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PRÊMIO CAPES DE TESE
Pesquisa analisa dinâmica cultural das intervenções artísticas urbanas
“Intervenção urbana” é um termo que designa movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos. Essas manifestações, além de outras dinâmicas culturais dos centros urbanos, como prática de skate , música, teatro, festas e diversas outras formas de expressão, compuseram o cenário para a pesquisa de Bianca Martins, vencedora do Prêmio CAPES de Tese na área de Planejamento Urbano e Regional/Demografia. O trabalho descreve as narrativas por direito à cidade e à citadinidade, que são formas de ocupar e se relacionar com o espaço urbano.
A tese premiada, intitulada É o Vale! Cartografias e intervenções artísticas visuais urbanas e narrativas por direito à cidade e citadinidade no Vale do Paraíba Paulista , foi realizada de 2019 a 2022 e orientada pelas professoras Fabiana Amaral e Silva e Valéria Zanetti, na Universidade do Vale do Paraíba (Univap) em São José dos Campos (SP).
A pesquisadora analisou as dimensões culturais a partir das práticas de artistas nas cidades de Jacareí e São José dos Campos. “A metodologia da pesquisa se apropriou da etnografia aplicada em espaços físicos e digitais. Com base nas narrativas de artistas, foi possível desenvolver sete cartografias, com registros dos modos de ocupação artística visual, por meio de mapas falados – pela perspectiva dos artistas ligados às intervenções artísticas visuais urbanas”, relata.
A pesquisa evidencia as diferentes formas de interação, de processos e de desenvolvimento das intervenções tanto em territórios físicos quanto digitais. “A tese demonstrou que as intervenções artísticas visuais urbanas transcendem os espaços físicos, ao ocuparem também os meios digitais, como o registro fotográfico, o graffiti , a pichação, a colagem de adesivos e as diversas práticas possíveis. E tem o potencial de acessar lugares da cidade onde museus, galerias e exposições de arte não estão presentes, levando arte para todos, independentemente da classe social, do gênero, da escolaridade e de outros aspectos”, exemplifica.
Para Bianca Martins, ao propor novos usos e ocupações do espaço, a pesquisa pode contribuir com gestores públicos da área cultural, no sentido de viabilizar a construção de cidades mais plurais, com apoio aos artistas que realizam intervenções artísticas visuais urbanas. “O trabalho também pôde potencializar processos de visibilidade de saberes populares e colocar esses temas no debate acadêmico. E demonstrou como a legislação traz obstáculos para a realização dessas intervenções. Leis mais flexíveis possibilitam um maior alcance da ocupação artística e cultural na cidade e uma menor disciplinarização da arte”.
Sobre a vencedora
Bianca iniciou sua trajetória acadêmica em 2009, graduando-se em Administração no Centro Universitário Teresa DÁvila (Unifatea), em Lorena (SP), período em que foi bolsista de iniciação tecnológica do CNPq. Em 2013, ingressou no mestrado em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, onde participou de quatro projetos de pesquisa. O doutorado em Planejamento Urbano e Regional foi realizado na Univap de São José dos Campos a partir de 2019. A vencedora do Prêmio CAPES de Tese já publicou 31 artigos, é professora desde 2015 e atualmente leciona na Unidade de Pós-Graduação, Extensão e Pesquisa do Centro Paula Souza, na capital paulista.
Hoje integrante do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo (USP), a pesquisadora foi bolsista da CAPES no mestrado e no doutorado. Também teve bolsa de monitoria da Fundação na Universidade Aberta do Brasil (UAB). “Sem as bolsas, não teria concluído as minhas formações. Com esses benefícios, também foi possível participar de congressos nacionais e internacionais. As bolsas são parte importante das políticas públicas em Ciência, Tecnologia e Inovação e são essenciais no progresso científico e tecnológico do país”, pontua.
Bianca considera o prêmio uma grande honra. “A premiação consagra a trajetória de uma pesquisa atravessada pela pandemia de COVID-19, moléstia que impôs desafios ímpares aos educadores, pesquisadores e cientistas ao redor do mundo. O Prêmio CAPES de Tese é um dos maiores reconhecimentos que um pesquisador pode receber no Brasil, e estou muito feliz em estar entre os 49 ganhadores.”
Prêmio CAPES de Tese
Considerado o Oscar da ciência brasileira, o Prêmio CAPES de Tese recebeu este ano a inscrição de 1.469 trabalhos, o maior número em 18 edições já realizadas. São reconhecidos os melhores trabalhos de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros. Dentre os 49 premiados, três irão receber o Grande Prêmio CAPES de Tese, um de Humanidades, outro de Ciências da Vida e um de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. A solenidade de entrega ocorre em dezembro.
Legenda das imagens:
Banner e imagem 1 : O trabalho descreve as narrativas por direito à cidade e à citadinidade, que são formas de ocupar e se relacionar com o espaço urbano (Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2 : Bianca Martins é vencedora do Prêmio CAPES de Tese na área de Planejamento Urbano e Regional/Demografia (Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 3 : Pesquisa analisa dinâmica cultural das intervenções artísticas urbanas (Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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