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Pesquisa analisa reconstituição paleoambiental de florestas
Thamyres Sabrina é formada em geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em Minas Gerais, mestre em Ciências Florestais e doutora em Produção Vegetal pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Fale sobre a sua pesquisa.
Trabalho para entender como se originam fragmentos de florestas pertencentes ao domínio da Mata Atlântica em meio ao predomínio do Cerrado. Para isso, tento reconstituir a paisagem. Com o que foi desenvolvido, meu intuito é estudar fragmentos de carvão microscópicos que podem ser encontrados em solos orgânicos de ambientes de turfeiras, conhecidas popularmente como Capões de mata na região da Serra do Espinhaço Meridional, em Minas Gerais. A ideia fundamental é que esses carvões ajudem na reconstituição da paisagem no contexto do período Quaternário, que vai de 2,6 milhões de anos atrás até hoje.
Qual a importância desse tema?
Nossa sociedade precisa compreender o passado para se planejar melhor em um planeta de recursos naturais cada vez mais escassos, sobre os quais exercemos pressões que sequer temos condições de saber quão drásticas são. Uma sociedade sem história é fadada ao fracasso, e recontar a história das paisagens é contribuir para saber melhor quem somos.
O que foi descoberto até agora?
Já temos levantamento florístico das áreas, coleta de solos e de lâminas microscópicas de fitólitos (microfósseis presentes no solo), a determinação da idade do carbono da matéria orgânica. É possível mensurar os carvões quanto a quantidade de fragmentos e a frequência com que eles são encontrados no solo, o que tem relação com a questão do fogo no contexto paleoambiental. Encontramos muitos fragmentos em alguns lugares, quase nada em outros. A partir disso, muitas perguntas científicas podem ser formuladas para tentarmos responder com o que foi desenvolvido.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
A minha pesquisa contribui ao trazer mais informações sobre a reconstrução da nossa história paleoambiental. Mas não só isso: também favorece a produção de novos conhecimentos. Como mulher negra, descendente de índios e negros, presto contribuição à sociedade ao incluir o nome, a cor, a história de tudo que isso representa nessa bibliografia quase sempre tão branca e masculina. Acredito na integração multidisciplinar e reforço a ideia de que ser coletivo é o melhor jeito de existir, mesmo dentro da ciência. Para além da representatividade, minha pesquisa se preocupa em buscar soluções para um mundo melhor e menos desigual.
O que vale destacar da sua pesquisa?
Ela é instigante, colaborativa, multidisciplinar. Principalmente feita por mim, uma mulher negra, descendente de índios e africanos, que ingressou no ensino superior pelas cotas raciais, que fez mestrado e doutorado com uma filha pequena. Vale destacar que minha pesquisa trata das relações de contato entre áreas campestres e florestadas, que busca preencher uma das lacunas de conhecimento da fitogeografia brasileira. Também é muito relevantes para a conservação de biodiversidade.
Qual é a importância da bolsa da CAPES?
A bolsa da CAPES é o apoio principal para a permanência da grande maioria dos pós-graduandos do Brasil nos ambientes de pesquisa, de onde saem tantos resultados importantes para a sociedade. A bolsa me permitiu dedicar-me exclusivamente a pesquisa, e me possibilitou vivenciar a universidade para além do meu programa de pós-graduação, das minhas disciplinas e do meu laboratório. Graças ao investimento na minha educação, não precisei desistir do mestrado em função da maternidade. Sou infinitamente grata à instituição por ter me permitido trilhar todo esse caminho com a tranquilidade, me apoiando nessa jornada.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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