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Pesquisa analisa elementos que protegem o cérebro do Alzheimer
Jéssica Rabelo Bezerra é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Após a graduação, prosseguiu com o mestrado e doutorado em Farmacologia no Laboratório de Neurociências e Comportamento, com ênfase em Neurociências e Doenças Neurodegenerativas também pela UFC. Como bolsista da CAPES, Jéssica investigou como o ácido clorogênico, encontrado no café e nas frutas, e a cafeína podem contribuir para a proteção do cérebro contra a Doença de Alzheimer estudada em um modelo animal.
Sobre o que é a sua pesquisa?
Minha pesquisa de doutorado investigou os efeitos do Ácido Clorogênico (ACG) e da Cafeína (CAF) em camundongos submetidos a um modelo de Doença de Alzheimer Esporádica (DAE), induzido pela substância estreptozotocina (STZ). A Doença de Alzheimer causa perda progressiva de memória e de habilidades cognitivas, e esse modelo com STZ reproduz várias características da doença, como estresse oxidativo, neuroinflamação e alterações no metabolismo da insulina.
Tanto o ACG quanto a CAF, presentes no café, possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. O estudo investigou se esses compostos poderiam proteger contra os déficits cognitivos induzidos pela STZ. Após 26 dias de tratamento com ACG e CAF, os camundongos apresentaram preservação da memória, sem alterações na locomoção, ansiedade ou glicemia. O tratamento também reduziu marcadores de estresse oxidativo e inflamação no cérebro, além de preservar o fator neurotrófico (BDNF), essencial para a saúde dos neurônios, evidenciando uma ação neuroprotetora.
Análises de docking molecular mostraram que ACG e CAF interagem com proteínas como a acetilcolinesterase e os receptores de insulina, sugerindo que esses compostos ajudam a regular processos metabólicos e inflamatórios. Esses achados reforçam o potencial terapêutico desses compostos, que podem ser utilizados como adjuvantes no tratamento da Doença de Alzheimer esporádica.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
O levantamento mostrou que o Ácido Clorogênico e a Cafeína, substâncias comuns no café, podem ter efeitos neuroprotetores em um modelo experimental de Doença de Alzheimer Esporádica. Esse achado é relevante, pois sugere que algo acessível, como o café, pode ajudar na proteção da saúde cerebral, prevenindo déficits cognitivos e combatendo a neuroinflamação.
Apesar do potencial do Ácido Clorogênico e da Cafeína para melhorar a função cognitiva e reduzir danos neuronais, é importante entender que eles atuam como adjuvantes, não como um tratamento completo. Seu uso pode complementar terapias tradicionais, especialmente em estágios iniciais da doença, e contribuir para a qualidade de vida dos pacientes em estratégias de prevenção ou cuidado contínuo.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
O estudo explora os efeitos neuroprotetores do Ácido Clorogênico e da Cafeína, compostos comuns no café, sobre a Doença de Alzheimer, uma das principais causas de demência e sem cura definitiva. Ao mostrar que esses compostos podem prevenir déficits de memória e reduzir a neuroinflamação em modelos experimentais, o estudo sugere possíveis estratégias preventivas e de suporte ao tratamento da doença.
Utilizar substâncias acessíveis e já presentes na dieta das pessoas, como as do café, oferece uma abordagem realista e aplicável. Assim, o consumo de café pode ser visto não apenas como um hábito prazeroso, mas potencialmente benéfico para a saúde cerebral, especialmente no envelhecimento. Embora mais estudos em humanos sejam necessários, essa pesquisa contribui para desenvolver formas de prevenção e cuidados com doenças neurodegenerativas, além de incentivar a adoção de hábitos que promovam a neuroproteção.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
A bolsa CAPES foi essencial para minha formação acadêmica e científica, ofereceu suporte financeiro que me permitiu focar integralmente na pesquisa. Esse apoio viabilizou minha participação em cursos, eventos e treinamentos que ampliaram minhas habilidades experimentais e meu conhecimento em neurofarmacologia e neurociência, além de possibilitar minha atuação em projetos inovadores. Também foi crucial para uma formação científica sólida, desde os primeiros contatos com a prática de pesquisa até a conclusão de estudos complexos, como meu doutorado sobre os efeitos neuroprotetores do ácido clorogênico e da cafeína no modelo de Doença de Alzheimer. Sem esse apoio, seria muito mais difícil alcançar o nível de dedicação e profundidade necessários para projetos dessa importância.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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