a minha pesquisa, acesse o artigo publicado na revista científica "Biosensors & Bioelectronics": https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2666831924000535. Acredito que o desenvolvimento de biossensores eletroquímicos para o diagnóstico da LVH tem o potencial de revolucionar a forma como combatemos essa doença negligenciada. Com o apoio da comunidade científica e de investimentos em pesquisa, podemos alcançar um futuro em que a LVH seja diagnosticada precoce e precisamente, salvando vidas e contribuindo para a melhoria da saúde pública brasileira e em todo o mundo.
O que considera mais relevante nessa pesquisa?
O maior destaque desta pesquisa reside no seu potencial para democratizar o diagnóstico da leishmaniose visceral humana (LVH), especialmente em zonas endêmicas e carentes de recursos financeiros e acesso hospitalar. Através da simplicidade e baixo custo dos biossensores eletroquímicos, a pesquisa abre caminho para um futuro em que o diagnóstico da LVH seja tão acessível quanto o feito pelo glicosímetro, que é um dos biossensores mais conhecidos hoje, permitindo o diagnóstico precoce e preciso em qualquer lugar, mesmo em áreas remotas e com infraestrutura limitada. Além disso, essa pesquisa oferece um potencial inovador para inserção em hemocentros, onde a triagem para LVH ainda não é realizada, devido aos altos custos do diagnóstico tradicional.
No futuro, ao diagnosticar pacientes assintomáticos de áreas endêmicas que são doadores de sangue, a pesquisa pode evitar a transmissão da doença através de transfusões, protegendo os receptores de sangue e contribuindo para a segurança do sistema de doação. A pesquisa se configura como mais uma peça crucial no quebra-cabeça para o diagnóstico eficiente e com bom custo-benefício da LVH, tanto para pacientes sintomáticos quanto assintomáticos. O diagnóstico precoce e preciso proporcionado pelos biossensores eletroquímicos, aliado à triagem em hemocentros, permitirá um combate mais eficaz à doença, reduzindo a mortalidade, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e otimizando os recursos do sistema de saúde.
Além dos benefícios já elencados, de que outras formas a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
O diagnóstico precoce da LVH em áreas endêmicas e carentes pode gerar um impacto social e econômico significativo, incluindo, redução da mortalidade e melhora da qualidade de vida dos pacientes; diminuição dos custos com internações e tratamentos prolongados; controle da transmissão da doença e proteção da saúde pública, e benefícios socioeconômicos para as comunidades afetadas pela LVH. Esta pesquisa representa um avanço significativo na área de biossensores eletroquímicos para o diagnóstico de doenças negligenciadas, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas ferramentas de diagnóstico para outras doenças de importância global. A pesquisa sobre biossensores eletroquímicos para a LVH se destaca por sua abordagem inovadora e promissora, com o potencial de revolucionar o diagnóstico dessa doença e contribuir para um futuro mais saudável e equitativo para todos.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
A bolsa da CAPES se configura como um pilar fundamental na minha jornada de formação, impulsionando-me a alcançar patamares inéditos de conhecimento e pesquisa. Sem o apoio da CAPES, a dedicação integral a este projeto de pesquisa, com tamanha relevância social, seria inviável. O fomento e a distribuição de bolsas pela CAPES assumem um papel crucial no cenário da pesquisa brasileira.
Ao investir em pesquisadores dedicados e projetos inovadores, a CAPES garante a viabilidade da pesquisa científica no país, abrindo portas para descobertas que transformam realidades e impulsionam o desenvolvimento socioeconômico da nação. A bolsa da CAPES me proporcionou a oportunidade de me dedicar integralmente à pesquisa sobre biossensores eletroquímicos para o diagnóstico da leishmaniose visceral humana (LVH). Essa pesquisa, com grande potencial para salvar vidas e melhorar a saúde pública, só foi possível graças ao apoio financeiro da CAPES. Além do mais, a publicação desta reportagem pela CAPES representa um passo muito importante na disseminação do conhecimento e na promoção da pesquisa e dos pesquisadores envolvidos. Por meio da visibilidade proporcionada pela CAPES, podemos despertar o interesse de diversos públicos. A CAPES, por meio de suas bolsas e ações de fomento, é a base para a formação de pesquisadores qualificados e para a realização de pesquisas de alto impacto. Agradeço imensamente à CAPES por sua inestimável contribuição para a minha formação e para o desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CGCOM/CAPES