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Pesquisa analisou ação coletiva em condomínios de armazéns rurais
Amanda Cristina Gaban Filippi é graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Agronegócios pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Agronegócios pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Bolsista da CAPES, investigou “A Lógica da Ação Coletiva para os Condomínios de Armazéns Rurais”. Atualmente, em seu pós-doutorado, estuda a produção orgânica de plantas medicinais, aromáticas e condimentares, com foco em melhorar a qualidade de vida no campo e nas cidades.
Sobre o que é a sua pesquisa?
Eu trabalhei com a pesquisa “A Lógica da Ação Coletiva para os Condomínios de Armazéns Rurais”. Os Condomínios de Armazéns Rurais são um tipo de ação coletiva rural, empreendedora e relativamente nova, em que é viabilizada uma estrutura de armazenagem através da divisão de cotas de armazenamento entre produtores rurais vizinhos sócios. Além de auxiliar na superação do déficit de armazenagem, dentre outros gargalos logísticos como o de transporte, os condomínios reduzem custos e proporcionam vantagens com base no sistema condominial, da armazenagem e do associativismo.
A teoria da Lógica da Ação Coletiva mostra claramente que a ação coletiva pode surgir no momento em que uma série de indivíduos têm objetivos econômicos comuns. Esse argumento é claro para os Condomínios de Armazéns Rurais.
O pequeno grupo de produtores rurais com objetivos econômicos comuns está presente por meio da armazenagem no modelo de ação coletiva rural. Os produtores rurais, com o objetivo de estabelecer estruturas de armazenagem, se beneficiam do sistema de condomínio e armazenagem, além de driblar alguns gargalos logísticos, levaram à criação da ação coletiva rural no Agronegócio Brasileiro por meio do compartilhamento de cotas de armazenagem.
O modelo é adequado para pequenos grupos, entre 8 e 24 produtores rurais, que produzem em uma área, em média, 4.557,14 hectares, e é capaz de gerar receita por meio da venda da produção e armazenagem. Dessa forma, há uma condição financeira e econômica para viabilizar a estrutura de armazenagem e manter os custos do Condomínio a longo prazo.
Além disso, os produtores que pertencem ao Condomínio já tinham experiência e/ou conhecimento em outras formas de ações coletivas, e muitos agricultores já faziam parte de diferentes tipos de modelos cooperativos. Entretanto, os Condomínios de Armazéns Rurais se diferenciam de outros modelos por tornar a estrutura do armazém um bem comum a todos os produtores rurais parceiros. Notadamente, promovem a comercialização estratégica da produção, venda direta dos produtos (grãos), lucro superior na venda, sua característica de modelo menos burocrático, maior poder de decisão sobre seu produto, redução de filas na carga/descarga do armazém e entrada na unidade. Os produtores são donos da estrutura de armazenagem em si, e individualmente. Vale frisar que os armazéns não seriam viáveis para pequenos e médios produtores fora deste modelo.
Qual a importância da sua pesquisa para a sociedade?
Os resultados revelam aproximação do modelo rural nos Condomínios de Armazéns Rurais com a Teoria da Lógica da Ação Coletiva principalmente para pequenos grupos, visto que os objetivos individuais sob a ação coletiva são mais facilmente alcançados e mais eficientes, promovendo vantagens para o indivíduo, para o negócio e para a cadeia produtiva. Tal fato explica-se já que em pequenos grupos os objetivos econômicos, a coesão e eficiência, o controle e agilidade das ações, o benefício coletivo, os incentivos sociais, os resultados e a promoção do interesse individual são mais satisfatórios e não há presença de freeriders. Além disso, destacam-se a viabilização da estrutura de armazenagem de forma coletiva, fortalecimento e maior eficácia do negócio rural e dos produtores, inserção e integração em ambiente competitivo de mercado, benefícios econômicos e benefícios sociais, redução de custos, e, aumento do lucro. Quanto aos determinantes econômicos, sociais e logísticos evidenciam a comercialização do produto, ganhos logísticos, e, a união dos produtores no tocante ao desenvolvimento e crescimento da ação coletiva rural.
Por fim, a análise quantitativa indica os principais fatores motivadores para o modelo Condomínio de Armazém Rural por meio de variáveis Sociais, Logísticas, Políticas, Econômicas, Gestão e da Lógica da Ação Coletiva.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para a sua formação?
Desde o meu mestrado, eu sempre fui bolsista — de iniciação científica, de mestrado, de doutorado. Posso dizer que a CAPES teve um papel fundamental na minha formação. Foi essencial para o meu trabalho e para a minha dedicação. Eu sou pesquisadora em tempo integral. Sem a bolsa da CAPES, eu não teria como desenvolver esse trabalho da maneira que desenvolvo hoje. Não teria condições de me dedicar tanto.
Quando terminei o doutorado, decidi não seguir direto para o pós-doutorado porque senti que precisava de uma experiência profissional antes, algo que me proporcionasse um maior contato com o mercado de trabalho. Foi então que surgiu a oportunidade do programa da CAPES para consolidação de programas emergentes, e eu pude dar esse próximo passo. Acredito que foi um momento decisivo para a minha carreira, e me sinto muito grata por isso.
Eu realmente acredito que a CAPES tem um papel crucial na ciência brasileira, e é por isso que faço questão de apoiar e incentivar os editais e as iniciativas que ela lança. São esses programas que permitem que a ciência avance, que pesquisadores possam se dedicar de corpo e alma à pesquisa e ao desenvolvimento. Sem o financiamento, não conseguimos fazer ciência de qualidade.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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