Notícias
BOLSISTA EM DESTAQUE
Pesquisa analisa história das ondas sonoras
No ano em que a primeira emissora de rádio completa cem anos no Brasil – a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, criada em 1923, por Edgard Roquete Pinto –, Marcelo Honorato, mestrando em Educação pela Universidade Federal de Tocantins (UFT), dedica-se a estudar a origem e a atualidade deste meio de comunicação. Para ele, o rádio é uma forma de sintonizar-se com um mundo de possibilidades.
Qual a sua proposta de pesquisa?
É conhecer a trajetória, o contexto social e os fatos históricos do processo de implantação da radiodifusão na cidade de Porto Nacional, pertencente ao antigo norte de Goiás, no período compreendido entre 1968 e 2002. Os caminhos da pesquisa visam conhecer e registrar os fatos históricos importantes como as contribuições para a efetivação de práticas socioeducativas em prol dos benefícios da comunidade deste período.
Nesta era de novas tecnologias de comunicação e informação, qual é a importância do rádio para a sociedade?
O rádio vem se adequando às novas tecnologias através de transmissões
on-line
, por meio de aplicativos, ou plataformas, onde podemos acessar frequências radiofônicas de qualquer parte do mundo e de forma instantânea. Assim, podemos dizer que o rádio continua presente, agradando a todos os segmentos sociais, pois ele pode ser ouvido em qualquer circunstância do dia a dia. Podemos estar sintonizados com o rádio enquanto realizamos atividades de cunho pessoal ou em grupo, acompanhado de um bom café, ao dirigir o automóvel pela cidade, conectado ao fone de ouvido no local de trabalho, ao pegar o coletivo interurbano ou ao acessar os mais variados espaços e ambientes sociais. O rádio está sempre presente em nossas vidas! E o melhor: pode ser acessado facilmente pelo celular por meio de aplicativos. Mesmo diante do avanço das novas tecnologias, milhares de pessoas ainda utilizam o rádio como principal meio de informação no País e no mundo. Nas comemorações dos cem anos do rádio, podemos dizer que o rádio sobreviveu e se reinventou após a chegada da TV, na década de 1950 e da internet, mais recentemente.
Qual o papel da rádio na cidade pesquisada?
O sistema de radiodifusão de Porto Nacional, criado no ano de 1968, no auge da ditadura militar, surgiu como resposta aos anseios dos cidadãos diante da precariedade social. Através do rádio os cidadãos buscavam ser representados socialmente ao realizarem debates, discussões e busca de melhorias para a cidade, embora para que isso acontecesse tenha sido necessária a “ajuda” de participação política. Isto, de fato aconteceu, através do prefeito da época, que abriu a primeira emissora de rádio em sua residência. Diante disso, a o Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel) apreendeu os equipamentos, levando-os para Brasília. Assim, embora houvesse interesses políticos que permearam o início do sistema de radiodifusão na cidade naquela época, percebe-se que hoje as emissoras trabalham mais no viés comercial, com uma programação variada, mas preservando aspectos de interesses comunitários.
O que causou as transformações da radiodifusão na cidade pesquisada?
Após a consolidação do rádio em Porto Nacional, por volta dos anos 2000, podemos dizer que o crescimento do comércio local ao longo do século passado, alinhado à chegada de faculdades e universidades, tornou a cidade referência no aspecto educacional. Além disso, a proximidade de Porto Nacional com a capital, Palmas (60km), favoreceu o sistema radiofônico local a ser referência para todo o Estado. Porto Nacional tornou-se um “celeiro” de inúmeros locutores e programadores que saíram para outros regiões, e até países. O que, de fato, motivou as transformações do sistema de radiodifusão na cidade, desde seu início, foi o sentimento de a cidade ser representada socialmente e politicamente, além de valorizada.
Como a existência de rádios legais e rádios livres afetou a história da rádio em Porto Nacional?
Na verdade, houve uma sequência de fatos e acontecimentos históricos que fortaleceram o sistema radiofônico local. Após o fechamento da primeira emissora de rádio em 1968, pelos termos da ditadura militar, surgiram as rádios livres, chamadas de “piratinhas”, em meados de 1982, que revelaram grandes talentos do rádio. As rádios livres foram verdadeiras escolas radiofônicas: prepararam os locutores, técnicos e programadores que, mais tarde, assumiriam os estúdios das primeiras emissoras legais. A primeira, chamada de Rádio Anhaguera AM, foi inaugurada em 1988.
Qual o papel que o rádio terá no futuro diante das TIC? O rádio se reinventou com as novas TIC. Continua presente com uma programação atual, mais dinâmica, global, interativa, sendo ao vivo ou não, mas que reforça a presença do rádio no mundo tecnológico. O rádio tornou-se presente na internet com o uso de plataformas variadas, por cujos canais as programações são transmitidas, aproximando cidades e até países, em suas mais diversas culturas. Podemos dizer que os ouvintes do rádio atual são privilegiados por continuarem a ouvi-lo, em toda a sua amplitude e universo midiático. O rádio é, sim, muito importante na atualidade, pois vem criando laços radiofônicos a nível global, levando e trazendo alegria, informação, entretenimento, sentimentos e emoções.
Qual a importância da CAPES para a realização de sua pesquisa?
A CAPES tem sido meu grande apoio, alicerce e posso até dizer, provedora em todos os sentidos, pois é com este financiamento que eu me dedico integralmente à pesquisa em todas as etapas. E aproveito o ensejo para dizer que estou feliz com a valorização desta bolsa de pesquisa, com o reajuste atual, pois estou finalizando os caminhos da pesquisa na certeza de que a ciência e a verdade irão vencer, sempre! Viva a Ciência! Viva a CAPES! Viva a Democracia!
Legenda das imagens:
Banner:
Imagem ilustrativa
(Foto: iStock
)
Imagem 1:
A foto mostra o pesquisador em sua juventude trabalhando em uma rádio
(Foto: Arquivo pessoal
)
Imagem 2:
Marcelo Honorato faz pesquisa sobre a vida das rádios em Porto Nacional, no Tocantins
(Foto: Arquivo pessoal
)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura CGCOM/CAPES