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Painéis do segundo dia discutem a questão da interdisciplinaridade nas educações básica e superior
Dando continuidade ao Encontro Acadêmico Internacional Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade no Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação, Ambiente e Saúde , iniciado no dia 27, os painéis 3 e 4, que aconteceram no segundo dia do evento, trataram dos temas "Inter e Transdiciplinaridade na Educação Superior (Graduação e Pós-graduação) e na Educação Básica" e "Experiências Inter e Transdisciplinares no Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação".
Alice Ribeiro Casimiro Lopes, professora da Faculdade de Educação da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ), ressaltou que a questão da interdisciplinaridade é antiga. "As disciplinas dependem uma da outra. Na verdade, somos tanto disciplinares quanto interdisciplinares, dependendo do contexto."
Com o tema "Inter e Transdisciplinaridade na Educação Básica: desafios para um novo modelo de escola pública no século XXI", Betânia Leite Ramalho, secretária de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte, levantou a questão sobre como integrar o projeto de educação da escola pública à formação e à prática docente. A secretária afirmou que é preciso universalizar a educação como política de larga escola (escola de massa) e que, para isso, são necessárias mudanças como a promoção de uma nova cultura ensino-aprendizagem, o rompimento com a lógica da transmissão da informação e a integração de saberes, valorizando o diálogo entre os campos disciplinares (inter-transdisciplinaridade).
Betânia Ramalho ressaltou que para reinventar a escola é necessário reinventar a formação e a prática docente. "É preciso que aconteça uma revisão das concepções docentes e suas práticas e o desenvolvimento de um novo 'agir' profissional, uma nova autoimagem sobre o que é ser um professor."
O professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eduardo Fleury Mortimer, finalizou o primeiro painel do dia apresentando modelos de educação nas educações básica e superior. Durante a palestra "Investigando práticas que favorecem a aprendizagem nas aulas de ciência da natureza", o principal ponto levantado pelo professor foi a importância de aprender a dialogar. Para representar a questão, apresentou características dos discursos de autoridade (com foco na ciência) e dialógico (aberto a diferentes pontos de vista). "É necessário que o professor, ao mesmo tempo que dê ao aluno a oportunidade de pensar e questionar, saiba controlar e dar forma às ideias apresentadas."
Painel 4
Durante o quarto painel da programação, Terezinha Nunes, professora de Psicologia da Educação no Departamento de Educação da Universidade de Oxford, na Inglaterra, apresentou a palestra "Uma visão da matemática para o ensino multidisciplinar", na qual disse que "o ensino de matemática não tem saída: tem que ser interdisciplinar." Isso porque o conceito de número se forma na criança de acordo com o conceito de quantidade, que está vinculado ao mundo. Margarete Axt, consultora ad hoc da Capes desde 1999, também participou deste painel com a apresentação "Inter/Transdisciplinaridade na Educação: experimentações em pesquisa-formação na relação universidade-escola".
A professora da Universidade Federal do ABC, Itana Stiubiener, apresentou a própria instituição onde atua, como experiência de universidade que nasceu embasada em um projeto de interdisciplinaridade. Na UFABC, os alunos se matriculam na universidade, não em cursos. Depois de três anos, pode optar por concluir um bacharelado ou licenciatura, um bacharelado em engenharia ou ingressar na pós-graduação. Além disso, é o próprio aluno que monta sua grade curricular, respeitando algumas matérias obrigatórias que passam por seis campos de pesquisa: Estrutura da Matéria; Energia; Processos de Transformação; Comunicação e Informação; Representação e Simulação (Matemática); e Humanidades e Ciências Sociais Aplicadas. "O projeto pedagógico é interessante, pois posterga o momento da escolha profissional, estimula a responsabilidade e combate a evasão. Neste modelo, o aluno é auto gestor, responsável pelo seu futuro."
Participaram como mediadores dos painéis a coordenadora da área de educação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Clarilza Prado de Sousa, e o diretor de Educação a Distância da Capes, João Carlos Teatini Clímaco, respectivamente.
Encontro
O encontro internacional segue até o dia 29 de novembro e tem como objetivo sistematizar o debate sobre aspectos teórico-conceituais que fundamentam a inter e a transdisciplinaridade como concepções de produção de conhecimento e de práticas. Além disso, promover a articulação da educação superior com a educação básica, por meio de estratégias pedagógicas que potencializem a apropriação do conhecimento científico e tecnológico.
O Encontro Acadêmico converge com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (nº 9394/96), que prevê a necessidade da organização do currículo superando a perspectiva de disciplinas estanques. Essa ideia se configura na discussão de interfaces, problemas e temas transversais como estratégia fundamental para a reflexão sobre a dinâmica histórica e a complexidade social, com destaque para as prioridades nacionais: educação, ambiente e saúde.
A
programação
inclui palestras, debates e painéis com a presença de pesquisadores de todo o país, Estados Unidos e Canadá.
Conheça o site do encontro.
Confira o que foi publicado sobre o assunto:
Encontro interdisciplinar reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros
Experiências de interdisciplinaridade no ensino são destaques em encontro internacional
Dificuldades na incorporação da interdisciplinaridade nas escolas foi tema abordado em palestra na Capes
(Natália Morato)