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PRÊMIO CAPES DE TESE
Pesquisa analisa inibidores dos vírus da febre amarela e covid
Com a tese Caracterização estrutural e busca por inibidores das proteases dos vírus emergentes: Vírus da Febre Amarela e SARS-CoV-2, Gabriela Dias Noske, da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, foi a vencedora do Prêmio CAPES de Tese na área da Astronomia/Física. A cientista explica que o trabalho consistiu em realizar estudos estruturais, funcionais e busca por inibidores das proteases do SARS-CoV-2, “permitindo assim o desenvolvimento de ferramentas para o controle e prevenção de futuras epidemias”.
Fale da sua trajetória acadêmica, da graduação ao doutorado.
Me formei em Ciências Físicas e Biomoleculares, pela USP de São Carlos, em 2018. Durante a graduação, participei da iniciação científica, onde também fiz meu doutorado (IFSC, USP). Iniciei o doutorado (direto) em 2019, e defendi minha tese em 2023. No decorrer do doutorado, tive a oportunidade de fazer um ano de estágio em pesquisa no exterior, com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no Centre for Structural System Biology, em Hamburgo, Alemanha, entre maio 2022 e maio 2023.
Sobre o que é a sua pesquisa? Explique de forma mais detalhada o conteúdo da sua tese.
É sobre biologia estrutural de proteases de vírus. Iniciei meu doutorado focando em estudos estruturais, bioquímicos e busca por inibidores da protease do vírus da Febre Amarela. Porém, após o início da pandemia, meu grupo passou a realizar estudo com o vírus SARS-CoV-2, e meu trabalho consistiu em realizar estudos estruturais, funcionais e busca por inibidores das proteases do SARS-CoV-2, em particular com a sua protease principal (Main Protease ou Mpro). Neste trabalho, buscamos não somente determinar a estrutura dessa protease, mas também entender o seu mecanismo de maturação. O entendimento estrutural e da maturação tem suma importância para o desenvolvimento de novos fármacos, além de entender melhor o funcionamento do vírus. Trabalhei com diferentes técnicas durante meu doutorado, numa abordagem de biologia estrutural integrativa, incluindo ensaios de atividade, cristalografia de raios X e crio microscopia eletrônica.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
Em relação ao vírus da febre amarela, nesta tese foi elucidada uma estrutura inédita da protease deste vírus, que causou um surto no Brasil durante 2016-2017. Quanto à Mpro de SARS-CoV-2, foi determinado o mecanismo de maturação dessa proteína, que permite que vírus se torne funcional e capaz de replicar e infectar outras células.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
A pandemia de SARS-CoV-2, se espalhou rapidamente em proporções globais, afetando de forma impactante a economia e os sistemas de saúde pública. Os desafios impostos pela pandemia de COVID-19 devem estimular a conscientização de cientistas, governos e da sociedade sobre a importância das pesquisas básicas em virologia e o desenvolvimento de novos antivirais. Diversas doenças virais permanecem sem tratamento específico, como os poxvírus, alphavírus, flavivírus e alguns vírus de febre hemorrágica. Além disso, a constante emergência de resistência a antivirais evidencia a necessidade de busca por novas alternativas de tratamento. Dada a grande variedade de vírus conhecidos e desconhecidos na natureza, epidemias e pandemias continuarão a ocorrer. Cabe a nós, portanto, continuar nosso trabalho e nos preparar melhor para enfrentar e tratar as infecções, e, talvez, em algum momento, prevenir o surgimento de novos surtos. Neste contexto, este trabalho contribui para um maior entendimento sobre as proteases dos vírus da febre amarela e SARS-CoV-2, e suporta o desenvolvimento de novos antivirais, permitindo a criação de ferramentas para o controle e prevenção de futuras epidemias.
Qual a importância para você de sua tese ter sido escolhida a melhor na área?
Ser reconhecida pelo trabalho realizado durante meu doutorado é de extrema importância para a consolidação da minha carreira como pesquisadora, uma vez que estou iniciando como pesquisadora independente. Além disso, o trabalho desenvolvido durante a pandemia enfrentou diversos desafios, tanto pessoais quanto profissionais. Por isso, é muito gratificante ver esse trabalho sendo reconhecido, especialmente por sua capacidade de auxiliar e contribuir com minha pesquisa em um momento de relevância crucial para a saúde mundial.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
Fui bolsista da CAPES durante os primeiros três meses da minha pós-graduação no mestrado. Foi uma decisão minha e do meu orientador optar por uma bolsa de doutorado direto. De qualquer maneira, ter recebido esta bolsa da CAPES nesse período foi fundamental, pois eu não teria condições financeiras de ingressar no mestrado sem esse suporte.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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