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Pesquisa analisa o neurodesenvolvimento infantil em contato com a Natureza
Mônica Oliveira é graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em Pedagogia pela União Brasileira de Faculdades. Mestre em Educação, Gestão e Difusão pelo Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBQM/UFRJ) e doutoranda em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Bolsista da CAPES, desenvolve uma pesquisa voltada para a aprendizagem infantil ao ar livre, com foco na formação de profissionais da educação infantil do estado do Rio de Janeiro. Em 2024, foi reconhecida com o prêmio Pesquisadora Pela Primeira Infância, concedido pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI).
Sobre o que é a sua pesquisa?
A pesquisa investigou as potencialidades e influências de uma formação continuada (curso virtual de extensão) sobre aprendizagem infantil ao ar livre, com foco na neuroeducação, na atuação de profissionais de educação infantil do estado do Rio de Janeiro.
O curso foi desenvolvido no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ), Campus Mesquita, e aborda módulos sobre: a Natureza que somos (com práticas guiadas baseadas em mindfulness – cultivo do estado de presença e regulação emocional), a Natureza de aprendizagem da criança, neurodesenvolvimento infantil em contato com a Natureza, experiências afetivas ao ar livre, a importância do brincar ao ar livre no cotidiano da escola, diversidade e inclusão na Natureza, e políticas públicas.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
As evidências científicas mostram que, nos primeiros anos de vida, o desenvolvimento cerebral criará as bases para o aprendizado de toda a vida. Portanto, os estímulos que oferecemos às crianças para que essa aprendizagem aconteça são muito importantes, principalmente através do brincar ao ar livre, que é capaz, inclusive, de aumentar a imunidade. Ele eleva os níveis de vitamina D; reduz sintomas de TDAH; combate ansiedade e depressão; favorece o desenvolvimento sensório-motor – estimula todos os sentidos, e o cognitivo-emocional – atenção, memória, funções executivas, empatia, resiliência; fortalece vínculos afetivos com o outro e a Natureza.
De acordo com o estudo, as etapas da aprendizagem da criança podem ser potencializadas no brincar ao ar livre, com e na Natureza, em um ambiente natural no qual a criança aciona todos os sentidos somatossensoriais e proprioceptivo/cinestésico, como cheiros, sabores, sons, cores, texturas, temperatura, posição do corpo no espaço – que formarão memórias corporais, sensoriais e afetivas por toda a vida.
Das profissionais de educação infantil que responderam ao questionário da pesquisa em 2022, 64% sinalizaram ficar até 10 horas na creche, 88% das crianças brincam ao ar livre durante duas horas ou menos por dia, quando brincam do lado de fora, e 100% concordaram que o brincar ao ar livre é fundamental para o desenvolvimento infantil.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
De forma estratégica um dos módulos do curso de extensão foi sobre políticas públicas, mostrando a importância das evidências científicas para fundamentarem as propostas de projetos de lei, diretrizes curriculares e projetos políticos pedagógicos.
Nos anos de 2023 e 2024, realizamos formações, trilhas em parques naturais e festivais de atividades ao ar livre em praças públicas com a participação de mais de 600 pessoas. Todos os eventos foram gratuitos e realizados em parceria com creches e pré-escolas da rede de educação de Niterói, Rio de Janeiro, democratizando os espaços públicos da cidade. Ao longo dos quatro anos de doutorado, foram produzidos mais de 30 trabalhos científicos e produtos educacionais – plataforma virtual, artigos, livros, capítulos de livros e posters.
Conquistamos dois prêmios: Shift Awards USA 2023, e o Prêmio Pesquisadora pela Primeira Infância do NCPI 2024, que reconhece as pesquisas desenvolvidas no Brasil e que contribuem para a qualificação das políticas públicas nacionais destinadas à primeira infância.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
Com os recursos financeiros da bolsa CAPES, pude ter mais tempo para me dedicar à pesquisa. Produzimos mais de 30 trabalhos científicos, submetemos os resultados da nossa pesquisa para apresentação em eventos nacionais e internacionais, concorremos a premiações e conquistamos dois prêmios – um deles nos Estados Unidos, em 2023 – Shift Summit Awards – Research GP RED/Healthy Communities Research Group. Em 2024, veio a conquista do prêmio Pesquisadora Pela Primeira Infância, honraria concedida pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) - uma coalizão que trabalha para sensibilizar, mobilizar e capacitar lideranças para fortalecer e qualificar programas e políticas públicas direcionadas ao enfrentamento das desigualdades que afetam as crianças. Para dar continuidade como pesquisadora, desejo seguir para o pós-doc com uma nova bolsa. Ressalto que investimentos das agências de fomento, como a CAPES, são fundamentais para a formação dos cientistas brasileiros.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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